Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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TODA ELA


UMA COISA É O ISOLAMENTO, OUTRA, bem diferente, é a solidão. Se chegarmos a entender isso – a diferença que há entre uma e outra – poderemos, quem sabe, começar a compreender o quão profunda e irremediável é a condição pateticamente trágica do homem moderno que se permite entregar ao vil desfrute sadomasoquista de se permitir ser devorado e dissolvido pelo apetite bestial de toda e qualquer multidão ululante e ideologicamente desorientada. Multidão essa que insiste, freneticamente, em nos dizer quem somos e, obviamente, em apontar o que deveríamos fazer para que os membros da patuleia engajada - que soberba e coletivamente imagina-se ser o caminho, a verdade e a vida - declare que somos pessoas lindinhas e boazinhas como eles; estúpidas e toscas como cada um deles. Essa, em resumo, é toda tragédia do homem contemporâneo. Toda ela. Sem nada pôr, sem nada tirar.

FIAT LUX



QUE O NOSSO CORAÇÃO TORNE-SE UMA manjedoura pra receber o menino Jesus; que ele esteja aberto para acolher a boa nova e que sejamos transfigurados por suas palavras. Que a luz que guiou os reis sábios até a gruta da natividade impere em nossa vida para dissipar, em nossa peregrinação por esse vale de lágrimas, as sombras do pecado. Enfim, que o Santo Natal, seja o motivo de nossa felicidade e a razão de nosso viver.

ABAIXO DO ANIMALESCO


  
NÃO SERIA CORRETO AFIRMAR QUE a grande mídia vem, a passos largos, erotizando os produtos da indústria cultural para dar a impressão de que as relações humanas deveriam ser pautadas unicamente pela efemeridade dos desejos.

Sim, ela promove isso, porém, o nome disso não é erotismo.

Aliás, o nome dessa tranqueira é bem outro.

O erotismo, por sua constituição, carrega um certo ar de civilidade e beleza que dignifica, ao seu modo, os gestos e desejos humanos. Ela, de certa forma, ajuda a educar os nossos sentimentos.

O que, na verdade, a grande mídia e seus demais tentáculos do globalismo estão fazendo de modo desavergonhado, sem o menor pudor moral e com nenhum pendor ético, é a redução de tudo e de todos à condição de reles expressões bestialmente pornográficas, com o intento de fazer com que as relações humanas sejam vistas, imaginas e, consequentemente, vividas num nível abaixo do animalesca.

E se continuarmos nesse passo, bem provavelmente, em breve estaremos ultrapassando todos os limites do hedonismo e do egoísmo.

Bem provavelmente estaremos, num curto prazo de tempo, praticando novas baixezas, novas sandices, caindo audaciosamente num nível tão vil e baixo que nenhum homem, em sã consciência e de época alguma, jamais imaginou que poderíamos um dia chegar.

Pois é. Cá estamos.


(*) Professor, caipira, escrevinhador e bebedor inveterado de café.

NADICA DE NADA




LULU SANTOS TWITTOU, NÃO FAZ MUITO, que a música brasileira, atualmente, estaria regredindo à fase anal.

Isso mesmo! Disse Lulu: “Caramba! É tanta bunda, polpa, bumbum granada e tabaca que a impressão que dá é que a MPB regrediu pra fase anal. Eu, hein?”

Pois é. O homem, devido a essa declaração, foi tão azucrinado que, no frigir dos ovos, retirou o que disse e deixou o dito pelo não dito. Em resumo, foi mais ou menos assim o entrevero.

Bem, mas Lulu errou. Ele errou.

Primeiro, em ter retirado o dito. Ora, suas lacônicas palavras literalmente captaram o espírito suíno que se encostou na alma nacional. Encosto esse que, pelo visto, veio pra ficar.

E ele errou, outra vez, ao dizer que estamos regredindo à uma fase anal. Não. Não estamos não. Na real, estamos avançando para tal, tamanha a massa fecal midiática que é despejada sobre todos nós diariamente.

Enfim, se você acha que nós, brasileiros, nos superamos nesse anus que se finda, aguarde para ver o que teremos para o anal que vem.

Quem viver, verá e, ao ver, ria, porque chorar e ranger os dentes não resolverá nada. Nadica de nada.


(*) Professor, caipira, escrevinhador e bebedor inveterado de café.

A NÃO TÃO DOCE SINECURA



A GRANDE INFELICIDADE DO TAL DO POVO é que todos aqueles que falam em seu nome – em nome dos frascos e comprimidos, que juram com os pés juntos que estão fazendo tudo, tudinho para liquidar com os seus problemas - dependem, para poder viver razoavelmente bem - muito bem, diga-se de passagem - da existência desses problemas que estão liquidando com o povo, esse ilustre desconhecido que é supra citado em todos os rincões de nosso triste país.

Resumindo a encrenca: os porta-vozes do povo continuarão, por muito tempo, falando em seu nome, sem nada resolver para, desse modo, garantir a sua doce sinecura.


(*) Professor, caipira, escrevinhador e bebedor inveterado de café.

DO VITIMISMO COMO FORMA DE (DES)EDUCAR



REZA O DITADO POPULAR QUE MARMELADA NA HORA da morte termina de matar. O dito é verdadeiro. Cristalino como água que verte da bica.

Como todo mundo sabe, toda vez que alguém, após uma longa série de abusos e desatinos vê, diante de seus olhos, a inevitável consequência de seus atos, se desespera e, malandramente, tenta contornar a situação para deixar o dito pelo não dito, fazendo-se de coitado pra remediar o que não tem remédio.

Resumindo: além desse tipo de artifício artificioso não engambelar ninguém, além desse tipo de malabarismo não colar e permitir que o safadinho se safe, ele termina de condená-lo a ter de colher os frutos pútridos de seus malfadados atos.

Quer dizer, assim o era no tempo do meu pai. No meu tempo também era assim. Porém, hoje em dia, não mais. Ela não mata mais ninguém não. Hoje a marmelada é geral e só não vê quem não quer.

O discernimento na sociedade atual, em especial daqueles que se consideram pessoas ilustradas e, por isso, progressistas, tornou-se obtuso às obviedades mais gritantes da vida e, assim o é, devido a escrupulosa seletividade ideológica de sua percepção de toda e qualquer realidade.

Exemplo disso são as infindáveis recuperações que devem ser ofertadas a um aluno, que supostamente é um estudante, que são justificadas por um populismo pedagogesco grosseiro, ineficaz e pretensamente justiceiro.

Não que uma pessoa não mereça receber uma segunda chance. Não é isso não. Deus me livre e guarde.

Aliás, uma coisa é a oferta duma segunda chance, de uma oportunidade; outra, bem distinta, é o que temos hoje em nosso sistema educacional estatal.

A forma como isso, a recuperação da recuperação da recuperação do que é imediatamente irrecuperável, é concebida pelos doutos em ensinação, e burocratas do ensinar, acaba eximindo totalmente o mancebo da responsabilidade por seus atos e, de quebra, não reconhece-o como um agente basilar do processo de aprendizagem, o que, por sua deixa, acaba pervertendo qualquer tentativa séria de educar alguém.

Só não vê isso, e não se importa com isso, quem não sabe o que significa educar e aqueles que almejam isso mesmo, que ninguém seja verdadeiramente educado por alguém.

Esse é ponto do conto. E o conto é todo esse mesmo.


(*) Professor, caipira, escrevinhador e bebedor inveterado de café.

DIGNO DESSE NOME






EM MUITOS CASOS, EM MUITÍSSIMOS MESMO, o que mais falta naqueles ditos cujos doutos em educação e, bem como, aos tais burocratas dessa seara, é um pouquinho, por mínimo que seja, de honestidade intelectual.

Explico-me: não raro, os primeiros obtém seus títulos, que lhes permite apresentar-se como doutos em matéria de ensinação, sem, de fato, ter educado alguém, nem mesmo uma única pessoa que ateste a eficácia de suas ideias.

Mesmo assim, falam, como falam, até pelos cotovelos, sobre o que não deve ser feito numa sala de aula e, fazem isso, com citações furibundas mil e, dizem tudo isso, sem ao menos saber como realmente é o dia a dia duma classe escolar.

Quanto aos segundos, esses ocupam geralmente uma sinecura qualquer, obtida muitas vezes através das bênçãos dum padrinho político, para fingir que ali estão para inovar as práticas que dão forma ao dia a dia duma sala de aula. Sala essa que, nem de longe, esses sujeitos querem enxergar. Quem o diga nela estar.

Porém, mesmo assim, essas alminhas creem sempre ter uma boa dica pra dar para aqueles que estão todo o santo dia no lugar que elas querem tanto manter distância.

Por fim, sim, há muitas coisas que devem ser melhoradas em nosso sistema educacional. Muitíssimas. Todavia, não sei porquê, algo me diz que não é essa galera, cheia de "não-me-toque", que irá apresentar para todos nós a pedra filosofal que irá transubstanciar os pútridos frutos dos filhos bastardos de Paulo Freire e de Emília Ferreiro em algo que seja digno de ser chamado pela alcunha de educação.


(*) Professor, caipira, escrevinhador e bebedor inveterado de café.

MIMADOS POLITICAMENTE ENGAJADOS




UMA COISA QUE OS DOUTOS em matéria de educação se esquecem é que a vida é composta por desafios e obstáculos e que, aprender a lidar com eles e, principalmente, a lidar com possíveis frustrações, é parte fundamental do processo de ensinação.

É desse jeito que amadurecemos ou, como dizem os antigos, que nos tornamos gente.

Mas como eles, os doutos diplomados, ignoram isso, e por estarem muito mais preocupados em fazer populismo em educação do que educar a população infante, o resultado continuará, por muito e muito tempo, a ser esse: a formação de cidadãos criticamente mimados, dependentes dos regalos estatais e essencialmente egocêntricos.

E é obvio que eles aprenderam também, e muitíssimo bem, disfarçar todas essas feiuras com uma e outra palavra de ordem politicamente correta e socialmente engajada.

Dissimulação essa que eles aprenderam na escola através do currículo não tão oculto que rege ela em seu (des)fazer pedagógico.

Enfim, no fundo, eles foram bons alunos. O problema é que eles aprenderam bem a lição errada, a lição que as potestades estatais queriam lhes ensinar.


(*) Professor, caipira, escrevinhador e bebedor inveterado de café.

SINTO MUITO... GAME OVER



Muitas vezes algumas pessoas se perguntam porque os infantes levam tão a sério um jogo, seja ele o futebol ou um videogame, mas não encaram com a mesma seriedade os seus estudos. Essa é uma pergunta tão justa quanto atual e que, por isso mesmo, merece ser meditada, mesmo que de maneira breve e caipira.

Tomemos, nessa escrevinhada, apenas o caso dos videogames e sejamos curtos e diretos: o que atrai a gurizada pra mergulhar de cabeça neles é que os ditos cujos são mortalmente sérios. Isso mesmo. Todo e qualquer jogo é mortalmente sério.

Explico-me: independente de qual seja o jogo, esses sempre tem regras muitíssimo claras, regras essas que se não forem devidamente respeitadas, implicarão em consequências capitais para o competidor.

Fez corpo mole, não prestou a devida atenção, não realizou as tarefas exigidas, sinto muito, mas não tem lesco-lesco. Vai perder. Vai reprovar.

Quando isso acontece, o piá fica dando peti, dizendo que foi injustiçado e blábláblá? Nada disso. Ele compreende, se conforma, reflete, pesquisa (procura alguns tutoriais sobre o game no youtube) e recomeça tudo de novo e de novo e de novo até conseguir zerar o jogo e, quem sabe, platinar o trambolho porque, nesses simulacros, que são os jogos, escreveu, não leu, o pau comeu. Ponto.

Agora, quando o assunto é o sistema de ensinação desorientado pelas potestades estatais, a figura é bem outra. Nele, as regras não são claras, logo, não há a menor relação entre os atos realizados pelo mancebo e as consequência que, necessariamente, devem advir deles.

Doravante e ao contrário das desorientações dos burocratas educacionais do Estadossauro, sejamos cristalinamente claros nesse ponto: se o infante não cumpre com as regras (que são dúbias e levianas); se ele faz corpo mole aqui, ali, acolá e em todo lugar; se ele não cumpre e mesmo desdenha as tarefas e atividades que lhe são propostas pelos mestres dessa ou daquela etapa do jogo da (de)formação escolar, não tem problema não meu filho! Não esquenta porque os burocratas do sistema educacional do Leviatã - que não sabem o que é educar e nem mesmo procuraram, com esmero, educar-se - não desejam que a gurizada se prepare para viver a vida de modo adulto e responsável.

Eles todos, juntos e misturados, querem ensinar-lhe que, para tudo que não der certo, basta se fazer de vítima, de coitadinho, de excluído e blábláblá, para poderem passar de fase, obter um diploma sem mérito para, com isso, tornarem-se mais um número positivo nas estatísticas ocas da deseducação estatal.

Detalhe importante: se os videogames fossem estruturados de modo similar ao sistema de (des)educação estatal, com toda certeza a criançada jamais iria se interessar por eles, por mais firulas que fossem colocadas neles.

E tem outra! Num cenário como esse, não importa muito se o professor for excelente, bom, medíocre ou ruim, porque onde a regra não estimula o aluno a vencer a si mesmo, a romper suas limitações e ampliar sua capacidade de ação e compreensão, pouco importa, pra não dizer que não é relevante, quem seja o mestre. Quando as regras não instilam o devido respeito a esse ele perde totalmente a sua razão de sê-lo. Literalmente ele se transubstancia dum professor num facilitador.

Enfim, não é à toa que o QI médio da sociedade brasileira é o único no mundo que, nas últimas décadas, vem caindo de maneira ininterrupta. Não é por menos que nossos estudantes ficam sempre na rabeira dos testes promovidos pelo PISA. E não é sem motivo que o futuro do Brasil é uma sombria incógnita e a esperança, nessas plagas, um redondíssimo zero à esquerda.

Resumindo o entrevero: os burocratas do sistema estatal de educação são especialistas numa arte que eles ignoram por completo e, não sei porque cargas d’água, insistem tanto em transformar sua ignorância e inépcia em tábua de salvação daquilo que eles aparentemente desprezam.

Graças a figurões como esses - não apenas a eles, mas também e principalmente – que os resultados obtidos em nosso país na seara da ensinação são ridículos pra lá de metro.

É urgente que entendamos que uma regra, quando clara e devidamente alinhada com sua finalidade, educa mais que mil palavras. Mas como elas não o são, o único resultado que continuaremos a ter é esse. Sinto muito. 

Game over.


(*) Professor, caipira, escrevinhador e bebedor de café.

NÃO É DISSO QUE O BRASIL PRECISA


(i)
O SER HUMANO NÃO É MAU por natureza, nem bom. Nada disso. No fundo, somos apenas indivíduos com anseios mesquinhos e com sonhos medíocres e, por isso mesmo, acabamos sendo facilmente influenciados por qualquer sujeito que esteja minimamente acima da reinante mendacidade das massas.

(ii)
O BRASIL NÃO CARECE de um grande plano de salvação nacional. O Brasil precisa, urgentemente, de pessoas humanamente qualificadas para fazer alguma coisa com suas próprias vidas que não seja, com o perdão da palavra, uma majestosa merda.

Em resumo, o nosso país continuará perdido e atrapalhado feito cachorro correndo atrás do seu próprio rabo se nós, individualmente, continuarmos a agir feito um pulguento que caiu do caminhão de mudança.


(*) Professor, caipira, escrevinhador e bebedor inveterado de café.

E NÃO ADIANTA REINAR NÃO



ALGO PODE SER TIDO COMO VERDADEIRO ou falso, bom ou ruim, justo ou injusto, não por causa da convicção ideológica que tenhamos sobre isso e aquilo, muito menos pela posição política que defendamos aqui e acolá, mas sim e fundamentalmente, apesar dessas coisinhas.

Toda vez que emitimos juízos sobre a realidade deste ou daquele fato, guiando-nos unicamente com esses tipos de tranqueiras, ideologias e seus carrapatos, invariavelmente acabamos caindo vergonhosamente do cavalo da razão com as ventas no chão.

Ou simplesmente caímos sem corar de vergonha, pois, como todo mundo sabe, em regra, a vergonha na cara se esgota e seca bem rapidinho quanto colocamos uma ideologia no lugar da inteligência e transformamos uma opção política mequetrefe numa tábua de (des)orientação moral.

Enfim, por definição, a realidade de qualquer coisa sempre foi, e sempre será, muitíssimo maior e mais complexa que o reducionismo de qualquer ideologia, inclusive e principalmente, a própria realidade desse tipo de trem fuçado, que é uma ideologia, que tantas pessoas tratam com afagos e pão de ló.


Por incrível que pareça, nenhuma ideologia cabe dentro de seus próprios esquemas reducionistas. Nenhuma. E não adiante reinar.

ABOLINDO O BOM SENSO


UMA INJUSTIÇA COMETIDA NÃO PODE SER reparada com a realização de outra injustiça. Uma infâmia perpetrada contra um inocente jamais será reparada com a realização duma outra ignomínia contra uma outra pessoa. Um mal sofrido amargamente jamais será extirpado praticando-se o mal indiscriminadamente.

Todavia e, infelizmente, esse nefasto ciclo vicioso impera no coração e na mente de muitos e é tido, por esses indivíduos, na conta duma atitude cidadã digna de respeito.


Enfim, não é à toa que estamos, a cada dia que passa, mais e mais semelhantes a um grande manicômio dirigido por lunáticos democrática e criticamente constituídos que, numa assembleia de inconscientes e inconsequentes, resolveram abolir de vez a razão e o bom senso.

(*) Professor, caipira, escrevinhador e bebedor inveterado de café.

COISAS DA NOSSA TRISTE NAÇÃO



TODA VEZ QUE, POR DESCUIDO, presto a indevida atenção aos produtos da cultura midiática e que me defronto com os assuntos que são celebrados pelo sistema educacional brasileiro atual, acabo tendo a clara impressão de que tanto o primeiro quanto o segundo são a expressão cristalina da lei de Thelema.

A realização do ‘faça tudo o que tu queres, pois essa é toda a lei’, passou a ser a nova palavra de ordem, onde toda e qualquer rabugice é entendida como uma espécie de direito pétreo e que, se não for devidamente atendida, tal desfeita acabará sendo vista como uma afronta contra toda a humanidade.

E é por isso que toda e qualquer insatisfação caprichosa passou, atualmente, a ser vista como uma bandeira política criticamente concebida, tornando o debate político mais cômico do que nunca. Na verdade, tragicômico.

Ora, uma sociedade que celebra tranqueiras desse naipe como sendo a pedra fundamental para edificação de sua vida cívica está condenada a total degradação.


E tem mais uma: afirmar isso não é rogar praga não. É apenas a constatação duma consequência inevitável, duma obviedade ululante que insistentemente nos recusamos a ver, como se, tal recusa, fosse melhorar em alguma coisa a nossa triste nação.

(*) Professor, caipira, escrevinhador e bebedor inveterado de café.

QUANDO A PROSA ACABA



QUANDO A CONFUSÃO É GRANDE DEMAIS, qualquer empreendimento para tentar identificar e responsabilizar o possível, ou suposto, culpado pelo deus-nos-acuda é algo praticamente infrutífero, na maioria dos casos.

Não porque o sistema seja corrupto, ou porque o Estado seja incompetente, ou porque a sociedade seja, em si mesma, má. Não se trata disso.

Em princípio, quem deve tem de pagar. Todavia, o “x” da questão é que todos aqueles que estão envolvidos num determinado furdunço tem lá sua cota de responsabilidade e, muitas vezes, a de um não é menor que a do outro e, por essas e outras que, dum modo geral, as cirandas acusatórias que giram em torno dessa ou daquela pendenga nossa de cada dia, apenas tendem a aumentar cada vez mais, chegando ao ponto do esgotamento de toda e qualquer possibilidade de entendimento e, consequentemente, duma solução minimamente razoável.

Enfim, seja como for, lembremos sempre que quando vizinhos, colegas e amigos não mais são capazes de conversar com franqueza, nós temos uma crise. Agora, quando desafetos, adversários e inimigos não mais são capazes de dialogar, o que temos é uma guerra de todos contra todos prestes a começar.

É isso. Quem viver, verá.

(*) professor, caipira, escrevinhador e bebedor de café.

DUM BAIXÍSSIMO GABARITO



DA MESMA FORMA QUE UMA decisão judicial está longe de ser um mandamento divino, os feitos e desatinos de movimentos supostamente sociais não são, nem aqui, nem acolá, uma espécie de imperativo categórico. E, justamente, por ignoramos isso, que o Brasil, cada vez mais, se parece com uma casa de tolerância de baixíssimo gabarito.


professor, caipira, escrevinhador e bebedor inveterado de café.

ATRAVÉS DO ZÓIO DE MINERVA




OU É ASSIM, OU É ASSADO



(1)
SE NÃO SOMOS CAPAZES DE silenciar para ouvir, não estamos aptos para dizer qualquer coisa que preste.

(2)
CONHECER É SIMILAR A COZINHAR. Se o produto de nosso labor intelectual é puro azedume e azia mental é porque, definitivamente, a matéria de nossas reflexões, e o proceder de nossa investigação, se houverem, será indigesta e não vai nos levar a lugar algum.

(3)
FILOSOFAR NÃO É - DE JEITO MANEIRA - o exercício duma profissão, a ocupação dum cargo público e, muito menos, a prática duma atividade de caráter escolar. Filosofar é o atendimento amoroso e abnegado ao chamado duma vocação superior.

(4)
LEMBRE-SE: UMA ALMA INQUIETA, tomada por paixões desordenadas, poderá apenas reagir aflitivamente diante dos desafios que são apresentados pela vida. Nunca como um adulto.

Dartagnan da Silva Zanela
professor, caipira, escrevinhador e bebedor de café.

NÃO ME VENHA COM LENGA-LENGA


SE NÃO SOMOS CAPAZES DE NOMINAR e descrever uma coisa simples, como os objetos que estão presentes em nosso quarto, não sejamos presunçosos ao ponto de imaginarmos que estamos mais que habilitados para nominar e descrever qualquer coisa que esteja minimamente acima dessa diminuta escala. Não sejamos presunçosos ao ponto de acreditar que temos algo minimamente relevante pra dizer sobre qualquer coisa.

Dartagnan da Silva Zanela
professor, caipira, escrevinhador e bebedor de café.

A LIBERDADE COBRA SEU PREÇO


ENTENDAMOS UMA COISA BEM SIMPLES: somente a verdade nos libertará. A ideologia não liberta ninguém; nem o partido, nem a política, nem o Estado, nem fulano ou sicrano. Nada disso. É somente ela, a verdade, e nada mais. Se não somos capazes de entender essa obviedade, com o perdão da palavra, não somos capazes de entender nada com um mínimo de decência. Nada.

Dartagnan da Silva Zanela
professor, caipira, escrevinhador e bebedor de café.

PARA ALÉM DE NOSSOS TEMORES



NÃO DEVEMOS PROCURAR ALGO QUE apenas nos dê uma sensação de segurança não. Isso é para almas fracas, para aqueles que temem a realidade e não suportam encarar a vida face a face.

Infelizmente, quando muitas pessoas dizem estar trilhando o caminho da filosofia, o que elas anseiam desesperadamente encontrar é algo que tão somente confirme a sua inconformidade consigo e com o mundo. Só isso. Jamais a sabedoria em seu esplendor porque ela, a sabedoria, não cabe no minimalismo de seu horizonte de consciência.

Enfim, de jeito maneira essas pobres almas procuram a verdade. Na real, elas fogem dela como o coisa ruim foge da santa cruz.

Pior! Muitas vezes nós mesmos acabamos resvalando por esse turvo viés. Basta que sejamos sinceros para conosco mesmo para constatarmos essa vergonha nada original em nossa caminhada por esse vale de lágrimas.


Agora, se estamos de fato à procura de algo que fortaleça a nossa personalidade, é a verdade que devemos procurar e, tal procura, necessariamente, irá nos fortalecer pelo simples fato de estarmos procurando algo que não seja limitado pelos nossos desejos e temores. Ponto.

Dartagnan da Silva Zanela,
professor, caipira, escrevinhador e bebedor inveterado de café.

COMO NUNCA SE VIU


A casa não caiu. Foi derrubada pelo mais frio dos monstros frios.
Friamente foi feito, à sombra da suja toga de tretas e malícias mil
Que vive amancebada com a mais suja das castas, ignóbil e vil
Rindo, cinicamente, enquanto o infante e o homem senil
Choram ao ver que o trabalho de suas vidas inteiras caiu
Rente ao chão, junto a esteira do trator que tudo destruiu.
O trator destruiu o que o trabalhador, com seu suor, construiu.
A esperança que luzia no olhar do infante lacrimou e sumiu
Quando a ganância e a vileza contra sua família investiu
Sem clemência, sem justiça, sem dó, como nunca se viu.

por Dartagnan da Silva Zanela,
07 de dezembro de 2017.

UM CADINHO MAIS DE TEMPO


Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

Queria ter mais tempo. Mais tempo para estar com aqueles que amo, que são a razão de meu existir. Queria tê-lo, fartamente, para poder ler e escrever mais e, quem sabe, melhor. Queira ter mais tempo para revolver a terra e cultivá-la, pra ver as sementes lançadas germinar e crescer. Queria. Como queria. Mas não o tenho. Entretanto, não me lamento por isso. Não mesmo. Faço o que posso com o cadinho que disponho em minhas mãos, aproveitando todo o tempo que tenho para fazer valê-lo. Para me fazer valer.

(*) Professor, caipira, escrevinhador e bebedor inveterado de café.

NOTAS E RABISCOS NADA LITERÁRIOS




Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(a)
OS ANSEIOS DA BRASILIDADE NÃO são compatíveis com a vontade que manifestamos para torná-los reais. Desejamos mundos e fundos, queremos que o Brasil seja a tal da mãe gentil, mas, praticamente ninguém, quer ser o filho que acolhe e defende com e por amor a mãe que está em apuros.

(b)
ANTES DE DISCUTIRMOS O FUTURO político de nosso triste país é imprescindível que conheçamos, desnudos de toda e qualquer paixão ideológica, os caminhos e descaminhos que foram trilhados até o presente momento, por todos os partidos e seus respectivos caiporas que os integram, para vermos o quão profunda é a conexão que há entre todos os biltres que instrumentalizaram, em nome dos mais variados fins, toda a pachorra Estatal e, consequentemente, acabaram por avacalhar com toda a sociedade brasileira. Ah! É claro. Não nos esqueçamos de fazer o mesmo com as decisões imprudentes que foram adotadas por todos os indivíduos, inclusive e principalmente, refletirmos sobre as decisões levianas que foram tomadas por nós.

(c)
NUNCA ESPEREMOS QUE OS OUTROS façam por nós aquilo que é nosso dever. Esperar que alguém assuma nossas responsabilidade é sacanagem. Agora, aguardar que o Estado tome conta de cada um de nós é uma imprudência sem tamanho, similar a entrega da proteção dum galinheiro a uma raposa.

(d)
ME OCORREU UMA DÚVIDA: os homossexuais tinham os seus direitos devidamente respeitados na Cuba de Fidel Castro? E na Coreia do Norte? E na China? E na antiga URSS os homossexuais tinham os seus direitos fundamentais devidamente respeitados?

Pois é. Por isso sempre achei, e continuo achando, um grave sintoma de esquisitice crítica quando testemunho um indivíduo defendendo os direitos dos homossexuais ao mesmo tempo em que advogava em favor dos regimes marxistas existentes nos referidos países, como se uma coisa fosse complementar à outra.

E não apenas isso. Defendem e anseiam apaixonadamente pela implantação duma tranqueira totalitária dessas em nossos tristes trópicos.

Enfim, seja como for, viver num país dominado pela batuta totalitária marxista não é bom para homossexuais, nem para heterossexuais; não é bom pra ninguém, nem mesmo para aqueles que aqui, no Brasil, defendem esse tipo de ideologia.

(e)
UMA COISA É LUTAR POR UMA bandeira política, outra, bem diferente, é devotar-se de corpo e alma a uma ideologia como se essa fosse uma espécie de seita capirótica que instiga os prosélitos a colocar os preceitos da dita cuja no lugar da verdade e acima das mais chãs obviedades.

(f)
SE APÓS OUVIRMOS ALGO SAÍMOS bradando aos quatro ventos o que fora escutado como se fôssemos profundos conhecedores do assunto, isso pode ser um claro sinal de que, além de sabermos muitíssimo pouco a respeito do babado, nós amamos ser instrumentalizados como massa de manobra.

(g)
SE A GRANDE MÍDIA DIZ que não é bom, se a intelectuária diz que é um retrocesso, se o beautiful people tem horror e se a militância canhoteira diz que não presta, pare e pense um pouco, porque, bem provavelmente, eles todos estão mentindo em alto e bom som e em uma só voz.


(*) Professor, caipira, escrevinhador e bebedor inveterado de café.

OLHARES PERDIDOS EM UMA SALA VAZIA




Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

Uma das coisas que mais me encanta em uma sala de aula, mesmo depois de duas décadas lavorando em suas cercanias, é a variedade de olhares que dão forma e brilho a paisagem desses ambientes, fechados para o mundo presente e imediatista e que, na medida de seus limites, possibilita a abertura das almas infantes para inúmeros outros mundos que se fazem luzir em seus olhares miúdos.

Vendo-os, fico a imaginar o que está se passando por aquelas cabecinhas que, caprichosas, ficam a fintar com seus olhinhos para a movimentação que toma conta, algumas vezes, dos corredores ou do pátio. Noutras vezes procuro, de modo quase que paterno, tentar ler os anseios, angustias e aflições que estão presentes nas profundas águas dessas alminhas e que se fazem refletir em seus cândidos zoínhos.

Dessa multidão de janelinhas da alma, naturalmente, há algumas que, à sua maneira, marcaram mais profundamente o meu espírito do que outros, devido à singularidade de sua expressão e da história que me foi revelada silenciosamente.

Sempre me encanta quando vejo os infantes concentrados realizando uma atividade proposta. As pálpebras baixam à meia luz acompanhada por uma leve inclinação da sua cabecinha, fervilhante de ideias e traquinagens, sobre o caderno como se ele estivesse campeando grilos no meio do capinzal ao cair da tarde. Sereno, ao seu modo. Desligado de tudo, para poder ligar-se totalmente com aquele momento que é só dele e de ninguém mais.

Nessas cenas também não temos como não nos admirar com a forma como a gurizada segura seu lápis que, em regra, tem sempre uma das extremidades toda marcada pelas suas dentadas.

Uns colocam toda a pressão possível sobre a escrita, outros fazem deslizar o grafite sobre a folha do caderno como se esse fosse um pincel a bailar em uma tela e, dum jeito ou de outro, o momento é sempre atendido pela boca entreaberta do pequenino que, com seu olhar, tudo acompanha pra que a tarefinha fique pra lá de bonita. Ou não.

Além desses olhares, temos outros mais. Temos aqueles olhinhos inquietos que, ao ouvirem a explicação inicial dum conteúdo novo, sentem-se perdidos e, ao mesmo tempo, curiosos diante de algo que até então não era do seu conhecimento.

Outras vezes, esse mesmo tipo de olhar, manifesta-se quando o infante recebe a sua avaliação e, aturdido, não compreende como ele pode ter errado aquelas questões e, por isso, não se conforma com a nota que conquistou.

Há também aqueles infantes que deixam à vista os seus introspectivos olhares onde, de modo mui discreto, somos capazes de ver os seus sonhos transbordando de sua imaginação e, noutras vezes, como eles mesmos dizem, somos capazes de ouvir suas divagações quando estão a pensar na vida. Na tal da vida.

Não menos frequente, temos os olhares perdidos, desorientados de tudo. Crianças que pouco sabem sobre si, ou que muito sabem e preferem esquecer. Crianças que muitas vezes miram para o futuro e, não veem nada além de um cenário vazio de pura desolação.

Sejam quais forem os olhinhos que compõem a paisagem duma sala de aula, eles sempre são acompanhados, ou seguidos, por um doce sorriso, ou por uma careta brincalhona, típica da inocência das almas que não sabem, e nem estão muito preocupadas, com o que o amanhã lhes reserva, mas que, mesmo assim, muito dele esperam.

Seja como for, não sei o que dizer quando vejo esses olhinhos, não sei dizer se o futuro a eles pertence ou não.

Enfim, espero apenas que todos esses pequenos possam chegar nesse tempo, no tal do futuro, e nele mergulhar sem cerimônia para poderem fazer dos dias que estão por vir a realização dum sonhado presente que, no passado, era apenas um suave brilho num olhar infantil.


(*) Professor, caipira, escrevinhador e bebedor inveterado de café.

GASTRIMARGIA E OUTROS BICHOS



Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
ESTAVA CÁ COM MEUS ALFARRÁBIOS a matutar: o que será que mulheres da envergadura intelectual duma Edith Stein, ou duma Simone Weil, diriam a respeito do feminismo contemporâneo, de um modo geral, e de figuras como Judith Butler, de modo particular. O que será? Não sei não, mas, algo me diz que o dito seria muito, muitíssimo interessante e que elas, as engajadas e empoderadas hodiernas, possivelmente, num primeiro momento, não iriam se sentir muito confortáveis com a possível preleção. Por isso, penso eu, que a leitura das obras dessas senhoras, necessariamente, deveriam ser lidas e levadas em consideração, obras essas que, por sua deixa, são sumamente ignoradas por essa época que, por meio de inúmeros organismos e entidades internacionais, não mede esforços para advogar em favor da tal ideologia de gênero, como se essa fosse uma espécie de verdade ocultada por milênios e que, agora, somente agora, foi revelada profeticamente pela soberba e iluminada filosofia contemporânea.

(ii)
NA PROCURA PELA ORIGINALIDADE, a filosofia, as humanidades, acabaram se perdendo do rumo que nos leva ao encontro com a verdade.

(iii)
PODEMOS RESUMIR MUITOS DOS entreveros intelectuais e morais que assolam os dias atuais com as lacônicas palavras de São Paulo, palavras essas onde o mesmo nos lembra que, sim, podemos tudo, mas nem tudo convém.

(iv)
Abstinência e moderação não matam. Nunca mataram. Já a gastrimargia, sim, pode matar-nos. E já matou muita gente.


(*) Professor, caipira, escrevinhador e bebedor inveterado de café.

O RISO É A MELHOR ARMA




Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
O SILÊNCIO QUE INVADE NOSSA ALMA numa noite solitária tem lá o seu charme, pouco importando qual seja a estação do ano em que nos encontramos com ele. E seu charme permanece a coroar-nos até o momento em que a silente soledade é quebrada, sem a menor cerimônia, por uma companhia – por uma má companhia – tão inesperada quanto indesejada, com sua luminosidade eletrônica manifesta através do brilho duma tela fria, sem vida, com seus inconvenientes sinais sonoros que tem o claro intento de nos inebriar com suas efêmeras ilusões digitais.

(ii)
QUANDO SE AFIRMA QUE O TRABALHO FILOSÓFICO de Judith Butler é um trem lindo de doer é porque se tem uma noção muito caipora do que seja o tal do filosofar, e do que seja a dita cuja da filosofia, ou porque se possui uma desconjuntada compreensão do que seja a tal da boniteza. Das duas, uma. Ou as duas.

(iii)
A GRANDEZA QUE PODERÁ COROAR o amanhã pode muito bem ser parida pelos erros de ontem. Tudo depende do que nós estamos fazendo com os ditos cujos no presente. Depende do que estamos fazendo com o nosso hoje.

(iv)
AQUELES QUE NÃO QUEREM SER conquistados pelo esplendor da verdade acabarão, cedo ou tarde, escravizados pelas sombras do erro e da farsa.


(*) Professor, caipira, escrevinhador e bebedor inveterado de café.

NÃO SOU BOM COM NOMES




Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

PROCURO ESFORÇAR-ME PARA SER UM HOMEM DE FÉ, temente a Deus, confessando a religião que herdei de meus pais, cônscio das limitações inerentes a mim e dos limites que constituem minha herança.

Sei que sou um ser restrito. Sei que que o acumulo de experiências humanas no intento de se reencontrar com Deus tem seus contornos. Sei também que o poder e o amor infinito do Divino não cabem, de jeito algum, em nossa limitadíssima capacidade de compreensão, como também não cabem dentro das fronteiras da criação; por isso, procuro não me esquecer que minha fé, e a religião que herdei, não abarcam a totalidade da realidade e, muito menos, que elas não podem tomar o lugar do fundamento último desta, que é Deus.

Por essas e outras que rio, rio muito e por misericórdia, da tigrada que diz, com a boca cheia de não sei o que, que apenas acredita nisso ou naquilo porque seja suposta e cientificamente provado, ou comprovado, ou demonstrado, ou que tenha remotas evidências de o sê-lo.

Essas pobres almas ignoram que, gostem ou não, a ciência, enquanto via de conhecimento, e principalmente enquanto um reles símbolo de auto afirmação pueril, é tão limitada, se não mais restrita, que qualquer religião ou doutrina sapiencial. Mais limitada, inclusive e principalmente, que a religião Cristã.

Também ignoram, ou não o sabem, ou fingem não saber, que eles também são criaturinhas limitadas e, possivelmente, assim procedem, devido a soberba em que elas encontram-se embebidas que não lhes permite enxergar essa obviedade ululante: que elas são limitadas tanto quanto, senão mais, em alguns casos, que uma pessoa que se ajoelha em sinal de humildade perante o Criador da criação.

Aliás, tão limitadas quando o tongo que escrevinhou essas linhas e, talvez, essa última observação, seja justamente a que lhes cause mais desconforto e indignação.


(*) Professor, caipira, cronista e bebedor inveterado de café.

ATÉ A ÚLTIMA GOTA


Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
VOU TE DIZER UMA COISA: amor não é uma cocegazinha que dá na barriga, nem um friozinho que sobe pela espinha. O nome disso é queredeira. Não amor.

Amor é a disposição graciosa de sacrificar-se abnegadamente pelo bem amado. Confundir isso com excitação é perversão mundana.

E te digo mais uma: por essas e outras que o amar é tão mal compreendido hoje em dia. Ele foi mutilado pela mentalidade hedonista moderna que doentiamente imagina que o saciar de todos os nossos desejos e apetites seja algo equivalente ao sublime dom.

Enfim, resumindo o entrevero: o sexo faz parte do amor, porém está muitíssimo longe de poder sê-lo em sua totalidade.

Se bobear, até os cães sabem disso, menos a humanidade do terceiro milênio.

(ii)
UMA COISA É AMAR ALGO E, COM humildade e dedicação, procurar reforma-lo na medida de nossas limitações e nos limites da coisa amada, para não acabar deformando-a. Outra, bem diferente, é ansiar por reduzir a coisa amada a imagem e semelhança de nossa mesquinhez e, não conseguindo fazê-lo, revoltar-se contra ela, afastando-se dela e criando uma caricatura daquilo que o soberbo aspirante a amador não conseguiu reduzir ao tamanho de sua incapacidade de amar.

(iii)
O QUE ESPERAR DO ANO QUE ESTÁ POR VIR? Que ele chegue com modéstia e parta com discrição e, se possível for, sem criar muita confusão.

(iv)
SABER COMO LER PESSOAS É ALGO tão importante quanto ser capaz de interpretar uma linha escrita. Ler um olhar é tão imprescindível no mundo atual quanto saber analisar uma imagem.

(v)
COM TODO RESPEITO, MAS FASCISTA é o fiote da sua progenitora e o fiofó do seu genitor. Ponto.


(*) Professor, caipira, cronista e bebedor de café.