Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
Não são poucos os folgados, os
mal educados de pai e mãe que agem como se o mundo existisse para satisfazer as
suas manhas e futilidades. Eles não são muitos, mas em número suficiente e com
petulância o bastante para infernizar a vida dos demais.
Tais tipos são facilmente
reconhecíveis; são inconfundíveis na forma como utilizam os espaços e
transportes públicos; pessoinhas vazias que, inconvenientemente, não medem
esforços para chamar a atenção de todos com sua zoada mimada. Imaginam eles que
a palavra “público” signifique inexistência de regras de convívio, que aquilo
que é tido como sendo público sinaliza um vale tudo em favor do seu egoísmo
incurável. E com base nesse imaginar doentio eles vivem com seus narizes tão
empinados quanto entupidos.
E o pior é que estes biltres, com
sua patente falta de respeito para com todos, sempre contam, na verdade exigem
que qualquer um porte-se com todo o decoro e civilidade caso cogite a
possibilidade de chamar-lhes a atenção.
E ai se alguém ousar dizer um “fiquem
quietos”. É um Deus nos acuda porque essas alminhas sentem-se feridas
mortalmente em seu cinismo sem freios quando uma pessoa ousa lembrá-los que
eles devem refrear a sua doideira.
Doravante, o que essas
criaturinhas podres de mimadas jamais levam em consideração é que num espaço
público onde ilustres desconhecidos convivem sempre há muitos indivíduos
cansados, uns com problemas pessoais ou profissionais; outros tantos
frustrados, uns pares exaustos e, é claro, sempre há aqueles que estão
irritados - verdadeiras bombas-relógios - e, de um modo geral, o que todos com
seus problemas querem é apenas um pouco de sossego com seus alfarrábios antes
de chegar a casa.
Porém, todavia e, entretanto,
como nos lembra Albert Schweitzer, no horizonte dessas alminhas inexiste a
natural gentileza de sentimentos e, em seu lugar, impera apenas uma ostentação
de absoluta indiferença que se reveste das mais variadas formas de afetação de
“superioridade” ultrajada.
Pois é. Muitas vezes, a falta de
respeito demonstrada ao próximo é tamanha que, qualquer indivíduo, cansado ou não,
em um momento qualquer, pode vir a ter o seu dia de fúria que, gostemos ou não,
pode acabar numa tragédia.
Detalhe: vale lembrar que uma
tragédia não é nem desejável, nem justificável, todavia, toda e qualquer drama
pode e deve ser compreendida com a devida e indispensável clareza. Se não
procedemos assim, acabamos por cair na linguagem viciada do coitadismo, tão
presente em nossa sociedade. Dito isso, vamos em frente.
Quando isso acontece, mais do que
depressa, as hienas cívicas, tão mimadas quanto atrevidas, transfiguram-se em
cândidas criaturas inocentes que dizem nada terem feito para viverem essa ou
aquela situação.
Quanto aos demais, esses veem
tudo feito baratas tontas, impressionadíssimas com a violência das corredeiras
ao mesmo tempo em que desconsideram a violência do leito das turvas águas.
Por essas e outras que o filósofo
Olavo de Carvalho nos lembra que quanto mais se lisonjeia as tenras gerações,
maior será a probabilidade de esses indivíduos virem a se tornar adultos
estúpidos, ressentidos e invejosos; de tornarem-se indivíduos incapazes de
respeitar o próximo por simplesmente imaginar que seus umbiguinhos sebosos sejam
o centro do universo e o trono do interesse público.
Esses bocós de mola, de tão
alienados que vivem em seu mundinho inconsequente, acreditam mesmo que são
vítimas inermes, quanto alguém perde as estribeiras com eles. Jamais se
reconhecem como sendo a causa direta da ação reativa que veio a se abater sobre
eles.
É isso que acontece quando se
fica afagando distorcidos egos juvenis que necessitavam de disciplina para que,
quando adultos - ou quase isso - soubessem agir com um mínimo de civilidade.
Infelizmente, em nosso país
confunde-se mimar com educar; e como continuamos a confundir uma coisa com a
outra, a vaca continuará marchando a passos ligeiros, e num estardalhaço só,
para o brejo.
Enfim, esses são os novíssimos
cidadãos dessa triste nação. O futuro que os aguarde. Na verdade, o futuro já os
encontrou com título eleitoreiro na mão.
(*) professor e cronista.
Site:
http://dartagnanzanela.webcindario.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário