Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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OS CAQUINHOS DO JARRO DA MÃE JOANA

Escrevinhação n. 1019, redigida entre os dias 05 de julho, dia de Santo Antônio Maria Zacarias, e 09 de julho de 2013, dia de Santa Madre Paulina.

Por Dartagnan da Silva Zanela


1. Michel de Montaigne, quando ainda estava entre os mortais, mandara gravar nas vigas do forro de sua biblioteca as sentenças morais que norteavam a sua vida. Atitude magnânima que deveria ser adotada por cada um de nós, visto que, esquecemo-nos com freqüência das diretrizes que nos dispomos obedecer no fiar nossos passos por esse vale de lágrimas. Seja nos gestos cotidianos, nos afazeres banais, infelizmente lá estamos nós negando os princípios que juramos com os pés juntos seguir. Aliás, quais são os princípios que dão rumo e prumo a sua vida meu caro Watson?

2. Em meu canto, onde proseio com meus alfarrábios e livros, tenho as imagens de alguns Santos de minha devoção e uma sentença afixada na parede. Esta é da pena de Goethe e diz: “quando não se sabe o que fazer, cumpra o que é de teu dever”. Ora, pra que isso? As imagens para lembrar-me do quão grande é minha pequenez. A máxima, para que eu não deixe, nem por um instante, de lutar contra ela.

3. [uma visita inesperada] Há pessoas que nos surpreendem dum modo, com seus gestos amorosos, que a única coisa que nos resta, quando diante delas, é sorrir. Sorrir e agradecer a Deus por Ele ter-nos abençoado com elas em nossa vida. Assim são meus pais que na plenitude de seus vividos anos, ainda são capazes de surpreender esse diminuto e ingrato garoto que, já há algum tempo, virou a esquina da vida. Espero, um dia, poder ser assim, surpreendente e afetuoso, para com a família de meus filhos como os meus velhos o são para com a minha. É isso. Nada mais, nada menos que isso.

4. Todos têm lá suas feridas na alma. Umas são mais doloridas e pustulentas, outras nem tanto. Não há quem possa dizer que não as carregue em seu íntimo. O que realmente muda duma pessoa para outra é a forma como as tratamos. Há uns que as cauterizam com uma lâmina em brasa duma vida fiada pela via das virtudes, fixando seu olhar para além de suas lágrimas. Outros, entretanto, ficam a lambê-las feito cães sarnentos que não conseguem enxergar nada além de sua umbilical dorzinha feito um moleque mimado. Sim! Toda dor é merecedora de nosso respeito, todavia, há certos sofredores que não são nem dignos de pena.

5. O charme do poder está em seu abuso. A sua grandeza e magnanimidade não. No abuso revela-se a mesquinharia daquele que exerce o encardo de mando através de perseguições políticas e dum patrulhamento ideológico. Nas peias pelo poder compreende-se o ranger dos dentes, mas não no seu cotidiano exercício. Somente caudilhos miúdos agem assim. Por isso, ontem ou hoje, a arbitrariedade, dissimulada de autoridade, impera em nossos rincões e, em vista disso, como nos lembra Humberto de Campos, “no Brasil nossos políticos são tal qual nossa fauna: não há gigantes”. E, ao que tudo indica, não haverá tão cedo.

6. Com freqüência ouço alguns pares de ofício falar, com amargor no coração, que Capistrano de Abreu, Silvio Romero, Euclides da Cunha, Gilberto Freyre, Oliveira Vianna e tutti quanti, seriam autores que tiveram lá sua importância, mas que já estariam superados. O curioso é que não conheço um, dentre eles, que tenha deitado suas vistas nas obras da lavra desses senhores. Aliás, nem mesmo numa lauda que fosse. Julgo tais leituras relevantes por várias razões. Uma é para conhecermos alguns dos grandes mestres de nossa língua. Outra: para aprendermos a estudar e pararmos de palestrar sobre assuntos que desdenhamos de modo tão soberbo.


Pax et bonum
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