Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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O EVANGELHO SEGUNDO NERO

Escrevinhação n. 989, redigida em 27 de janeiro de 2013, dia de Santa Ângela de Mérici e do Beato Jorge Matulaitis.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Que atire a primeira pedra quem não tem nenhum pecado (João VIII; 7). Todos conhecem essas palavras. Muitos a utilizam para defender-se. Aliás, esta passagem é uma das mais profundas (VIII; 1-12) dos quatro Evangelhos. Santo Agostinho, em seus comentários ao Evangelho do discípulo amado, nos lembra que o gesto do Cristo escrever na terra simboliza uma nova afirmação da lei de Deus. Quando Iahweh entregou os mandamentos a Moisés, o fez em pedra, devido à dureza do coração humano. Porém, agora, o Filho do Homem esperava frutos. Frutos vivificados pela Letra da lei.

E não para aí não. Após todos os presentes na ocasião retirarem-se, reflexivos, Nosso Senhor aproxima-se da mulher adultera e pergunta-lhe: “Ninguém te condenou?” Ela responde: “Ninguém Senhor”. E o Filho de Davi conclui: “Pois nem eu te condeno. Vai e de agora em diante não tornes a pecar”. E não tornes a pecar.

Ora, tomando o conjunto da cena, temos três pontos importantes: o orgulho, o exame de consciência e a conversão. O orgulho de todos os presentes na cena (inclusive da mulher), pecadores irascíveis como eu e você. O exame de consciência, ao qual resistimos em fazer e que, sua ausência, impossibilita nossa conversão e a necessária obediência ao Decálogo. A mulher pecou, mas reconhecia a autoridade da Lei. Os acusadores também, todavia, esforçavam-se em seguir a piedade da Lei e, em razão disto, o Cristo pode tocar o coração da multidão e da acusada. Por isso, confesso, minhas mãos imundas tremem quando leio essa passagem do Evangelho.

Em vista disso, lembrar a todos que somos pecadores não é ofensa.  De minha parte, envergonho-me desta minha condição ontológica que faz de meu coração um campo de batalha, contando sempre com a misericórdia de Deus e com a paciência de meus irmãos. Não com a leniência.

Todavia, atualmente, ai daquele que ouse lembrar a necessidade da fidelidade à Lei Mosaica. Este receberá o tratamento que foi dado por Herodes ao profeta São João Batista por vivermos em uma sociedade que escarnece da fé, onde a religião é vista como um reles adorno pessoal.

Resumindo a opereta, hoje, não somos apenas pecadores, somos orgulhosos de nossos pecados e, em muitos casos, exigimos que todos o reconheçam como algo bom e louvável. Não é à toa que a reflexão à luz da Lei de Deus tornou-se praticamente obscena e o convite à conversão um vexame.

Exemplos disso abundam. Um, significativo, ocorreu em Curitiba em 14 de janeiro deste ano. Um grupo de Católicos Tradicionalistas (IPCO) fazia um ato público, pacífico, contra o aborto e o casamento gay. Entregavam panfletos, cantavam hinos sacros e tocavam gaitas de fole. De repente, um grupo de manifestantes chegou e os insultaram, provocaram e os agrediram (assista aos vídeos no youtube). Outra, na Parada Gay de 2012, onde um militante fantasiou-se de Papa (Bento 24, segundo ele) e segurava uma camisinha como se fosse o Santíssimo Sacramento.  E tudo isso, toda essa fúria e escárnio, em nome do reinante Evangelho segundo Nero.

Estes, e muitos outros, não querem ser lembrados de seus pecados porque os amam. Não querem ouvir nenhuma menção à Lei de Deus, porque fazer o que quer sem culpa, para eles, é toda a lei e, por isso mesmo, tudo o que os contraria, deve ser calado, inclusive e principalmente, a Palavra de Deus.

Pax et bonum
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