Escrevinhação n. 1019, redigida entre os dias 08 de julho de 2013, dia de Santo Eugênio.
Por Dartagnan da Silva Zanela
Vivemos hoje num mundo onde as manifestações culturais negam a presença de Deus. Vivemos como se Ele não estive presente, apesar de nossos lábios confessarem que cremos Nele e em Sua atuação no mundo. Duvidar da existência do Criador é uma vicissitude que qualquer ser humano pode (não que necessariamente deva) experimentar frente às inúmeras circunstâncias contraditórias que a vida nos apresenta. Muitíssimos santos, diga-se de passagem, tiveram de passar por terríveis crises espirituais até encontrarem a luz da fé. Aliás, somente cai quem está sinceramente trilhando sua jornada por esse vale de lágrimas.
E tem mais! O mundo moderno labuta incansavelmente para nos derrubar e nos arrastar para as sombras da dúvida estulta e, por isso mesmo, a Carta Encíclica LUMEN FIDEI, primeira do pontificado do Papa Francisco, é um ungüento providencial para todo aquele que está com seu coração chagado por esse doloroso cravo que é a fé morna ou o ateísmo (militante ou não).
Essas moléstias que atormenta a alma humana são advindas da profunda egolatria que impera atualmente e que se manifesta com toda sua majestade no mosaico cultural presente. O Papa Francisco pontua que a idolatria, dum modo geral. é um pretexto para nos colocarmos no centro da realidade, adorando as nossas parvas obras, cultuando a nós mesmos, colocando nossos desejos e nossas opiniões no centro da vida como se fossem as fontes originárias de todas as verdades dignas de respeito. Na verdade, tal situação não chega a ser nem mesmo digna de pena.
Essa, meus caros, é a ditadura do relativismo, tantas vezes denunciada pelo Papa emérito Bento XVI, que solapa e destrói a razão amordaçando-a num simulacro de racionalidade. O materialismo, o hedonismo, elevados a categoria de fundamento último da realidade, derribam a razão, como nos ensina Santo Papa João Paulo II. E, o atual Pontífice, por sua deixa, nos adverte: “A idolatria não oferece um caminho, mas uma multiplicidade de veredas que não conduzem a uma meta certa, antes se configuram como um labirinto. Quem não quer confiar-se a Deus, deve ouvir as vozes dos muitos ídolos que lhe gritam: 'Confia-te a mim!'”.
Ora, uma estrada é boa quando verdadeira. O disso é contrário é perdição. Todavia, para o homem moderno, a única via boa é aquela que é agradável e viver deste modo, leva-nos a crer na ilusão estúpida de que há um profundo abismo entre fé e razão por não compreender-se o que é a primeira e não saber usar a segunda, o que fecha nossas vistas à Verdade com as vendas de pífias opiniões.
Sem a luz da Verdade, a fé torna-se frágil e a razão, inevitavelmente, débil, por nos iludirmos com as fábulas advindas de nossos desejos e rancores que consomem e debilitam as reais potencialidades humanas.
A verdade é amor. Ela apenas manifesta-se àqueles que a amam, que estejam dispostos a sacrificar-se e destruir o altar idolátrico de sua vida para que ela, a verdade, transfigure nossa alma. Porém, nosso amor próprio é tão espaçoso que não deixa nem um cadinho que seja para essa luminosa paixão.
Por fim, a razão desprovida da luz da fé vê-se maculada. A fé, sem a orientação da razão, esmorece. Ambas, sem a chama do amor morrem e nós, sem essa tríade, perdemos a Graça.
Pax et bonum
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