(1)
Quando
criança, minhas professoras, que naqueles idos eram chamadas de “tias”, nunca
nos falaram nenhuma palavra que fosse sobre essa tal de ética. Nem mesmo meus
pais e familiares. Ninguém.
O
que os adultos daqueles idos distantes sempre nos falavam, por meio de palavras
e atos, era a respeito do que simplesmente seria certo e errado e ponto final.
Nós,
os infantes, entendíamos o recado e procurávamos nos esforçar para fazer o
correto e evitar o tortuoso sem muita discussão. Na verdade, sem nenhuma.
O
tempo passou e, hoje em dia os educadores, as autoridades, a mídia e até mesmo
as famílias falam o tempo todo na tal da ética, da tolerância, do
multiculturalismo e tutti quanti, tornando tudo dissimulado e duvidoso.
Enfim,
a sociedade atual abdicou do reinado da simplicidade do ensino moral para aferrar-se
no império canhoto da dita educação crítica com sua ética cafajeste que tudo
confunde ao invés de educar.
(2)
Tá
cheio de gente mui crítica, daquele naipe que ama torrar as paciências de tudo
e de todos com suas bem decoradas sandices politicamente corretas, que repetem
ad infinitum, feito bons papagaios de pirata que são.
Uma
das coisas que eles mais amam fazer, dentre tantos trelelês, é falar pelos
cotovelos sobre os perigos obscenos que as redes sociais oferecem para as almas
desavisadas que gastam parte de seu tempo circulando por esses mares hoje tão
navegados.
É
obvio que existe muita topeirice nesses ambientes; aliás, existem tonterias em
qualquer lugar, seja ele virtual ou analógico.
Se
fôssemos sinceros conosco mesmo - coisa que as alminhas críticas não sabem ser
de jeito algum - reconheceríamos que todos nós temos lá a nossa dose de
disparate e que, de vez enquanto, cometemos a indelicadeza de exibir para os
outros.
Falem
o que bem entenderem sobre o assunto. De minha parte o dito cujo do facebook é
similar a uma grande praça, uma ágora digital onde amigos e desconhecidos se
encontram, se conhecem, dão seu grito e, em alguns casos, planejam atos que vão
para além dessa teia de encontros e desacertos.
De
mais a mais, bem possivelmente, se vivos fossem, Nietzsche, Pascal, Lavelle e
companhia limitada, publicariam muitas de suas linhas e páginas no twitter e no
dito cujo do face.
Se
vivo fosse, o filósofo grego Sócrates além de dar suas longas caminhadas pela
ágora ateniense, bem provavelmente daria algumas circuladas pelas redes sociais
para fazer o que ele tão bem fazia.
Enfim,
é isso. Quanto aos chatos politicamente corretos, que continuem fazer o que tão
impertinentemente fazem: destilar sua soberba estupidez para não enxergarem a
sua fátua e abundante vileza intelectual.
(3)
Até
pouco tempo ensinava-se que todos deveríamos reconhecer nossos medos e lutar
contra eles. Embrenhar-se nessa empreitada de peito aberto era tido como o
caminho certo para a vida adulta.
Medo,
todos temos. Não há meios de evitar. Cair diante deles, levantar-se e voltar a
pelejar para dominá-los, é uma necessidade imprescindível, pois, nessa peleja
tão íntima quanto solitária é que se define quem somos.
Hoje,
infelizmente, essa velha lição não é mais levada em consideração. Não é por
menos que cada vez mais as pessoas ao invés de lutar contra seus temores mais
íntimos, os ostentam orgulhosamente e, por assim procedermos, tornamo-nos
pessoas de geleia de uma sociedade de papelão.
(4)
Liberdade
de expressão numa sociedade democrática é mais ou menos assim: você tem tanto
direito de serenamente soltar uma flatulência quanto os outros têm o direito de
respirar numa atmosfera inodora.
(*) professor e cronista
e-mail: dartagnanzanela@gmail.com
fanpage: http://facebook.com/dartagnanzanela
Excelente texto, visão realista colocada de forma inteligente e crítica."ética cafajeste que tudo confunde ao invés de educar" é exatamente isso.Parece que esse foi o legado da esquerda Granscista,
ResponderExcluirum verdadeiro Estado psicopata.