Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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MISTÉRIOS QUE REVELAM A VERDADE – parte IX

Escrevinhação n. 791, redigida em 10 de novembro de 2009, dia de São Leão Magno e Santo André Avelino.

Por Dartagnan da Silva Zanela

"A alma cristã deve fugir dos aplausos dos homens". (Santo Padre Pio de Pietrelcina)

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A Transfiguração de Nosso Senhor Jesus Cristo no Monte Tabor (Lc IX, 35). O quarto mistério luminoso. No alto do referido monte Cristo transfigura a sua forma humana em esplendor divino para São Pedro, São Tiago e São João. E, neste momento, surge em meio à luz a figura dos Profetas Moisés e Elias a conversar com Nosso Senhor sobre o que haveria de ocorrer com Ele. Dito isso, vamos diretamente a primeira questão que nos ocorre: por que num monte? Essa transfiguração não poderia ter ocorrido em uma planície ou em um vale? Por que em um monte? Na simbologia tradicional, as montanhas e montes são sempre apresentados como a morada da Divindade. Vale lembrar que o Cristo, passava muitos momentos junto de montes. Os mais especiais, destes, quando ele pronunciou o seu grande Sermão, o Sermão da Montanha, quando ele sofreu a transfiguração e quando ele foi Crucificado.


E mais, Tabor, ou HAR TAVOR, significa simplesmente monte da transfiguração. Ora, cada um de nós é chamado a transfigurar a sua vida da mediocridade cotidiana para a santidade. Para tanto, é fundamental que procuremos ascender, elevar a nossa vida para a altura dos montes, para melhor vermos a nossa pequenez diante da perfeição da criação e da sublimidade esplendorosa do Criador que Se faz manifesto em tudo e em todos e nós, por ignorância não somos capaz de ver e compreender.

Doravante, a Sua transfiguração dá-se junto de dois profetas: o “retirado das águas e que dá a luz” e “Javé é o meu Deus”. Esse é o significado respectivo dos nomes de Moisés e Elias. Ou seja, o Cristo manifesta a Sua face divina entre esses dois justos, simbolizando claramente que Ele é Aquele que reafirma que Javé é nosso Deus e que Ele, o Cristo, é quem nos dará a luz por ser a fonte da Luz (Lc IX, 29).


Mergulhando mais um pouco nas profundezas das palavras da Sacra Escritura, vemos na transfiguração de Nosso Senhor a própria imagem da Santíssima Trindade. Ele é o Filho de Deus e, como fora dita acima, Elias significa Javé é meu Deus, ou seja, representação de Deus Pai. Quanto a Moisés, Aquele que foi retirado das águas e dá a luz. Bem, o Espírito de Deus, no princípio, pairava sobre as águas (Gen I, 2), não é mesmo? Mesmo em meio as trevas o Espírito Santo pairava sobre as água até que Deus diz: “Faça-se a luz” (Gen I, 3). E foi no rio Jordão, junto as suas águas que o Espírito Santo manifestou-se sobre Ele (Mt III, 17).


Em continuidade, lembramos que Ele manifestou-se não diante de toda uma multidão e nem mesmo diante de todos os apóstolos, mas apenas diante dos três que havíamos citado linhas acima. E, por essa razão, indagamos, por que eles? Bem, um caminho possível para clareamento de nosso entendimento, é o significado do nome dos três apóstolos em questão. Creio eu que, deste modo, poderemos ter uma visão mais clara do caminho que é-nos apresentado neste mistério, caminho esse que devemos singrar para podermos nos fazer merecedor da Divina Luz.


Bem, os apóstolos eram a Rocha (Pedro), Deus é bondoso (João) e o que Suplantou e venceu (Tiago). Interessante nisso tudo é que Pedro, antes de ser Rocha era Simão, o Zelote. Simão quer dizer simplesmente “aquele que ouve” e Zelote, “zeloso”. Ou seja, Deus apresenta o esplendor de sua imagem para aqueles que deixaram de ser, digamos assim, molengas espiritualmente, e colocam-se para ouvir zelosamente a Sua Palavra para tornarem-se fortes como uma rocha e assim poder aceitar os desígnios da Bondade de Deus e, deste modo, suplantar e vencer as trevas do pecado que habitam em nós e, muitas das vezes, reinam em nosso coração.


Por essas e outras que Santo Agostinho nos ensina, através de seus passos, que ele havia procurado Deus em todos os cantos do mundo, nos lugares mais altos e nos recônditos mais discretos e foi justamente nos átrios de seu coração que ele O encontrou e é no alto deste monte que devemos procurar a Sua luz. É no centro de nosso ser que devemos procurar Aquele que é o centro da Vida.


E é justamente isso que a voz que vem das alturas nos diz (Lc IX, 35): "Este é o meu filho, o meu eleito. Ouvi-o". Entretanto, o que nos chama a atenção, ao menos a atenção desse indigno missivista, é que antes destas palavras serem ditas os três apóstolos que se faziam presentes, eles foram tomados por um grande sentimento de medo (Lc IX, 34). O que isso quer dizer? O que isso tem a nos dizer? Simples: "O temor de Deus é princípio de Sabedoria" (PRO I, 7). “Toda a sabedoria é temor do Senhor e em toda sabedoria está a prática da lei” (Sri XIX, 20). Ora, temer a verdade é aceita-la prontamente. Verdade aprendida é verdade obedecida como nos ensina Platão. Temer a Deus é desejar sinceramente que a Sua vontade impere sobre a nossa, é desejar que a Luz da Verdade nos liberte das trevas das opiniões, das aparências e das sobras presentes no mundo e em nossa alma. Porém, como nos ensina o Santo Padre Pio de Pietrelcina, "O impulso de permanecer em paz eternamente é bom e santo, mas é preciso modificá-lo com a completa resignação à Vontade Divina", por que não é Deus e seus ensinos que devem ser mudados por nós, mas nossa pessoa, nosso ser, por Ele.


De mais a mais, todo aquele que erra teme a correção porque toma por medida de sua vida a Verdade. Aqueles que vivem no erro (e mesmo o amam) odeiam a Verdade porque tomam como medida da existência a sua própria ignorância da realidade. Infelizmente, uma alma tão fora de seu centro assim o é: imersa em seus devaneios, em suas ilusões, em sua pseudo-medida de si e de mundo, medida essa que é adorada e idolatrada como se fosse "a verdade", mas que, no fundo, não passa de uma expressão desesperada de uma mente agonizante em sua própria soberba que ama todas as novidades que lhe são apresentadas como se elas fossem uma espécie de panacéia para os seus males e esquecem-se o quanto que os problemas da vida são simples e o quanto que os seus remédios são antigos e perenes.


Para tanto, basta voltarmos nossas vistas para o monte que há no âmago de nosso ser, deixar de moleza para com nossa desídia espiritual e subi-lo para assim reencontrarmos o centro de nossa vida, junto Àquele que é o Sol irradiante da Vida para que possamos transfigurar a nossa vida turva em uma existência justa.


Pax et bonum

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