Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
(i)
O problema não é tanto a falta de
justiça, mas sim e principalmente, a confusão cínica que se faz dessa virtude
cardinal com todo e qualquer chilique politicamente correto.
(ii)
Maledicência das maledicências!
Não sou versado nas exotéricas ciências jurídicas, porém, algo que me parece
mais que óbvio é a confusão que se faz, de maneira propositada ou não, entre o
formalismo excessivo - que engessa e engabela o senso das proporções - com a
virtude cardinal da justiça e, inclusive, com as tais instituições
democráticas. Tão óbvio que a dita confusão esconde-se bem debaixo de nosso
nariz.
(iii)
Todo aquele que adora, de paixão,
ideias pedagogescas progressistas que prometem mundos e fundos em matéria de
educação, ideias essas que, por sua deixa, nunca apresentaram um único bom fruto
que seja, deveriam carpir um bom eito repleto de ervas daninha num terreno
pedregoso e acidentado qualquer.
É sério! E não estou de zoeira
não ao sugerir isso. Não mesmo. Digo porque gosto muito de fazer isso e, tal
prática, que ocupa algumas horas de minha semana, me leva a muitas meditações
sobre essa e outras temáticas inerentes a desventura humana.
A ignorância soberba, hoje, mais
do que nunca, vê-se protegida, estimulada e mimada por leis e instituições que
são inspiradas em ideias progressistas [politicamente corretas]; em concepções
pedagógicas equivocadíssimas. Tal ignorância, por sua deixa, é como um terreno
pedregoso, repleto de lixo e coberto de inço.
O terreno, como nossa mente, não
pode ser limpo e o solo não pode ser devidamente revolvido e preparado para o
plantio com bom mocismo, nem com o fomento dissimulado de trocadilhos
ideologizados, muito menos com aquele papo furado de educação crítica.
É preciso, sim, uma enfática
ação, pois o entulho e o mato, tal qual a ignorância, não irão voluntariamente
sair e dar lugar o bom fruto do saber.
Porém, como todos nós sabemos, o
ponto de partida, em matéria de educação na nossa triste nação é não desagradar
ninguém, mesmo que esse agradar a todos signifique manter cada um, ao seu modo,
perdido no meio dum matagal de auto-enganos e presunções mil.
Infelizmente, goste-se ou não,
toda essa lengalenga de educação crítica tem formado às pencas uma multidão de
militantes autômatos, inférteis como um terreno baldio que acolhe toda e
qualquer tranqueira, mas dificilmente é capaz de parir um indivíduo autônomo,
profícuo e zeloso como um terreno devida e soturnamente trabalhado.
Enfim, enquanto não nos
convencermos do fato ululante de que a ignorância, por definição, resiste e
afronta as investidas de todos aqueles que querem bani-la, a educação
continuará sendo praticamente uma impossibilidade fantasiada com toda aquela
pompa publicitária que só engana quem se recusa usar os olhos para ver a
realidade sem temer ou tremer.
(iv)
Percebe-se o quão bocó é esse
trololó de pensamento crítico quando se vê que os seus arautos demonstram uma,
como direi, significativa incapacidade pra diferenciar o que seria uma opinião
sobre algo duma informação sobre alguma coisa.
Pois é, a idolatria desse trem
ideologicamente fuçado chamado de educação crítica, por essas e muitas outras,
é um caminho mui seguro para se obter uma sólida proficiência em analfabetismo
funcional.
E não adianta fazer beicinho
porque os números aí estão. Não dá pra negar o óbvio ululante, mesmo que se
invistam mundos e fundos para negá-lo.
(*) Professor, cronista
e bebedor de café.