Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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QUANDO O VEXAME É GRANDE DE MAIS

Escrevinhação n. 772, redigida em 05 de agosto de 2009, 18ª Semana do Tempo Comum, dia de Santo Osvaldo de Nortúmbria.

Por Dartagnan da Silva Zanela

"A vergonha de confessar o primeiro erro nos leva a muitos outros".
(Jean de La Fontaine)
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Em uma de suas conferências o filósofo espanhol Julian Marias nos admoestava sobre o atual cenário de confusão moral que impera na sociedade moderna. Sobre esse ponto, o mesmo nos lembra que o problema maior não se vislumbrará em curto prazo, mas sim, a médio e longo prazo.

Atualmente, ainda se percebe claramente o contraste que há entre o cenário moral degrado reinante com outro em que isso não se via. Isso se deve ao fato de termos presente ainda pessoas que testemunharam o que é uma sociedade com um norte moral claro e o que é a atual que segue seus dias sem eira e nem beira.

Inclusive temos, ainda, o nosso testemunho pessoal, onde temos em nossa alma a clara percepção dos valores que nos foram ensinados e do que se está apregoando pelos quatro cantos de nosso país. E aí, neste ponto, que o finado filósofo espanhol indagava: e como será a sociedade humana quando não mais existirem essas pessoas que visualizam esse contraste? O que será da vida humana em sociedade quanto à confusão instaurada tornar-se a visão absoluta na perspectiva dos indivíduos?

Essas, creio, são as questões que não devem ser caladas de modo algum. Essas são as questões que deveriam nortear as reflexões e as ações pedagógicas. Quanto ao resto que é dito, sinceramente, não passa de colóquio flácido para nos idiotizarmos mutuamente fazendo pose de douto ignorante e nada mais.

Olha, de acordo com o professor (PHD em pedagogia) Luiz Carlos Faria da Silva, a taxa de analfabetismo adulto, desde 1979, caiu de 33%. Atualmente, está em torno de aproximadamente 12% da população adulta. Quanto ao acesso à instrução pública na faixa etária de sete a 14 anos tivemos o seu acesso universalizado. Que lindo, não é mesmo? Mas, exatamente, o que significa realmente a apresentação erística desses números bonitinhos, mas ordinários?

Exatamente isso. O aspecto vulgar com que nossa educação formal vem sendo tratada e reduzida a nível pueril. Para perceber isso não há necessidade de possuir um título douto. Basta que se olhe a realidade com os próprios olhos e compreender os problemas que se apresentam diante de nossas vistas em sua própria especificidade dispensando toda aquela masturbação mental feita em meio a toda aquela pústula ideológica que se apoderou das discussões em nosso país.

Quando o professor Farias da Silva nos lembra que, segundo os dados do SAEB (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica) 95% dos estudantes brasileiros que chegam a quinta série do Ensino Fundamental apresentam desempenho em leitura inferior ao mínimo esperado para esse grau de escolaridade, ele intenta simplesmente chamar a atenção para um dado fidedigno, para um problema autêntico. Infelizmente, ao que tudo indica, pouquíssimas pessoas estão interessadas em resolver problemas legítimos, porque isso dá trabalho, não rende pose de bom moço e não dá voto.

Mas esse é o problema que deve ocupar o centro das discussões de pais e professores que realmente são as pessoas de estão preocupadas com esse quadro aterrador. Os primeiros porque se trata do futuro de seus filhos e da sociedade em que seus herdeiros viverão e, os segundos, porque são testemunhas oculares desse processo de degeneração que vem sendo implantando gradativamente, onde nós, professores, somos agentes desse processo, conscientes ou não de sermos. Quanto aos burocratas e os intelectuais membros da burrizia, não dêem barda, porque a preocupação deles posar é apenas de posar de bom moço ou fingir preocupação por algo que, efetivamente, eles desconhecem e mesmo desdenham.

Dito isso, voltemos à questão do testemunho. Independente dos dados estatísticos e do cruzamento destes, seguido ou não de uma ponderação qualitativa e de uma devida depuração decadialética dos mesmos, todos nós, pais e professores, estamos testemunhando com os nossos próprios olhos que algo de muito errado, que algo definitivamente perverso tomou o lugar do que se conhecia tradicionalmente como educação.

Quanto um aluno visivelmente é incapaz de ler e interpretar um texto simples e de realizar as quatro operações matemáticas basilares é tido como apto e avança para a quinta série do Ensino Fundamental, algo de muito perverso está sendo realizado. Perverso mesmo, pois chamar isso de educação para “incluir” os “excluídos” é de um cinismo sem mensuração. Aliás, esse aluno foi incluído em quê?

Sabe, a educação atual em nosso país está cheia desse trololó politicamente-correto em um misto com aquela conversa fiada marxista doutrinária travestida com o eufemismo vazio de “educação crítica” juntamente com os seus putrefazes derivados que em nada ajudam na resolução desse problema. De mais a mais, efetivamente, quem desses doutos senhores e senhoras que adoram se apresentar como sendo os grãos-mestres do ato de educar já colocou os seus pés em uma sala de aula do ensino fundamental? Quem deles realmente aplicou as suas teorias demoníacas nas reais condições de trabalho que se apresentam nas Instituições de Ensino? Por fim, quais são os frutos que a aplicação dessas teorias nos apresenta?

Nunca é demais lembrar que a geração tenra não é e nem pode ser tratada como cobaia de teorias alienantes sem o devido consentimento de seus genitores e os professores, ao meu insignificante e pacóvio modo de ver, não pode compactuar com algo que tem intenções no mínimo suspeitas e que, efetivamente, tem apresentando resultados contrários ao que foi prometido como resultado. E pior! Dentro em pouco, essa geração educada nestes moldes estará ocupando cargos de poder em nossa sociedade. Já parou para pensar nisso com a devida seriedade? Se não pensou, pense, pois esse é o “X” da questão.

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