Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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NEM COMO FIM, MUITO MENOS COMO MEIO

Por Dartagnan da Silva Zanela

(1)
Uma sociedade que despreza a alta cultura, substituindo-a por toda ordem de entretenimentos vazios paridos por cucas ocas, definitivamente não sabe a diferença que há entre um penico e uma panela; quem o dirá entre uma verdade e uma farsa. Uma sociedade formada por indivíduos com o olhar turvado dessa maneira está, irremediavelmente, condenada a corromper-se até a última raspa do talo de sua putrefaz (in)dignidade.

(2)
Quando uma figura histórica que comprovadamente possuía escravos, que nada fez para acabar com a escravidão, é escolhida como ícone da consciência da luta contra esse mal, é sinal de que a malícia encontra-se tão arraigada na alma da nacionalidade que não mais quer-se ver o óbvio, por mais ululante que ele seja, tamanho o desejo de nos tornarmos menores do que somos, para que os tentáculos das potestades estatais tornem-se mais longos e criticamente asfixiantes e, desse modo, possa mais eficientemente agrilhoar a liberdade que é celebrada nessa falsa imagem de nossa história e, é claro, de nós mesmos.

(3)
Quando a liberdade é celebrada a partir de uma farsa, a mentira acaba usurpando o trona da verdade distorcendo todo o sentido da realidade.

(4)
Um sistema educacional que elege como meta a medianidade, quando a mediocridade é o mais límpido horizonte que se almeja atingir, abandone o barco, porque o próximo passo que possivelmente será dado é a redução da existência humana a mais rasteira animalidade.

(5)
Nunca nos esqueçamos que uma meia verdade é uma mentira inteira e que uma mentira completa não seria nada mais que uma verdade veladamente envergonhada.

(6)
Só é coroado de glória o soldado valoroso. E esse apenas torna-se valoroso quando forjado pelo fogo das mais duras batalhas.

(7)
Pompa não é glória, mas sim, a fantasia surrada e gasta das almas recalcadas.

(8)
Quem não desconfia de suas boas intenções acaba condenando-se aos grilhões de suas mais ocultas e rasteiras paixões.

(9)
Desconfiarmos de nossas boas intenções não é o suficiente para crescermos em espírito e verdade. Para tanto, é imprescindível que confiemos, sem reservas, na imensurável bondade de Deus.

(10)
No Egito antigo as bibliotecas eram chamadas de tesouros dos remédios da alma; hoje, elas não são lembradas, nem livremente frequentadas, tamanho é o estado de putrefação das almas contemporâneas.

(11)
O pano de fundo da vida vulgar é o tédio irremediável do rotineiro gastar duma vida sem sentido.

(12)
A república brasileira e sua cambaleante democracia não passam de uma mesquinha mentira sistematicamente organizada e contada por almas cinicamente dissimuladas.

(13)
Ciente ou não, a abstração precede a ação, até mesmo para discordar e dizer que não é assim não.

(14)
O tempo é um precioso tesouro que generosamente nos é regalado pela Providência e, por nós, tolamente desperdiçado sem a menor cerimônia e sem a mais mínima decência.

(15)
Por trás de todo grito afetado de indignação em favor de toda ordem de coitadismo, há um encruado e mal disfarçado ressentimento em misto com um dolorido sentimento de inferioridade.

(16)
Aprenderíamos muito e até, quem sabe, nos tornaríamos sábios, se soubéssemos calar.

(17)
A arquitetura contemporânea, de um modo geral, é tão indigente quanto os representantes da espécie humana que habitam as cidades modernas e, ao mesmo tempo, tão megalomaníaca quanto o coração daqueles que idealizam esse cenário decrépito edificado em concreto armado.

(18)
Noutros tempos, não tão distantes dos atuais, a vileza fantasiava-se de nobreza, para os tolos poder governar. Hoje, contrariando a hipocrisia de outrora, o cinismo coloca-se a imperar; a vileza desnuda e despudorada pode tranquilamente tripudiar sobre a nobreza e soberbamente tomar o seu lugar sem que ninguém contrarie a sua vontade de mandar e desmandar.

(19)
É paradoxal sabermos que o que tem valor não tem preço, nem mesmo uma forma objetiva de sua preciosidade mensurar.

(20)
Em matéria de política, quando descobrem o preço de um indivíduo e o tomam por ele, é porque o sujeito vendeu sua alma; e vendeu porque nunca teve valor algum.

(21)
No Brasil, o aviltamento geral é a regra, e a degradação total o maior projeto nacional.

(22)
Não são poucos os que confundem a pusilanimidade com a virtude da prudência.

(23)
É muito bom quando nos envergonhamos de nossos erros, porém, isso não basta para começarmos a corrigi-los.


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