Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
(1)
Todo aquele que excita as
divisões e fomenta a cizânia, não quer o bem dos desvalidos; quem assim procede
apenas deseja utilizar os desafortunados, manipulá-los feito gado, para realizar
os seus propósitos totalitários.
(2)
Tudo aquele que insiste em
dividir a humanidade em guetos, dizendo ser o sumo defensor desta ou daquela
minoria, no fundo o que esse tipo de caipora está fazendo é tão só e
simplesmente instrumentalizar a desgraça alheia para realização dos intentos
pérfidos duma ideologia totalitária cinicamente mal disfarçada.
(3)
Por que, pergunta Bolívar
Lamounier, ressaltar apenas o que divide e nunca o que aproxima os cidadãos?
Porque, mais do que provavelmente, todos aqueles que assim procedem agem no
intento de fortalecer um grupo ideologicamente constituído e cinicamente
organizado para fragilizar as relações humanas. É claro que tudo isso é feito
com a maior das boas intenções, porém - como todos nós bem sabemos - de intentos
desse tipo, o inferno está bem cheio.
(4)
Todos nós somos, ao mesmo tempo,
membro de várias coletividades - muitas delas antagônicas uma em relação às
outras - e, cada uma delas, cada uma ao
seu modo, imprimem em nosso ser a sua marca que, por sua deixa, passa a se juntar
a nossa identidade pessoal, marcas essas que passam a integrar a nossa
personalidade.
(5)
Todo aquele que desdenha o valor
do mérito individual está fazendo pouco caso do sacrifício e do esforço de
todas as pessoas que labutam diuturnamente para aprimorar-se e lapidar-se à luz
dos seus sonhos e anseios.
Na verdade, esse desdém é o traço
distintivo dos medíocres que vivem contentes com o que são, mas insatisfeitos
com o que tem. As pessoas, que se sacrificam para realizar-se como indivíduo
não. Geralmente elas estão razoavelmente felizes com o que tem, mas
contrariados, bem contrariados, com o que são.
O dia que as mentes iluminadas
que acreditam ter a solução mágica para os problemas da humanidade - de um modo
geral, e da brasilidade, de maneira particular - entenderem esse axioma da
existência humana, teremos, enfim, a restituição da dignidade da meritocracia e
o fim da soberba mediocracia reinante.
(6)
Graças aos Céus que existiram e
existem pessoas inovadoras, como Johann Gutenberg, Thomas Edson e Steve Jobs,
que nos brindam com brinquedinhos tecnológicos que facilitam a nossa vida e
ampliam o nosso poder de ação.
Se nós usamos bem esses ditos
brinquedos é outra história. O invento é bom e é mérito deles. O mau uso é
responsabilidade nossa.
Digo isso, pois, se fôssemos
depender apenas das boas intenções dos bons-moços que ganham a sua vida
defendendo ideologias totalitárias mal disfarçadas, todos nós ainda estaríamos
vivendo na idade da pedra lascada, e olhe lá.
(7)
Ao invés de nutrirmos inveja dos
talentosos - sejam eles bem dotados pela natureza ou conquistadores meritórios
de seus feitos, nutramos admiração por eles.
A inveja sufoca e corrompe a alma
e destrói tudo que está ao seu redor. A admiração, pelo contrário, eleva o
nosso espírito em verdade, irradiando o bem infundido em nós pelo ato de
apreciar àqueles que estão em nosso entorno.
Trocando por miúdos: o admirador,
com o tempo, torna-se semelhante às virtudes da coisa admirada, integrando em
sua alma os valores que o ato de contemplar lhe inspira. O invejoso, por sua
vez, jamais se torna a coisa invejada, pois os vícios inspirados pelo ato de
invejar ficam encalacrados em seu coração impedindo-o de, genuinamente, amar o
próximo e a si mesmo.
(*) professor e cronista.
Site:
http://dartagnanzanela.webcindario.com/
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