Por Dartagnan da Silva Zanela (*)
(i)
Fim de semana tem cheiro de
cozinha inundada com os mais deliciosos sabores e com as flagrâncias mais
saborosas que se misturam e se fundem com a presença dos amigos e da família;
são dias que tem gosto de saudade daqueles que não mais estão próximos de nós
com sua contagiante alegria.
Fim de semana são dias pios para
nos recolhermos e nos mantermos sob o abrigo da graça divina colocando-nos em
oração e em abençoada vigília; esses são dias em que nos recolhemos longe da
presença infecta do mundo para renovar nossas forças junto ao calor
santificante da família que permanece unida.
(ii)
Nada é mais humilhante que fundar a personalidade
- que construir o nosso caráter - sob o fundamento rasteiro e sujo de nossos
desejos e paixões carnais – pouco importando quais sejam eles.
No fundo, uma pessoa que assim procede, acaba
reduzindo a sua vida a uma caricatura grosseira de si mesma feita com o que há
de mais degradante e vil em seu ser.
De mais a mais, como é sabido por todos, ninguém
irá impedir alguém de expor-se a um vexame existencial dessa monta. Ninguém
mesmo.
Porém, todavia e, entretanto, não queira ser
tratado com deferência por escolher esse caminho, pois, exigir isso, apenas
aumenta mais ainda o ridículo dessa desorientação.
(iii)
O respeito não se conquista com estardalhaço, nem
com fervo, muito menos com escândalo. Somente crianças mimadíssimas agem assim
e acham bonito ser feinho.
Numa situação que não seja de anomia, a única
coisa que disparates desse gênero conseguem ganhar é umas boas palmadas na
bundinha. Só isso.
Todavia, na sociedade doentia em que vivemos, dar
chilique infantil, em idade adulta ou pueril, é visto pelos fantoches
ideologicamente desorientados, que se apresentam como a classe bem pensante de
nosso triste país, como sendo uma manifestação cristalina da tal criticidade e
desse trem fuçado que eles chamam pela alcunha de cidadania.
Enfim, seja como for, pouco importa o nome que se
dê a esses espetáculos de fingimento e futilidade que vez por outra tomam as
primeiras páginas dos órgãos de nossas fake news, porque, qualquer um que tenha
um mínimo de bom senso, sabe muito bem que desejo não é direito e que
expressá-lo escandalosa e histericamente não é cidadania nem aqui, nem na casa
do chapéu.
(*)
Professor, cronista e bebedor de café.
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