Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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CÁUSTICAS REFLEXÕES

Escrevinhação n. 1025, redigida entre os dias 21 de julho de 2013, dia de São Lourenço de Brindisi, e 24 de julho de 2013, dia de Santa Cristina.

Por Dartagnan da Silva Zanela


1. Domingo é o dia do Senhor, mas não para nossos mundanos corações. Não são poucas as almas que se queixam da monotonia que toma conta das demoradas horas deste. Lá ficam, com a carcaça atirada no sofá, com o (des)controle em mãos, mudando freneticamente os canais de dissolução espiritual da caixinha de perdição televisiva. Em outros casos, fica-se estacionado numa lúgubre programação que esteja à altura de sua desídia existencial... Tão fácil desligá-la! Tão simples tomar um livro em mãos para em suas páginas navegar ou, quem sabe, sentar-se junto ao fogão para conversar com aqueles que moram debaixo do mesmo teto, mas que, raramente, paramos para ouvir. Olha, fazer isso é bem melhor que afogar-se em lamentos e queixumes.

2. João Pereira Coutinho afirmou, em 2008, que só o fato de precisarmos dum poder político já é, em si, uma comédia. Rememorando essas palavras e fazendo delas um facho de luz para clarear os atuais e alucinados acontecimentos desta terra de desterrados, não resta dúvida alguma de que nosso país tornou-se uma comédia bufa sem a menor graça. O que todas as vozes clamam, seja nas ruas, nos púlpitos, nas tribunas ou nas cátedras é o aumento da presença e atuação do poder político em nossas vidas para este nos dizer o que pensar, o que dizer, como dizer e, é claro, em que e em quem acreditar. E assim as turbas seguem, caminhando, bailando e clamando por uma coleira mais curta na vã ilusão de que estão tornando-se mais livres e, como dizem, mais cidadãs.

3. Se há um direito consolidado pelo costume em nosso país é o de ser idiota. Idiota em conformidade com o gosto, dentro das necessidades e de acordo com a capacidade do freguês, digo, cidadão. E por ser apenas um costume, seria interessante regulamentá-lo. Veja só, poderia ser estabelecida uma módica cota de estultice para cada pessoa e uma determinada multa para aqueles que ousarem ultrapassar a fronteira bestial, visto que, o abuso também é uma tradição. Sei que ocorrerão grandes discussões quanto ao tamanho da cota e sobre o valor da multa, mas, no frigir dos ovos, qual seria o efeito dessa regulamentação, se aprovada fosse? A idiotice diminuiria por metro cúbico? Penso que seria tolice crer nisso. Aumentaria a arrecadação? Não crer nisso, seria estultice. Então, melhor deixar quieto.

4. Todos querem ter suas opiniões respeitas! Que boniteza! Mas espere só um pouquinho: quando reivindicamos essa deferência, manifestamos, em nosso íntimo, um mínimo de consideração por nossa inteligência? Externamos algum respeito pela inteligência alheia que vê-se obrigada a ter de ouvir nossas estultas e mal elaboradas opiniões? Ora, a atenção que exigimos dos outros para que ouçam nossas preleções, é maior ou menor que a atenção dispensada por nós ao assunto que versará nossas considerações? Porca miséria! Então larguemos mão de choramingar e exigir de outrem o respeito que não temos nem pelo assunto, nem pela inteligência alheia, nem mesmo por nós. E zefini.

Pax et bonum
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