Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
(1)
Eu não estou muito interessado
nesse papo de juiz de direito não. Na verdade, não estou nem aí para essa
conversa fiada. O que realmente considero relevante é um juiz que coloque a justiça
acima de sua vaidade e dos seus interesses pessoais, grupais e ideológicos.
Considero imprescindível um juiz que faça da justiça a sua vocação sem
reduzi-la a um vil e abjeto carreirismo. Ponto.
(2)
A justiça é maior que a lei.
Sempre. Reduzir, ontologicamente, a justiça aos rabiscos legislativos de homens
moralmente deformados é ignorar o que seja a primeira ao mesmo tempo em que se
idolatra o suposto papel da segunda. Agir assim é ignorar que a vida é muito
mais complexa que a secura duma legislação mal escrita; é desprezar que a vida
é muito mais intensa que a superficialidade duma formalidade burocrática.
(3)
Toda ação política que
desconsidere a necessidade de um plano de médio e longo prazo e que
supervalorize toda e qualquer ação eleitoreira de curto prazo, desarticulada
duma estratégia mais ampla, está invariavelmente fadada ao fracasso e a ser
lançada na lata de lixo de história.
(4)
Afetação de superioridade
travestida de pseudo-humildade e bom-mocismo é um mau sinal. Um péssimo sinal.
Sinal de uma profunda e incurável maldade inconfessável por palavras, mas
fartamente demonstrada pelo cinismo dos dissimulados atos.
(5)
Conhecer é bom. Por isso, gastar
tempo e recursos com a finalidade de conhecer é algo fundamental. Mas, o que
estamos procurando conhecer e com qual finalidade? Pois é. E o quanto estamos
dispostos a investir de nosso precioso tempo e de nossos suadíssemos recursos
para aprender algo? Eis aí duas questões imprescindíveis para qualificarmos
devidamente o quão aquilatado é, ou não, a nossa fome pelo saber.
(6)
A mídia frequentemente nos sugere
o que devemos pensar, como devemos fazê-lo e, inclusive, nos indica as questões
que são por eles consideradas relevantes e apropriadas. Ela faz isso tudo e
nós, de nossa parte, imaginamos levianamente que estamos pensando com a própria
cachola.
Nesse sentido, não seria exagero
dizer que a mídia é similar uma chusma de moscas que nos impede de agir
eficazmente por devorar o nosso tempo fazendo-nos concentrar boa parte de nossa
atenção - ao menos a melhor parte dela - em perguntas e assuntos de relevância
tão duvidosa quanto maliciosa.
Enfim, somos absorvidos de tal
maneira por essa tranqueira toda que acabamos confundindo aquilo que queremos
com o que é-nos sugerido querer.
(7)
Muitos dizem que não podem fazer
isso ou aquilo, que não conseguirão conquistar esse ou aquele galardão, porque
não tem recursos, nem meios e, ainda por cima, porque são caluniados e
perseguidos por toda ordem de almas sebosas. Bem, pergunto eu: quais eram os
recursos e meios de que dispunha Santo Inácio de Loyola quando começou sua
jornada apostólica por esse vale de lágrimas? Eram mais fartos ou mais parcos
que os seus? Você, por ventura, foi mais caluniado e perseguido que o referido
homem? Por um acaso você foi mais enxovalhado que ele? Pois é. E veja o tamanho
da obra realizada por esse homem e o tamanho miserável dos feitos realizados
por alminhas como nós.
(*) professor e cronista.
Site:
http://dartagnanzanela.webcindario.com/
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