Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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DIÁRIO DE BORDO: DATA ESTRELAR 160822


Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(1)
As paixões populares celebradas pelas multidões midiaticamente tangidas são, dum modo geral, fruto de ilações confusas advindas de almas desordenadas. Geralmente, as massas – reunidas nas ruas ou atomizadas em suas alcovas – defendem seus irascíveis pontos de vistas antes mesmo de terem-se dado ao trabalho de formá-los e, principalmente, ignorando a pedregosa tarefa de avaliar a verdadeira importância do que está sendo defendido por eles com tanta afetação de superioridade (depre)cívica.

(2)
Muitas pessoas, muitas mesmo, querem posar de sabidas contando a história da humanidade toda, explicando seus melindres, dissertando sobre o sentido profundo do devir humano neste vale de lágrimas, ao mesmo tempo em que são incapazes de contar com alguma propriedade a história de sua família com algum sentido minimamente razoável. Na verdade, na maioria dos casos, são almas incapazes de contar a sua própria história.
(3)
O ímpeto Estatal em zelar pelo bem-estar de todos os indivíduos acaba, sem pestanejar, custando às pessoas um sacrifício muito maior, muito maior mesmo, do que lhes seria exigido delas se elas tivessem que cultivar o mesmo zelo uns pelos outros sem o abraço nada paternal dos tentáculos Estatais.

(4)
A desesperança, nalgumas ocasiões, pode tomar conta de nossa alma, tamanhas são as sedições que temos que encarar em nossa caminhada por esse vale de lágrimas; porém, não podemos nos entregar a esse perigoso desleixo existencial, pois, onde a esperança fraqueja e faz as malas, a verdade não germina, não deita suas raízes e a vida, a nossa vida, acaba não dando bons frutos. Apenas pútridos frutos e olhe lá.

(5)
Tudo segue o seu curso, tudo; e esse não depende de nosso prumo. Mesmo que tentemos de modo arrogante e precipitado, com nossas forças, mudar o trote dos acontecimentos, o fluxo dos fatos continua seguindo o sedimentado leito do aguaceiro da vida. Todavia, o rumo traçado por nós em nosso navegar por esse oceano de lamentos é sempre marcado pelo pulso que impomos à nossa jornada. Não podemos, não temos meios para tornar o mundo um trem com a nossa cara (e que bom que é assim). Todavia, está ao alcance de nossas mãos e de nossa vontade mudar a feição da vida que vivemos nesse confuso mundo tornando-nos uma personalidade inteira e deixarmos, de vez, de sermos um tongo, ou um canalha, aos pedaços.

(6)
É difícil o ofício de quem quer tentar ser bom em meio a tantos que não movem uma palha sequer nessa direção. Não mesmo

E em anos como esse, em um ano eleitoreiro, onde as boas intenções se fantasiam com números, tem musiquinhas e estampas na traseira dos carros, não são poucos os que tentam aconselhar seus concidadãos a votarem naquilo que eles consideram ser a melhor opção.

Bem, o problema é que, em muitos rincões da república de Banânia, encontrar o melhor é uma tarefa tão ingrata quando decepcionante; tamanha é a miséria moral que habita entre nós.

Há também aqueles que, por sua deixa, e com certo cinismo pragmático, aconselham seus iguais a votarem naquilo que eles chamam de o “menos pior”, num esforço quase que desesperado de procurar administrar da melhor forma possível os inevitáveis danos que recairão sobre a civitas.

Pois é, quando esse é o caso, quando esse é o critério adotado, o trem fica empacado, pois, nesse quesito, fica difícil de precisar quem merece o título de “menos ruim”, haja vista o flagrante empate técnico que há entre os contendores eleitorais.

Enfim, voto cidadão em nosso triste país é literalmente dar um tiro às cegas na total escuridão. É quase impossível acertar. Praticamente impossível.

(7)
O estudo da dita cuja da história dá a possibilidade de nos tornarmos donos de nós mesmos na medida em que permitimos que a dedicação a ela amplie a nossa compreensão da ignorância que temos sobre nós, sobre a sociedade em que vivemos e sobre o lugar que nela ocupamos.

Todavia, muitas vezes deitemos nossas vistas em suas tortuosas linhas para apenas tentar confirmar, com fragmentos distorcidos extraídos a esmo, nossos estereótipos, preconceitos e ideologias.

Quando procedemos desse modo, acabamos apenas afundando de modo medonho a nossa consciência num fétido fosso de alienação e, por isso, militontamente passamos a crer, a imaginar que o sentido de toda a realidade está em nossa mente distorcida e intoxicada pelos cacoetes mentais de uma ideologia furibunda, esquecendo, tolamente, que a realidade é bem maior de nossos anseios de desejos.

(*) professor e cronista.
Site: http://dartagnanzanela.webcindario.com/

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