Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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UM CAMINHO PRATICAMENTE PERDIDO

Por Dartagnan da Silva Zanela

(1)
Aprender não é, geralmente, uma atividade prazerosa. Quando aprendemos algo é claro que há alguma espécie de gozo, como também é inegável que o aprendizado de certas coisas nos interessa muito mais do que outras; porém, na maioria das vezes, aprender qualquer coisa que seja exige de nós um esforço que vara bem longe do prazer, contrariando as pregações de muitos doutos em educação.

Na verdade, alimentar esse tipo de crendice modernosa, de que o aprendizado deve andar de mãos dadas com o prazer, é muito mais um anti-estímulo à educação do que a sua pedra fundamental.

Aliás, construir um sistema educacional todo baseado nesse lero-lero é colaborar na construção do edifício humano algo totalmente diverso do educar.

Mesmo que insistamos chamar esse trem fuçado de educação ela continuará a ser aquilo que seus frutos vergonhosamente nos apresentam.

(2)
Quanto mais o homem moderno vê-se munido de brinquedinhos tecnológicos, mais mutilada a sua inteligência se torna. Não que isso necessariamente seja uma regra pétrea, não mesmo; mas é o que frequentemente se constata.

(3)
As tecnologias podem ampliar significativamente os nossos poderes, a nossa capacidade de agir, ao mesmo tempo em que podem, também, aleijar a nossa consciência.

(4)
O resultado do processo de aprendizado pode ser prazeroso ou, ao menos, trazer-nos uma relativa satisfação com o resultado obtido por nosso esforço. Todavia, vale lembrar que inexiste satisfação sem esforço e, por isso, todo o caminho para o oásis do conhecimento é invariavelmente árido e pedregoso.

(5)
Há uma gama de aspectos danosos que se fazem presentes em toda e qualquer forma de ação afirmativa, em toda e qualquer política de caráter cotista. De todas elas, a que me parece mais nociva, é o fomento indevido do rancor histérico em misto com um vitimismo indecoroso, como se tais fraquezas morais fossem alguma espécie de excelsa virtude cívica.

(6)
O que há no Brasil contemporâneo pode até ter uma carinha bem sem vergonha de democracia, mas às vezes, muitíssimas vezes, tem um fedor de sovaco de ditadura que ninguém merece.

(7)
Ensina-nos Hermann Hesse que não há verdadeira leitura sem amor, nem saber sem respeito e muito menos cultura sem coração. O mesmo ainda nos lembra que ler sem amor, conhecer sem respeitar e a celebração duma cultura sem pulso seriam os grandes pecados contra o espírito cometidos em nossa época. Sabendo isso, o que podemos dizer a respeito de nosso sistema educacional? O que podemos dizer a respeito de nós mesmos? Pois é, o melhor a fazer é nada dizer.

(8)
O tédio é a mais letal das armas de destruição em massa. Ela dilacera silenciosamente a alma bem antes da morte começar a devorar a carne fatigada, bem antes de beber o sangue monótono da vítima.

(9)
Um pouco de desatenção, por mínima que seja, já é o suficiente para cometermos grandes erros.

(10)
O maior fruto desse trem fuçado conhecido como teoria do “preconceito linguístico” é o fomento indevido da ignorância orgulhosa e o elogio soberbo do desleixo para com a língua. E não são poucas as almas desavisadas que veem esse trambolho como se fosse alguma espécie de vanguarda literária.

(11)
O coitadismo vitimista é a ideologia dos canalhas, dos rancorosos e dos fingidos. Entre esses biltres há de tudo, de tudo mesmo, menos coitados; porque esses, ao contrário daqueles, têm vergonha na cara e não querem ser vistos como tal.

(12)
Se lermos algo sem a menor intenção de lembrarmo-nos do que foi lido, se nós ouvimos uma preleção sem o propósito de guardá-la em nosso íntimo, a nossa presença diante das palavras, ditas ou lidas, tornam-se um insulto e, nossa insistência em querermos parecer sabidos, uma piada grosseira e sem a menor graça.

(13)
A hipocrisia é um claro sintoma da decomposição dos costumes duma época; o cinismo, por sua deixa, é uma evidência inconteste de que a sociedade encontra-se num avançado estado de putrefação moral.

(14)
Não há nada de errado em contestar uma autoridade; o que é esquisito pra caramba é que existam tantas autoridades contestáveis que acreditam estar acima de tudo; e, por isso mesmo, tais excrecências acreditam merecer o tal do respeito; do nosso respeito.

(15)
Quem exige respeito, não é que não merece tê-lo; na verdade o sujeito não sabe o que está pedindo.


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