Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
(1)
O grande erro, a sacanagem
cognitiva maior que se faz latente em todas as ideias progressistas
politicamente corretas é que elas desdenham a real e constante condição humana.
Realidade a qual seria: a inconstância geral das almas, o tédio generalizado do
dia a dia e a inquietação perene dos indivíduos frente às miudezas da vida. Qualquer
ideiazinha que ignore esses traços não passa de um sintoma epidérmico dessa
realidade passada e demasiadamente humana, jamais um unguento para ela.
(2)
Muitas pessoas, como se diz, de
bem, sentem-se indignadas diante do lúgubre pântano moral, político e econômico
em que nos encontramos atualmente e, indignados, querem agir de supetão crendo
poder, desse modo, colher bons frutos em curtíssimo prazo.
Ledo engano. Não se pode combater
algo com eficiência sem, primeiramente, conhecer bem o que se pretende combater
da mesma forma que nenhuma ação de curto prazo, por mais bem intencionada que
seja, obterá um sucesso duradouro se ela não estiver integrada numa estratégia
ampla e de longo prazo.
Por isso, toda ação motivada
unicamente por um sentimento de indignação é epidérmica e sem finalidade; por
essa razão ações assim acabam invariavelmente realizando inúmeras coisas
imprevistas pelas almas indignadas porque, por impaciência e vaidade, nunca
pararam pra conhecer bem quem e o que eles estavam combatendo.
(3)
De quanto tempo precisamos para
fazer tudo aquilo que devemos fazer? Não sei dizer. Na verdade, somente você
pode responder a essa pergunta. Entretanto, uma coisa é certa: independente de
quanto tempo você necessite para cumprir com o seu dever, todo ele deverá ser
obtido das limitadas disposições temporais de sua vã e frágil vida.
(4)
Muitas vezes não somos capazes de
realizar o bem, nem mesmo um simplório benzinho, por sermos frequentemente
avessos à procura pela verdade e, principalmente, arredios a sua presença em
nossas vidas.
(5)
Muitas são as vozes que,
indignadas, clamam pela necessidade de recuperarmos o tal do senso ético, os
valores morais e todo aquele trelelê que todos estamos carecas de ouvir dizer.
Porém, todavia e, entretanto, é chato lembrar, porém, temos de fazê-lo, mas,
não se pode recuperar o que nunca se teve; não se ter o que nunca foi sinceramente
almejado.
(6)
Num ano eleitoral, os cidadãos
como um todo, e os candidatos em especial, acabam dando uma importância
colossal para as condições do momento, aos títulos honoríficos, aos cargos,
salamaleques, a tudo que seja fugidio e que massageie os seus já mui inflados
egos envaidecidos. E assim o fazem por ignorar, de modo estulto, o peso da
eternidade que paira sobre a cabeça de todos nós.
(7)
A irascível insatisfação que
habita o coração do homem modernoso é, em boa parte, fruto de uma vida vivida
sem a eternidade como finalidade. Somente a consciência do eterno é capaz de
aplacar a nossa volúpia; somente ela, iluminado pelo Altíssimo eleva nosso
olhar para além do turbilhão de nossos desordenados desejos mundanos.
(*) professor e cronista.
Site:
http://dartagnanzanela.webcindario.com/
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