Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
(1)
Não devemos medir nossos atos e
intenções pela régua dos momentos fugidios de nossa vida, nem pela trena da
história.
Ambas, a história e o
imediatismo, cada qual com sua medida, são trenas passageiras e nos amesquinham
na mesma medida em que valoramos indevidamente o que elas mensuram.
Devemos, sim, na medida de nossas
fraquezas, avaliar a nossa vida à luz da imortalidade de nossa alma para que
ela seja devidamente guiada por Aquele cuja palavra não passa e jamais passará.
(2)
Quem muito estima a aquisição de
bens terrenos sem ordenar esse esforço a partir da hierarquia das virtudes que
nos são infundidas pelas luzes celestes, acaba mutilando o real valor da alma
humana.
(3)
Não há amor onde a Verdade não
encontra abrigo. Onde a Verdade é relativizada para não ofender aqueles que
desdenham sua majestade, o que passa a imperar é a iníqua alegria da injustiça
toda travestida de bom-mocismo para melhor ludibriar os olhares desatentos e as
almas desarmadas.
(4)
As vaidades, todas elas, nos
levam a vivermos agrilhoados em masmorras de volubilidade. As virtudes, sem
exceção, nos tornam constantes em nossas ações e intenções, mesmo que nossa
vaidade nos impeça de ver essa obviedade ululante.
(5)
A parcialidade de nossa
capacidade cognitiva é mensurável pelo tamanho do nosso amor à procura pela
Verdade. Quanto menor ele for, mais parcial ela é devido a soberba e vaidade
que imperam em nosso coração. Quanto maior for o nosso amor, mais clara
torna-se a nossa visão da realidade e, consequentemente, mais sincero será o
nosso testemunho da Verdade.
(6)
Conhecemos perfeitamente algo
quando sinceramente desejamos conhecê-lo em sua perfeição para que,
conhecendo-o, tornemo-nos menos viciosamente afetados.
(7)
Conhecer razoavelmente bem as
ciências que versam sobre o mundo nos ajuda a compreender como as coisas se
manifestam, mas não nos auxilia em praticamente nada para se compreender por
que essas coisas existem e, muito menos, porque existimos enquanto pessoa. Por
isso essas ciências não curam as feridas advindas de nossas aflições. As
ciências morais, por sua deixa, não nos ensinam como as coisas do mundo
funcionam, mas contribuem muito para compreendermos porque elas são assim ou
assado e, em vista disso, elas são um verdadeiro unguento para as latejantes
feridas que torturam a nossa alma.
(*) professor e cronista.
Site:
http://dartagnanzanela.webcindario.com/
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