Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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BLOGICAMENTE FALANDO – parte XX

 Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(1)
Todos gostam de tecer críticas. Todos. Ouvi-las e discerni-las são outros quinhentos.

Sim, é óbvio que nisso tudo há uma boa dose de vaidade – tanto no ouvir como no proferir críticas - mas, além disso, há outros fatores que levam uma crítica a ser devidamente acolhida e ponderada pelo ouvinte.

O momento em que ela é foi feita, o tom que é utilizado para tanto, o lugar escolhido para tal, o tamanho e o tipo de público que está testemunhando-a e, naturalmente, a personalidade e o caráter do ouvinte. Tudo isso contribui dum jeito ou de outro para a acolhida ou não de uma crítica.

Não apenas isso! Devemos também considerar a intenção daquele que profere a crítica. Se essa é feita por misericórdia, com o intento de corrigir um erro, ou se é proferida simplesmente pela satisfação sádica de destruir não o equívoco, mas sim, o equivocado. Isso também - gostemos ou não - faz parte do babado.

Enfim, seja como for, todos nós sabemos que tudo o que está abaixo do sol desde tempos imemoriais não passa de vaidade; porém, ela manifesta-se em nossa alma com muitíssimos tons que fazem das críticas – na forma como são feitas e na maneira como são ouvidas – um verdadeiro cipoal de confusão.

Por isso, na dúvida, sigamos o conselho do Apóstolo São Paulo: ouçamos tudo e fiquemos com o que é bom; pouco importando de onde venha. E quando dissermos algo, procuremos fazê-lo com misericórdia – mesmo que com palavras duras - e em espírito e verdade para que nossas palavras sejam um instrumento de libertação dos grilhões do erro e do engano, libertação para nós e para o alvo de nossa crítica.

(2)
Misericórdia para com o próximo não é, de modo algum, sinônimo de passar a mão na cabeça do outro frente a qualquer maluquice que esse faça ou diante de qualquer sandice que seja dita por ele.

Misericórdia é fazer de tudo pelo bem duma pessoa sem preocupar-se com a sua própria imagem diante dela ou dos demais; é fazer o bem sem esperar gratidão ou aplausos ocos duma multidão tola.

A preocupação excessiva com a boa imagem não é bondade, é vaidade. Ou, se preferirem, isso é bom mocismo puro e simples. E, onde a vaidade e suas filhas ditam o ritmo, não há misericórdia e, obviamente, a bondade não floresce não.

(3)
Para o homem modernoso todos os dissabores humanos reduzem-se a doenças. Não que elas, as doenças psíquicas não existam. Não é isso não caipora. Mas nem tudo que é forçosamente enquadrado nessa clave se enquadra nela.

Na ótica dos modernosos, um indivíduo nunca está infeliz, não mesmo. Ele está estressado ou com depressão. Seu coração não pode jamais estar sendo sufocado por uma tristeza atroz. Não. Ele só pode ser bipolar ou coisa do gênero. E por aí segue o andor. Detalhe: muito do que é chamado por nós de doença não é doença meu caro. É parte de uma vida humanamente vivida. Só isso.

Enfim, no esforço de reduzir todos os dilemas existências que integram nossa vida - cada um ao seu modo - a categoria de doenças, acabamos mutilando o sentido de nossa existência, fechando-nos para a dimensão do transcendente, tornando-a tão artificial quanto artificiosa como tudo o mais na sociedade hodierna.

(4)
Devemos, com dignidade, saber receber as vitórias como também acolher bem as derrotas de nossa vida. Desmoronar com a segunda e portar-se de modo soberbo com a primeira demonstram apenas que o indivíduo – vencedor ou perdedor – é portador duma personalidade de gelatina e dum caráter formado na base de excrementos.

(5)
Quando um povo perde a capacidade de rir de si – de seus sofrimentos e bem como de suas bestagens - é porque, de fato, ele tornou-se motivo de riso para toda humanidade de todos os tempos.

(6)
Rir de nossos males é a forma mais eficaz para exorcizá-los; é a forma mais direta e dinâmica de dizermos às máculas de nossa sociedade e de nossa alma que elas não vão nos arrastar para o abismo da autocomiseração. Só os medíocres se permitem cair em tamanho disparate. Só eles e seus iguais.

(7)
Sem uma dose razoável de autodisciplina todo esforço humano reduz-se a um vão desperdício de tempo, recurso e energia. Ter claro em nosso horizonte a finalidade que pretendemos realizar a partir da otimização dos meios que temos em mãos é imprescindível para a obtenção do bom sucesso em nossos atos e, sem um mínimo de autodisciplina, a única coisa que possivelmente irá raiar nos dias vindouros de nosso peregrinar por esse vale de lágrimas será o fracasso de nossas intenções desfibradas e desorientadas. Só isso e olhe lá.

 (*) professor e cronista.
Site: http://dartagnanzanela.webcindario.com/

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