Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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NÃO ME VENHA COM FIRULA - em pdf

NÃO ME VENHA COM FIRULA

NÃO ME VENHA COM FIRULA

Escrevinhação n.º 756, redigida em 28 de abril de 2009, dia de São Luís Maria Grignion de Montfort, Terceira Semana da Páscoa.

Por Dartagnan da Silva Zanela

"Quando tiveres cumprido o teu dever, resta-te ainda outro: mostrares-te satisfeito". (Johann Goethe)

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Não há na face da terra uma lengalenga mais cansativa e perigosa do que todo esse colóquio flácido de change, de mudança. E sempre com esse trololó vem a tal da reivindicação de direito a isso ou direito àquilo. Para piorar toda essa esbórnia midiática massificante os seus proclamadores se referem a tudo isso como sendo um modelo de vivência cívica democrática, como sendo um exemplo a ser seguido e imitado por todos os cidadãos que eles julguem ser de bem.

Está certo, mas o que há de errado nisso tudo cara-pálida? Vejamos um detalhe muito simples: se todos estão reivindicando os seus ditos direitos, quem irá pagá-los? Se todos estão ciosos por conquistar novos direitos quem irá garanti-los? E mais! Se está reivindicando novos direitos, quem disse que você realmente é merecedor deles? São três perguntas muito simples, concordo. E é por essa razão que julgo ser imprescindível que elas sejam enunciadas e devidamente meditadas.

Vejamos primeiramente a última indagação por nós levantada. Todos nós, em um momento ou outro, nos sentimos ultrajados porque não tivemos um desejo nosso realizado. Pois bem, caberia aqui a perguntinha: e onde está escrito que eu deveria ter os meus desejos realizados se eu não tenho o mérito mínimo para merecer a realização deles? Mas não, já de antemão nós julgamos que o mundo está sendo injusto em não realizar aquilo que imaginamos ser nosso por direito e essa impostura, meus caros, é ensinada para as nossas crianças e adolescentes das mais variadas maneiras possíveis sem o uso de uma única palavra. Essa lição é ensinada apenas com o uso de gestos e atitudes bastante sutis.

Vejamos um exemplo interessante disso que estamos apontando. Imagine um aluno que está indo para uma escola pela primeira vez. Você imagina que chegando lá terá que aprender as lições que lhe são ministradas e se você não apresentar um rendimento mínimo, será devidamente punido por isso, pois não havia respeitado as regras apresentadas pelo contrato pedagógico firmado entre você e seu professor, correto? Não.

Na verdade, você chegou à escola e descobriu que você não tem a obrigação de dedicar-se aos estudos, e que o seu professor não tem apenas a obrigação de ensiná-lo. Esse também tem o dever de convencê-lo de que você deve aprender para o seu próprio bem sem poder puni-lo devidamente se você não cumprir minimamente o que deveria ser realizado por você porque ele além de estar incumbindo de ministrar as aulas, ele deverá se preocupar com o cumprimento de uma cota mínima de aprovações que, muitas das vezes, está muito acima do possível.

Trocando em miúdos, com estes gestos simples que se fazem presentes no currículo oculto de uma escola o aluno vai aprendendo que ele tem direito a algo que ele necessariamente, em muitos casos, não fez nenhum ou pouco esforço para merecer, não é mesmo? Aprende tão bem que na vida adulta passa a reger a sua vida por esse viés turvo.

De mais a mais, nem sempre nós podemos ter acesso a tudo o que desejamos. Aliás, nossos pais nos ensinam isso em tenra idade. Ensinam-nos que nem sempre podemos ter acesso ao que desejamos mesmo que mereçamos, pois devemos aprender a ser mais fortes que nossos impulsos e desejos. E isso, meus caros, não é bom?

A essa capacidade de autocontrole, no meu tempo (como diria meu pai) não era chamada de maturidade? Se a resposta é afirmativa, então também não seria correto afirmar que, a cada dia que passa cada vez mais a nossa sociedade adulta estaria se portando mais e mais similar a uma multidão infantilizada e estimulada sensualmente?

Doravante, ao mesmo tempo em que se estimula esse comportamento do cidadão moderno do “eu quero! Eu quero!”, se destrói, gradativamente, o senso de responsabilidade do indivíduo. Não é mais ele que é o responsável pela sua vida e pela conseqüência de suas escolhas, mas sim, a sociedade, o sistema, ou simplesmente “os outros”.

Não que essas forças não tenham influencia em nossas vidas, mas não são elas que irão determinar de maneira unilateral o que nós seremos. E mesmo que essas forças nos pressionem a seguirmos por esse o por aquele caminho, a escolha final, no frigir dos ovos, será nossa, não dos outros, nem da sociedade, pois todos nós estamos condenados a escolher, gostemos ou não disso. Não há exceção para essa regra.

Porém, de maneira insistente, nós ensinamos para os nossos jovens e repetimos para nós mesmos que a culpa nunca é nossa, é sempre deste ente impessoal chamado sistema e é aí justamente que mora o perigo. Se, de modo geral, a responsabilidade pelas minhas escolhas não é mais minha essa será atribuída a algo ou alguém que, por sua vez, será responsável por mim.

Lembramos aqui, aquela questão deveras simples: se abdico da minha responsabilidade, estou abrindo mão de minha liberdade e permitindo que eu seja coisificado e usado para os fins mais torpes sob a afirmação de que ele, o Estadossauro, irá garantir a minha cota de ópio do cidadão, ou seja, os meus direitos.

Quanto ao custo de tudo isso aí, seja o custo de ordem social, moral ou meramente econômico, pouco importa a essa altura do campeonato, visto que, se permitimos que a nossa vida chegasse a esse termo, nós não mais somos dignos de vivê-la já que entregamos nas mãos de outrem aquilo que a dignificava, que é minha responsabilidade autoral sobre ela.

Viver uma vida assim, não é viver, é rastejar como um verme que clama ao seu senhor um pouco de indulgência para com aquele que ele escravizou manipulando os nossos desejos e chamar a esse tipo de vida de cidadã é mais do que um insulto. É deprimente.

Por fim, em um dia, mais cedo ou mais tarde, imagino eu, seremos julgamos por Deus e pela História por tudo isso. Quanto ao Primeiro, confio em Sua misericórdia, mesmo sabendo que não sou merecedor dela. Quanta a segunda, não tenho a menor dúvida quando a sua severidade e, neste caso, quem viver, verá o julgamento de nosso tempo.

COMENTÁRIO BLÓGICO - IV

Entre seus pares, todo covarde se traveste de valentia. Todo elemento vulgar porta-se com uma impoluta pseudo-dignidade e todo mentiroso contumaz faz-se capaz de macaquear os mais elevados ares de franqueza. Todavia, basta que uma pessoa tenha a coragem de lhes perguntar aquilo que nem ele, nem seus pares, gostariam de ouvir: a verdade. Basta uma pequena centelha de Verdade para que eles revelem a sua verdadeira face, para que eles se mostrem como realmente são: mentirosos covardes que levam a vida de maneira vulgar e ponto final.

ENTREVISTA COM UM GIGANTE

O economista Milton Friedman fala sobre suas idéias. Esta entrevista foi ao ar em 7 de dezembro de 1975.

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Fonte: http://ordemlivre.com

PROGRAMA AVE MARIA, 23 de abril de 2009.

Programa apresentado por Dartagnan da Silva Zanela todas as quintas-feiras das 18h00 as 18h15 pelas ondas da rádio Iguaçu FM.

A VONTADE DE DEUS

Comentário proferido por Dartagnan da Silva Zanela no programa BOAS NOTÍCIAS
no dia 23 de abril de 2009.

O MISTÉRIO COBERTO PELO VÉU - em pdf

O MISTÉRIO COBERTO PELO VÉU

O MISTÉRIO COBERTO PELO VÉU

Escrevinhação n. 754, redigida em 21 de abril de 2009, dia de Santo Anselmo e Santo Apolônio, segunda semana da Páscoa.

Por Dartagnan da Silva Zanela

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“Por aqui passava um homem — e como o povo se ria!” Assim entoam-se as atiladas palavras presentes nos versos da magnífica poetisa Cecília Meireles em seu Romanceiro da Inconfidência. Riu-se do finado Joaquim José da Silva Xavier do mesmo modo que se ri e mesmo se enxovalha tudo aquilo que procure transparecer ares altivos de dignidade nestas terras de Pindorama. Não queremos aqui entoar loas em nome do alferes martirizado pela Coroa Portuguesa nem em nome do movimento da Inconfidência Mineira, fracassado e traído desde a casca, não mesmo. Na verdade, nosso intento é mais modesto. Desejamos apenas refletir sobre o significado simbólico deste evento histórico frente a nossa deprimente sociedade republicana hodierna. Nada mais, nada menos que isso.

Pois bem, quando voltamos nossas vistas para as almas brasileiras com suas vozes indignadas de nossa abjeta republica que, de RES PUBLICA, praticamente nada tem, vemos claramente a imagem dos personagens dos contos machadianos. Fingidos e dissimulados até a medula. Bem, lá estão eles reivindicando os direitos disso, os direitos daquele outro, a moralização disso e daquilo e por aí segue o andor. Todavia, no fundo, a grande causa do tormento destas almas sebosas não é esse, mas apenas que eles não estão no meio da lambança ofertada pelos fartos ubres da vaca Estatal.

Na verdade, esses grandes arautos da moralidade pública não estão furiosos com o lamaçal que toma conta de toda a nossa Federação. O que os deixa macedônia da vida é que nenhuma gota deste lamaçal respinga na alva roupa de cidadania fingida deles para que, ao menos, possam se lambuzar com alguns respingos do espetáculo do crescimento da safadeza. Similar aos membros da “Intentona Mineira” que, no fundo, queria tirar o seu da reta, desde o início, excetuado o mártir que tinha apenas seu nome e seu sonho na algibeira.

E mais, meu caro! Cabe lembrar que não estou aqui me referindo a nenhum grupo político em especial não. Quanto a estes senhores e senhoras, faço minhas as palavras de Humberto de Campos que afirma que, em nosso país, os políticos são tal qual a nossa fauna: não há gigantes. Por isso, prefiro me referir a nós, cidadãos anônimos, que nos permitimos ser representados por essas almas acanhadas em dignidade, não porque eles nos enganaram, mas sim, porque eles, infelizmente, partilham dos mesmos valores que dão forma ao corpo de nossa sociedade. Trocando em miúdos: eles são a nossa cara.

Tal qual as pessoas que viviam na época do intento Inconfidente que, para alentar as suas papalvas almas bastou que Dona Maria I que, nesta época, de louca não tinha nada, não decretou a Derrama, dando assim um pequeno e momentâneo alívio fiscal. De modo similar a nossa sociedade hodierna. Basta um benefício fiscal aqui, outro acolá, uma promessa aqui, outra ali, e ninguém mais se preocupa com qualquer outra questão.

Aliás, toda vez que os filhos desta terra de desterrados falam em política a única pauta que se faz presente em suas soturnas conversas são de ordem econômica e imediatista. Qualquer tentativa de discussão que fuja a esta seara é algo praticamente inabarcável para a capacidade intelectiva da massa (depre) cívica brasileira, como se a vida política se resumisse apenas nestas conversas de botequim.

Quando dos referimos as “conversas de botequim” não estamos nos referindo àqueles que não tiveram acesso ao ensino formal não. Estamos nos referindo justamente àqueles que tiveram acesso a dita educação de canudo e simplesmente ficam presos a uma espécie de fetiche de seus diplomas que, em si, não dizem muita coisa além da possibilidade de estarem habilitados para atuar profissionalmente em uma determinada seara.

Entretanto, no tange a responsabilidade de integrarem uma pequena minoria em nosso país, na maioria dos casos, é algo que fica bem distante de seus debates botequinlógicos, bem distante de seu próprio horizonte de consciência, similar a visão de muitos dos privilegiados dos idos do referido movimento que pretendia agitar as paragens de Minas Gerais nos últimos anos do século XVIII.

Por fim, o que quero dizer com esse trololó todo é o seguinte: se realmente desejamos ter uma República de fato, não apenas de nome, vivamos como se deve viver em uma República, não mais como vivemos ordinariamente em nosso país. Tenhamos em vista o senso de responsabilidade, de bem comum, que são os alicerces de uma CIVITAS.

Senso esse que, penso eu, o senhor Da Silva Xavier tinha de sobra e que, creio eu, foi condenado pela Coroa e por todos, justamente por representar isso um republicano no sentido que era auferido pelos romanos que, por coincidência ou não, celebravam a fundação da cidade de Roma também no dia 21 de abril (de 758 a.C).

E não me venham com essa de que nossa sociedade difere do comportamento de nossos representantes. Sejamos francos, é literalmente a cara de um e o focinho do outro. A única diferença é que uns estão entregues a lambança e outros sonhando em estar nela. Pessoas com alma aquilatada como a do Alferes condenado e celebrado como um “Cristo das Multidões” são raras e, via de regra, condenadas ao ostracismo pela massa ignara, diplomada ou não.

EDUCAR-SE

Comentário proferido no programa BOAS NOTÍCIAS no dia 09 de fevereiro de 2009.

DIA DE INCONFIDENTE


Por aqui passava um homem
— e como o povo se ria! —
que não passava de Alferes
de cavalaria!

[...]

Por aqui passava um homem
— e como o povo se ria! —
“Liberdade ainda que tarde”
nos prometia.

E cavalgava o machinho.
E a marcha era tão segura
que uns diziam: “Que coragem!”
E outros: “Que loucura!”

Mas ninguém mais se está rindo
pois talvez ainda aconteça
que ele por aqui não volte,
ou que volte sem cabeça...

(trecho do Romanceiro da Inconfidência de Cecília Meireles)

SOBRE AS GUERRAS NA ÁFRICA

Comentário proferido por Dartagnan da Silva Zanela no dia 23 de março de 2009 no programa BOAS NOTÍCIAS.

REFLEXÕES BLÓGICAS – III



Ontem, nesta terra de desterrados chamada Brasil foi celebrado (ou nem tanto) o dia do(s) Índio(s) e no correr da semana apareceram inúmeros comerciais (oficiais ou não) trazendo a imagem de pessoas que descendem de tribos indígenas. Algumas delas estavam trajadas a caráter, outras como qualquer pessoa desta terra brasilis. Todavia, diante deste simulacro festivo ouso levantar a pergunta que, ao menos em minha alma, não quer calar: o que significa exatamente ser índio? Isso mesmo. Trajar-me como um muçulmano não faz de mim um muçulmano, do mesmo modo de uma pessoa ser descendente de imigrantes italianos não faz dela um italiano, correto? Por isso pergunto: afinal, essencialmente (que é o que realmente interessa), o que significa ser membro de uma tribo indígena? O que é ser índio (Guarani, Xavante, Tupinambá, etc.)? Provavelmente, é muito mais do que comunicam as imagens superficiais produzidas pela nossa sociedade são capazes de expressar e muitíssimo mais do que nós, homens modernos (descendente e não descendentes), somos capazes de compreender.

Dartagnan da Silva Zanela,
em 20 de abril de 2009.

NOTAS SOBRE A VIDA INTERIOR

Comentário de Dartagnan da Silva Zanela proferido no programa BOAS NOTÍCIAS no dia 02 de março de 2009.

REFLEXÕES BLÓGICAS – II

Compreender o que é “nossa vontade” e diferenciá-la da vontade da sociedade e da carne e aprender a realizar a Vontade de Deus, é uma tarefa fundamental em nossa vida que, em regra, exige o esforço intelectual e moral de uma vida inteira. Tais considerações vão de encontro com o que nos ensina Thomas Merton em seu livro AMOR E VIDA, onde o mesmo nos diz que: “O homem maduro compreende que a vida afirma-se melhor não ao se adquirir coisas para si, mas ao doarem-se tempo, esforços, força, inteligência e amor a outros. Aqui começa a aparecer um tipo diferente de dialética entre vida e morte. Com o ‘fim’ de sua inclinação para a auto-satisfação e a sua reorientação em direção e para os outros, o impulso de vida, a satisfação vital transcende-se a si mesma. ‘Morre’ no que diz respeito ao ego, pois o eu é privado das satisfações imediatas que poderia reivindicar sem ser contestado. [...] Portanto, a vida ‘morre’ para si mesma no intuito de se dar e, assim, afirma-se com mais maturidade, mais fertilidade e mais plenitude. [...] Esse morrer é fruto da vida, prova de um viver maduro e produtivo. É, de fato, a finalidade ou a meta da vida”.

Dartagnan da Silva Zanela,
Em 17 de abril de 2008.

FREI BETTO E O ABORTO


Comentário proferido no programa BOAS NOTÍCIAS da rádio Cultura no dia 06 de abril de 2009.

REFLEXÕES BLÓGICAS


A verdadeira amizade não é mensurada pelas ocasiões, boas ou ruins, vivenciadas com a pessoa que chamamos de amigo, mas sim, pela perenidade dos laços que nos fazem reconhecer na janela de sua alma um olhar generoso e sincero, tal qual devem ser todos os gestos daqueles com quem partilhamos nossos tesouros pessoais e anseios celestes. Assim devem ser as relações humanas dignas de serem chamadas de amizade.

Dartagnan da Silva Zanela,
em 17 de abril de 2009.

É PRA ACABAR

O pior tipo de falsário é aquele que pretende enganar outrem enganando a si mesmo, pois o tolo investe duplamente contra a sua alma. Primeiramente seguindo uma ilusão edificada por ele mesmo na vã tentativa de “se dar bem”. Secundariamente, posando de maneira ridícula fingindo ser o que ele, em hipótese alguma, é.
Dartagnan da Silva Zanela,
em 16 de abril de 2009.

OURO DE TOLO DOUTO - em formato pdf

OURO DE TOLO DOUTO

OURO DE TOLO DOUTO

Escrevinhação n.º 753, redigida em 14 de abril de 2009, Oitava de Páscoa dia de Santa Liduína e São Benezet, o pequeno Bento.



Por Dartagnan da Silva Zanela


"Não há nada mais terrível do que uma ignorância ativa". (Johann Goethe)

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Em várias ocasiões o filósofo Olavo de Carvalho nos chamou a atenção, através de seus escritos e aulas, para o amor que as pessoas nutrem por determinadas palavras ou por certas frases que são enunciadas e repetidas até a exaustão pelos indivíduos. Tal afeto não advém do fato de que essas palavras traduzem de modo claro a realidade que se apresenta para as meninas dos olhos das pessoas, mas sim, porque simplesmente elas estão a enunciar essa ou aquela palavra faz com que se sintam como seres superiores aos demais, atribuindo-se a idéia de que elas são mais justas, mais boazinhas, mais politicamente-corretas que as demais.

É incrível! Para você convencer uma multidão apatetada basta que você faça um colóquio flácido todo enfeitado com algumas palavras que a multidão reconheça um determinado valor para que todos se sintam como se estivessem imbuídos de uma espécie de missão civilizacional onde o futuro da humanidade dependa da adesão integral deles a esse conjunto vazio enfeitado com essa ou aquela palavra sem valor, mas que os faz se sentir como sendo uma espécie de “super homem” no parvo sentido nietzscheano que é atribuído ao termo.

Querem um exemplo? Lá vai então: o tal de pensamento crítico, da criticidade, do olhar crítico. Essas, meus amigos, são palavras encantadas. Você está diante de um indivíduo que é portador de um diploma de qualquer coisa (a coisa, em si, não importa aqui neste caso), e este vem lhe falar sobre a importância de ser crítico em relação a tudo, porém, o que significa ser crítico para um elemento desta estirpe? Simplesmente nutrir o mesmo afeto em relação a determinadas palavras e firmar a mesma postura de desprezo pelas pessoas que pensam de maneira contrária ao do que esses pensam.

Se você repetir bem certinha as mesmas palavras e mimetizar os mesmos trejeitos poderá ser considerado uma pessoa “crítica” e, desde modo, sentir-se-á mais boazinha e mais justa que toda a sociedade junta, mesmo que, de fato, você não o seja nada disso.

No fundo o que essas pessoas desejam apenas é sentir-se melhorzinhas que as demais. No fundo o que toda pessoa que se afinca a engessar o seu pensamento através do uso ordinário de um vocabulário politicamente correto deseja é compensar algum tipo de complexo de inferioridade.
Tal fato se percebe pela forma pedante com que os baluartes do dito pensamento crítico querem impor a sua visão a todos como se esta fosse à única visão humanamente passível de ser aceita e fazem isso não através de uma depuração dialética paciente e sincera, mas sim, recorrendo ao expediente sórdido do enquadramento do debate através do “polido” uso de seu vocabulário politicamente correto pré-determinada por elas. Porém, quem determinou isso a elas?

Fazendo isso, o que temos não é a possibilidade de um debate, mas sim, a proibição sutil da apresentação de argumentos contrários ao que se está doutrinando de maneira descarada. Tal ardil é deveras rasteiro. Basta que se projete sobre todo argumento contrário às suas palavrinhas amadas uma pecha odiosa e tchan! Tchan! Tchan! As pessoas não vêem mais o significado do que você está comunicando meu amigo politicamente incorreto, mas apenas os sentimentos delas que são projetados sobre você.

Trocando em miúdos: você, por não falar as mesmas bobagens politicamente corretas, não é tão bonzinho como elas que vivem escondidas atrás de vocábulos ocos fingindo ser algo que nem elas mesmas sabem o que é.

Aliás, você já reparou que as pessoas que mais insistem em convencê-los de algo são, via de regra, as pessoas que menos se sentem seguras do que estão dizendo e, por essa razão, precisam que outras pessoas concordem com elas para que se sintam seguras? Aliás, você, por um acaso, já se viu nesta situação? Infelizmente é muito fácil cairmos nessa e nos auto-enganarmos.

E mais! É para isso que serve todo essa meleca meus caros! Para você sentir-se inseguro frente à realidade e sempre depender do que os outros vão dizer a respeito do que está se apresentando a você, chegando ao ponto de não mais confiarmos naquilo que estamos vendo se não existir alguém que nos diga (confirmando ou negando) o que estamos vendo para assim não sermos enganados pela nossa consciência individual.

De mais a mais, quem disse que o fato de muitas pessoas afirmarem a mesma coisa é sinônimo de veracidade? Quem disse que o consenso de muitos está mais capacitado para compreender a realidade do que a consciência individual lúcida e solitária?

Provavelmente os mesmos que há séculos vem gritando “crucifica-o”.

Pax et bonum
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O SANTO ROSÁRIO

Por Dartagnan da Silva Zanela,
Em 08 de janeiro de 2009.

Os dedos caminham,
Silenciosos,
De conta em conta
Sem contar
A infinita graça
Que aplaca o humano olhar
Do orante silencioso
Que
De conta em conta
Coloca-se a contemplar
Os mistérios recitados
Na simplicidade
Das contas
Do Santo Rosário.

E o coração...
Ah! E o coração...
No ritmo dos dedos
Que
Silenciosos
Seguem o caminho
Ditado pelo recitar dos lábios
Que se abrem suplicantes
Por estar com a alma arrebatada
Pela imagem contemplada
Do Verbo Encarnado
Alma que se entrega
Para o passo
Caloroso e misterioso
Que religiosamente
São contemplados
Na oração do
Santo Rosário.

PAI NOSSO EM ARAMAICO

O PUNHAL

Por Dartagnan da Silva Zanela,
em 14 de abril de 2009.

O tempo corre a seu modo,
Sem ninguém consultar.
Quieto,
Não importando o seu trote
Lá vai ele em seu galope,
Trovando o vento e a brisa
Sem pestanejar.

Neste trote apressado,
Segue o tempo a tropicar em seu passo,
Não se importando com as marcas
Que são deixadas na face amargada
Pela saudade já empoeirada
Pelo apressado passo
Do tempo que anda...
Sempre atrasado.

Saudade! Oh! Saudade!
Como dói seu passo,
Que aperta o pulsar flamejante...
Que habita...
Entre minhas costelas,
Fazendo-me sentir o tempo
Mais lento,
A queimar minha alma em seu vagar...
Como a um punhal atravessado
Cravado...
Entre a lembrança e a distância...
De meu bem querer.