Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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IN MEMÓRIA: ISABEL, A REDENTORA

Escrevinhação n. 921, redigido em 22 de novembro de 2011, dia de Santa Cecília e do Bem-aventurado Tiago Reggio.

Por Dartagnan da Silva Zanela

No ano da Graça de 1888 fora assinada a áurea lei que dava um golpe capital ao regime escravocrata que maculava a marejada face desta mãe gentil. O jornalista abolicionista José do Patrocínio, nesta abençoada data, adentrou o recinto imperial e atirou-se junto a seus pés da senhora das mãos justas que empunharam a bendita lei e, tomado por prantos de júbilo, disse que a História sempre haveria de fazer jus à Princesa Redentora.

Todavia, Dona Isabel não apenas assinou a lei de 13 de maio. No correr de sua vida, desde a sua mocidade, fiou-se na luta abolicionista. Inúmeras vezes ela abrigou, escondeu, escravos fugitivos em sua residência, financiou a alforria de inúmeros escravos com seus próprios recursos e apoiava abertamente o Quilombo do Leblon. Cade destacar o fato de ela participar ativamente dos trabalhos do movimento abolicionista, inclusive na arrecadação de fundos que eram utilizados para comprar a liberdade de cativos.

A princesa das camélias era uma Cristã Católica devotíssima de Nossa Senhora Aparecida, tendo visitado inúmeras vezes o santuário mariado da Virgem Negra. Inclusive, presenteou a Coroa de Nossa Senhora da Conceição Aparecida (uma promessa) que, em 08 de setembro de 1904, foi utilizada na coroação da Rainha do Brasil.

Em sua capela particular (como em toda residência), as camélias brancas, símbolo do abolicionismo, se faziam presentes como um sinal claro de seu engajamento. De maneira especial em sua capela onde, em suas orações, pedia por aqueles que ela lutava.

Joaquim Nabuco, outro grande abolicionista, declarou que o preço da abolição da escravidão seria o trono daquela que teria sido conhecida como Dona Isabel I, imperatriz do Brasil. Ele estava certo mais uma vez.

Infelizmente, a Redentora não teve tempo de realizar outro sonho seu (de Joaquim Nabuco e doutras aquilatadas almas), que era a indenização dos escravos via reforma agrária. Ainda, é importante lembrar, que a princesa Isabel, por sua abnegada dedicação a causa da liberdade, foi condecorada com a Rosa de Ouro pelo Papa Leão XIII.

Por fim, lamento meu caro José do Patrocínio, mas, a sociedade brasileira hodierna não mais honra devidamente a memória desta grande Estadista, desta singular Cristã. Prefere-se, em seu lugar, a memória de um homem autocrático, que tinha muitos escravos, caçava outros tantos nas fazendas próximas de seu reino (Palmares) e que tratava com grande crueldade os mesmos. Quanto à ideia de abolição, essa via-se ausente de seu horizonte de consciência.

Essa vil troca, de Isabel por Zumbi, mostra-nos em que estado encontra-se a nossa consciência da dignidade humana nesta terra de desterrados.

Pax et bonum
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