Redigido em 24 de junho de 2013, dia de São João Batista.
Por Dartagnan da Silva Zanela
O assunto em pauta são as manifestações que estão tomando conta do país. O que podemos dizer a respeito? Primeiro: Não creio em manifestações espontâneas. Não digo que as pessoas que ocupam as ruas de norte a sul do país não estejam imbuídas de boa-vontade. Não mesmo. Afirmo sim, o óbvio ululante: que há um plano subjacente a essas manifestações onde uma multidão amorfa e insatisfeita aderiu em nome de suas frustrações frente ao governo e que estão sendo instrumentalizadas num plano de contingência.
Por isso é de fundamental importância que identifiquemos o sujeito agente que, por sua deixa, não é a multidão. Esta é apenas a ferramenta nas mãos daqueles que tem um plano de ação para atingir uma determinada finalidade. Em vista disto, já de cara vemos que a ONG que iniciou o levante é financiada por uma ONG de George Soros (o estadista sem Estado) e é toda formada por militantes marxistas roxos (digo, vermelhos).
Então, porque que nas manifestações está-se evitando a identificação político-partidária? As razões podem ser muitas e todas, uma mais tola que a outra. Tolas porque quando uma manifestação não é claramente politizada os louros desta vão para a única facção organizada, com militância e que, no caso, tem o relativo controle do cenário. De mais a mais, as bandeiras estão ausentes, porém, todas as palavras de ordem são tipicamente de esquerda e bem como as reivindicações clamadas (uma maior intervenção e controle do Estado-Partido sobre a sociedade). Pois é, quem não sabe o que grita, pede o que não entende.
Mas por que a esquerda atacaria o governo? As hipóteses são muitas e nenhuma delas gentil. Como o espaço é breve, nos atenhamos a uma. Em vista da grande insatisfação da sociedade em relação aos novelescos escândalos de corrupção, o descaso descarado com inúmeros serviços básicos e tendo diante de nossas vistas o anúncio de uma crise econômica, vê-se a formação do que René Girard chama de crise sacrifical (caos social) gerado pela não contenção dos mimetismos frustrados (insatisfação generalizada). Quanto isso ocorre, há-se a necessidade de espiar a culpa coletiva em um bode-expiatório (vítima culpável, detestada, unanimemente) para que a sociedade volte a ter confiança em si mesma.
Neste caso, o mito dos petralhas como o partido da ética caiu a muito por terra e, por isso, está-se tentando refunda-lo numa volta às suas raízes. Isso, naturalmente, é uma patacoada. O PT dos últimos 10 anos é o mesmo PT de antanho, com os mesmos objetivos de sempre. O que muda, de acordo com as circunstâncias, são as estratégias utilizadas para obter e, neste caso, perpetuar-se no poder. Deste modo, refundar o partido significa tão somente uma mudança de estratégia para continuar rumo ao mesmo objetivo: o socialismo (ou democracia plena, como eles gostam de chamar). Muda-se o prumo, mas não o rumo.
Neste sentido, sacrificar (derrubar) a presidente Dilma seria um ardil diabólico, sei disso, mas daria as massas à sensação de que a corrupção Lulo-petista teria terminado e que o PT voltaria a ser o “velho partido”, conseguindo assim a consolidação destes no poder ao mesmo tempo em que se limpam em sua própria sujeira.
Quanto a direita, essa é inerme. Pode até estar junto às multidões (gritando as palavras de ordem da esquerda), mas, qual é a liderança da destra capaz de capitalizar politicamente essa situação? Aliás, há algum partido conservador, de fato? E se tal partido existisse, ele, por um acaso, teria uma militância similar a dos partidos de esquerda que estão à sombra do PT? Isso sem falar que eles, e apenas eles (a esquerda), têm planos de B à Z para agir (o A está em curso). Fora desta linha o que se tem em vista são grupos fisiológicos que objetivam apenas verbas, cargos e uma reles e fugidia vitória eleitoral. Resumindo: independente de qual seja o curso dos fatos, uma coisa é certa: o jogo acabou. E nem se apoquente porque o pior ainda está por vir.
Pax et bonum
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