Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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Edward Snowden e a hipocrisia mundial

Por Heitor de Paola

"Quando não existem bons conselhos, o povo cai, a segurança está na existência de múltiplos conselheiros" (Provérbios 11,14)

As denúncias de Snowden sobre a ampla rede de espionagem da National Security Agency foi recebida com protestos mais ou menos histéricos pelos países observados, como se isto fosse novidade. Todos espionam todos, o tempo todo, o diferencial é a competência. A espionagem é tão antiga quanto a existência de seres humanos no planeta. Mas falemos de países: a espionagem é generalizada, é como um gato escondido com rabo de fora. Todos fingem que é só um rabo, não tem gato. Quando um destes bichos aparece é um fuzuê. Começa um ritual já bem conhecido. Como diz João Ubaldo, no excelente artigo ‘O Ritual do Esperneio’: “não há um só dos diretamente envolvidos que não saiba tratar-se de uma encenação, mas ela é levada adiante”.

Há milênios uma boa informação vale mais do que mil armas. Sun Tzu já enunciava: 

‘Os guerreiros vitoriosos, primeiro ganham a guerra e depois vão guerrear, enquanto os perdedores primeiro vão à guerra e então tentam ganhar (...). Se você conhece o inimigo e a você mesmo, não precisa temer o resultado de centenas de batalhas’.

Ora, como se entendem estes dois axiomas da obra ‘Arte da Guerra’? A maioria das guerras é ganha antes de começar, geralmente devido a um eficiente serviço de inteligência para conhecer o inimigo, e também os amigos que podem virar inimigos sem aviso prévio, armar suas próprias forças de antemão, saber quando e onde atacar.

Na Guerra dos Seis Dias, em 1967, o crescimento das tensões árabe-israelenses levou ambos os lados a mobilizarem suas tropas. Antecipando um ataque iminente do Egito e da Jordânia, Israel lançou um ataque preventivo à força aérea egípcia. De nada adiantou a frente árabe, formada por Egito, Jordânia e Síria, apoiados por Iraque, Kuwait, Arábia Saudita, Argélia e Sudão, além do apoio incondicional da União Soviética.

Israel certamente tinha a melhor Força Aérea do mundo, os soldados de todas as armas defendiam suas próprias casas, mas se não existisse o serviço secreto militar, interior e de contra espionagem Shin Beit – Agência de Segurança de Israel, e o Mossad – Instituto de Inteligência e Operações Especiais, não haveria as informações necessárias e todo o aparato militar se mostraria inútil.

É também relevante a questão do foco: onde e o quê deve-se espionar. No Brasil pós-64, o SNI, as agências das três forças armadas e os DOPS estaduais certamente eram eficientes, mas focaram a inteligência apenas nos movimentos armados, negligenciando a cabeça do gato: as escolas, a cultura (editoras, cinema, teatro), as redações de imprensa, as estatais, que eram a menina de seus olhos nacionalistódes. Resultado: no que focaram venceram, no essencial que deixaram de lado, até mesmo estimulando (vide Embrafilme e financiamento das estatais para notórios comunistas) perderam feio e hoje têm de amargar as “comissões da verdade”, as indenizações milionárias para terroristas e até idiotas inúteis, como Cony, Ziraldo et caterva. Além, é claro, da sede de vingança que leva ao sucateamento das forças e ao achatamento dos soldos. [continue lendo]

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