Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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SOB O SOL DA FRIVOLIDADE


Escrevinhação n. 958, Redigida em 29 de julho de 2012, dia de Santa Marta.

Por Dartagnan da Silva Zanela


E foi dada a largada para mais um ano eleitoreiro nestas terras de Pindorama e, como diria Júlio César às margens do Rubicão, alea jacta est. A sorte está lançada. Entretanto, em que consiste o fadário da nação brasileira num ano como este? Na verdade, não é difícil responder esta pergunta, não mesmo. É apenas desgostoso fiar palavras sobre a realidade que se apresenta diante de nossas vistas.

Todavia, como certa feita D. Rodrigo de Souza Coutinho, Conde de Linhares, havia declarado, “chorar em lugar de obrar quando o perigo é manifesto, é sinal de imbecilidade”. E é aí que reside a amargura de meu tinteiro, neste misto de desfibramento moral e estultice que impera hegemonicamente sobre a sociedade brasileira que faz da imbecilidade coletiva o grande ideário nacional.

Para infelicidade geral da nação nós não somos um povo. Somos apenas uma multitude amorfa, fundada em valores vis. Somos a sociedade que adota como epígrafe a sentença lúgubre da lei de Gerson e, literalmente, imaginamos que o natural no ser humano é tão só e simplesmente querer “se dar bem” a qualquer custo. Em vista disso, julga-se que a arte dos conchavos e acordos sombrios sejam os elementos fundadores da arte política. Sim, isso é verdade com relação à politicalha ignóbil infra-humana, mas não de uma nação. Uma nação não se constrói através de conchavos, como nos ensina Viana Filho e esta é uma das razões que explica-nos o porquê não somos um povo. 

Não temos em nosso meio a noção mais elementar do que seja bem comum e interesse coletivo. No lugar disso, do bem público, há apenas um vaga noção dum espaço amorfo onde todos ventilam a possibilidade de tirar alguma vantagem pessoal ou grupal. Palavras como espírito de sacrifício, cumprimento do dever, civilidade e honradez, são ilustres ausentes em nosso vocabulário (depre)cívico.

Não ousaria, nesta breve missiva, dizer quais são os deveres de cada um para com essa desafortunada república, porém, ouso lembrar que, de fato, nenhum de nós está preocupado com isso. Somos exímios apontadores da irresponsabilidade alheia, principalmente se o apontado for alguém menos afortunado que nós. Também acusamos virilmente aqueles que são mais aquilatados socialmente, desde que, estejamos distantes de suas vistas num medíocre círculo de pares pusilânimes. Nossa coragem cívica mal e parcamente ousa ultrapassar as raias do silêncio de nossa imaturidade moral. 

Por fim, como a muito nos ensina Rui Barbosa, em suas Campanhas Presidenciais “o futuro está ligado ao passado pelo nobre cativeiro do dever”. Mas quem realmente quer abraçar o seu fardo, o seu dividendo para com a república? Quem é capaz de fazer sua vista ultrapassar as íngremes alturas que cercam o seu universo umbilical? Como falar em maturidade política onde os desejos miúdos são fonte de reivindicação de direitos? Como?

Isso mesmo! Não há o que dizer.

Pax et bonum
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