Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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DO VITIMISMO COMO FORMA DE (DES)EDUCAR



REZA O DITADO POPULAR QUE MARMELADA NA HORA da morte termina de matar. O dito é verdadeiro. Cristalino como água que verte da bica.

Como todo mundo sabe, toda vez que alguém, após uma longa série de abusos e desatinos vê, diante de seus olhos, a inevitável consequência de seus atos, se desespera e, malandramente, tenta contornar a situação para deixar o dito pelo não dito, fazendo-se de coitado pra remediar o que não tem remédio.

Resumindo: além desse tipo de artifício artificioso não engambelar ninguém, além desse tipo de malabarismo não colar e permitir que o safadinho se safe, ele termina de condená-lo a ter de colher os frutos pútridos de seus malfadados atos.

Quer dizer, assim o era no tempo do meu pai. No meu tempo também era assim. Porém, hoje em dia, não mais. Ela não mata mais ninguém não. Hoje a marmelada é geral e só não vê quem não quer.

O discernimento na sociedade atual, em especial daqueles que se consideram pessoas ilustradas e, por isso, progressistas, tornou-se obtuso às obviedades mais gritantes da vida e, assim o é, devido a escrupulosa seletividade ideológica de sua percepção de toda e qualquer realidade.

Exemplo disso são as infindáveis recuperações que devem ser ofertadas a um aluno, que supostamente é um estudante, que são justificadas por um populismo pedagogesco grosseiro, ineficaz e pretensamente justiceiro.

Não que uma pessoa não mereça receber uma segunda chance. Não é isso não. Deus me livre e guarde.

Aliás, uma coisa é a oferta duma segunda chance, de uma oportunidade; outra, bem distinta, é o que temos hoje em nosso sistema educacional estatal.

A forma como isso, a recuperação da recuperação da recuperação do que é imediatamente irrecuperável, é concebida pelos doutos em ensinação, e burocratas do ensinar, acaba eximindo totalmente o mancebo da responsabilidade por seus atos e, de quebra, não reconhece-o como um agente basilar do processo de aprendizagem, o que, por sua deixa, acaba pervertendo qualquer tentativa séria de educar alguém.

Só não vê isso, e não se importa com isso, quem não sabe o que significa educar e aqueles que almejam isso mesmo, que ninguém seja verdadeiramente educado por alguém.

Esse é ponto do conto. E o conto é todo esse mesmo.


(*) Professor, caipira, escrevinhador e bebedor inveterado de café.

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