Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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NEM UMA COISA, NEM OUTRA

Escrevinhação n. 913, redigido em 28 de setembro de 2011, dia de São Wenceslau.

Por Dartagnan da Silva Zanela

Confesso que durante algum tempo de minha parva vidinha, aquela velha querela sobre benevolência ou a malevolência da natureza humana ocupou uma boa parcela de minha atenção. Hobbes e Maquiavel de um lado, Rousseau e Montaigne do outro, sem contar as inúmeras outras almas que inclinavam sua pena para uma ou outra coluna desta peleja. Todavia, sejamos francos: não estamos com essa bola toda.

A questão está muito elevada meu caro Watson. O ponto não é sabermos se somos bons ou maus por natureza, porque não somos uma coisa nem outra. Na verdade, somos fundamentalmente mesquinhos e medíocres. Estamos muitíssimo distante da grandeza de um Santo ou da imagem titânica de um monstro. Poucos são os que se elevam a essas altitudes. A maioria dos reles mortais como eu e você não passam de seres diminutos com preocupações e intenções mesquinhas.

Sim, somos isso mesmo meu caro. Mesquinhos. Nos julgamos seres muito justos mesmo que não o sejamos, mesmo que nunca tenhamos tido a coragem necessária para agirmos de modo reto. Na maioria das vezes apenas nos comportamos de acordo com os clichês de bonzinho e mauzinho que nos são apresentados pela sociedade e agindo assim nos sentimos confortáveis, seguros em nossa pequenez moral. No fundo, no fundo, não queremos agir de modo justo, mas apenas que as pessoas superficiais, como nós, aceitem-nos em nossa pacoviedade.

A grandeza, entre nosso meio, é apenas um disfarce momentâneo nas ocasiões onde a mediocridade se torna tamanha que ficamos envergonhados de nossa similaridade com a imagem que nos faz corar. Aí posamos de bons cidadãos, de bons pagadores de impostos injustiçados pelo tal sistema, vexados pela endêmica corrupção que assola o país e todo aquele blablablá, todo aquele velho clichê que nos faz rapidamente parecer uma pessoa boazinha angustiada em meio a tantos seres malvados.

Todavia, sabemos bem que não é nada disso. Apenas não queremos admitir que parte do lamaçal que infecta a sociedade é parido por nossas entranhas e, por isso, mais do que depressa, agimos de modo similar a um garotinho que brincava com os coleguinhas na lama e que, dissimuladamente, aponta o dedo para os pares dizendo: “a idéia não foi minha! A Culpa é do Fulado e do Beltrano!”

Sem mais delongas, para elevarmo-nos deste escroto estado, seria de fundamental importância que agissemos como pessoas maduras, assumindo a responsabilidade por nossas vidas sem ficar à procura de bodes expiatórios para depositar nossas culpas. Todavia, como bem sabemos, é mais cômodo colocarmos a culpa em outros que, como nós, também não se vêem como culpados de nada, nem mesmo pelo que somos neste turvo império da mediocracia.

Pax et bonum
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