Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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O OLHAR PACIENTE DO BURRO

Escrevinhação n. 938, redigido em 19 de março de 2012, dia de São José, esposa da Virgem Santíssima.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei dos reis, escolheu um burro para adentrar a cidade de Jerusalém. Mas porque não um cavalo? Sim, os cavalos são majestosos, imponentes e altivos, tal qual os senhores deste mundo. Mas, todos sabemos, que o Reino de Cristo não é deste mundo, por isso, o burro. Animal humilde, manso e silencioso, bem mais apropriado para simbolizar o caminho que nos leva à Verdade.

Todos sabemos, na mesma proporção que esquecemos, que são os humildes que compreendem o significado pleno da Cruz, são os mansos que abraçam o madeiro. São os silenciosos que, contritos, cingem os seus passos pela vereda que nos leva a viver uma vida Verdadeira, sem dualidade entre palavra dita e o verbo vivido e, deste modo, negando a língua bipartida que há em nós e que tanto insiste em apartar o que é conveniente do que é urgente ser testemunhado.

Neste sentido, temos muito que aprender com o burrinho que carregou o Verbo Divino encarnado. O caminho que leva a Ele, que é a Verdade, nos é ensinado por esse animal, pela sua figura. Aliás, cabe lembrar, que humildade não é sinônimo de encenação de coitadinho da praça dos desterrados, não mesmo. Ser humilde faz coro com a disposição de vergar nosso ego inchado diante da Verdade para unirmo-nos a Ela, carregando-a, como faz o pequeno moar. E é nesta vereda que a mansidão e o silêncio enchem-se de plenitude preenchendo-nos com o luminoso conhecimento da Verdade e, não mais, por nossas ocas opiniões.

Que bom seria se atinássemos nosso passo na via seguida pelo burrinho. Bom seria, porém, sabemos que não fazemos isso.

Na real, seguimos à margem da estrada e, em um primeiro momento, estamos, assistindo a Sua entrada na Jerusalém de nossa alma, inclusive O saldamos como sendo o Rei do reis, deitamos nossos mantos de vaidade e orgulho para Ele passar, porém, o fazemos com todo aquele requinte de fingimento.

Tanto é que, as mesmas vozes que O recebem como Senhor são as mesmas que gritam para crucificá-lo. Tudo isso na mesma semana. E assim nosso coração age em suas voltas, sempre seguindo a roda viva de turvos passos, similar a folhas secas jogadas ao vento, sepultando entre as mãos nossa consciência letalmente ferida.

Fim de jogo. Declaramos, de maneira soberba, que sabemos qual é o caminho que deve ser trilhado pelo justo ao mesmo tempo em que enterramos, sem cerimônia, as sandálias que poderiam nos levar à renovadora e vivificante presença Daquele que é a Verdade.

Pax et bonum
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