Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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PARTILHA SOLITÁRIA EM POUCAS PALAVRAS – parte III

Escrevinhação n. 847, redigido em 29 de agosto de 2010, dia da Bem-aventurada Joana Maira da Cruz e do Martírio de São João Batista.

Por Dartagnan da Silva Zanela

“A verdade é o alimento da alma”.
(Sto. Agostinho)

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“Se alguém quiser me seguir, renuncie a si mesmo, toma a sua cruz de cada dia, e então me siga” (Lucas IX; 23). Muita coisa pode ser dita a partir deste pequeno e luminoso versículo das Sagradas Páginas, principalmente se refletirmos sobre o guiamento que este apresenta aos homens de todos os tempos e, principalmente, para nós que vivemos nestes degenerados dias.

Um ponto bem simples e que é sumamente desdenhado pelos relativistas que em suas comparações irresponsáveis e levianas costumam comparar uma religião com outra como se fossem realmente idênticas, tipos do mesmo gênero, sem se perguntar quem é Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele não é um líder, nem um profeta ou um simples sábio. Ele é o Verbo divino encarnado. É Deus que se fez homem para nos lavar de nossas pustulentas chagas e nos reavivar no real sentido da vida humana.

Por isso, seguir o Cristo é seguir a Verdade divina que se fez carne e sangue entre nós. Cotidianamente, seguir ao Cristo é literalmente procurar fazer da procura pela Verdade o caminho de sua vida. Aliás, viver verdadeiramente significa procurar ser humanamente verdadeiro em cada gesto de nossa vida, convertendo nossa vida em uma grande prece que seja recitada em espírito e verdade (João IV, 23) permitindo, deste modo, que sejamos elevados com ela transfigurando-nos na medida em que somos capazes de amar sinceramente a verdade e, principalmente, a procura por ela.

De mais a mais, como nos ensina São Dionísio Areopagita, o tende sempre à união como o objeto amado. E aí vem a nossa mente a primeira inquirição: em que medida realmente amamos a verdade? Em que medida realmente a procuramos? O dito popular que afirma que a verdade deve ser dita doa a quem doer é facilmente de ser entoado, porém dificilmente vivido e praticado.

Opa! Sem delongas, lembramos que não nos referimos a aplicação deste dito no anunciar verdades em público, não mesmo. Referimo-nos a condição fundamental de sermos capazes de fazer isso intimamente, de confessarmos francamente perante o tribuno da consciência quem nós somos. Quem realmente somos.

E o Verbo divino que Se fez carne sabe desta dificuldade que há em nosso coração, sabe claramente do quão pedregoso é o terreno do jardim de nosso mundo interior que já nos advertia que se formos seguir a Verdade em seu caminho para termos vida real nós temos que, primeiramente, renunciar as nossas verdades, as nossas pseudo-verdades, esvaziando e limpando nossa alma do entulho mundano para que esta possa ser habitada pela Sabedoria.

Muito bem, mas o que significa isso? Significa que devemos ser realista para conosco mesmo. Significa que devemos ser humildes e curvar nossa inteligência diante do Real para que esse possa nos elevar e nos iluminar interiormente. Podemos comparar nossas pseudo-verdades (opiniões) com uma porção de água infecta que está em um copo (nossa alma). Todo dia recebemos uma boa dose de água cristalina da Verdade. Todavia, misturamos esta com a nossa água sórdida. Trocando por miúdos, não é que a Verdade complementa nossas opiniões. A Verdade nos liberta delas (João VIII; 32).

Naturalmente, meu caro, que tal tarefa não é fácil. Por isso, abraça a sua cruz, dia após dia, e siga aquele que É o Caminho, a Verdade e a Vida. Nós não nos tornamo dignos da noite para o dia, não nos encontramos com a Verdade em um reles estalar de dedos, não mesmo. Leva-se literalmente uma vida inteira de dedicação e zelo, disciplinando-nos nesta via para que Ela nos discipline.

Esse é a senda para formação de uma pessoa digna, prestativa e boa. E o que marca essa vereda é o sacrifício. A formação de uma pessoa que seja cônscia da necessidade de se realizar gestos de auto-sacrifício na consagração de nossa vida a algo que seja Vida.

Falando em português bem claro, uma boa educação não se mensura por dados estatísticos ou pela quantidade de disciplinas que integrem o currículo. Ela se avalia pelo senso de responsabilidade que se cultiva na alma do mancebo levando-o a compreender uma lição muitíssimo simples: se desejamos realmente realizar algo de significativo em nossa vida, teremos de sacrificar um prazer momentâneo em nome da pessoa ideal que pretendemos ser.

Mas, como hoje poucos desejam conhecer e abraçar a sua cruz e seguir o Caminho que pode nos levar a transfigurar-se é que temos uma sociedade onde vergonhosamente os indivíduos se orgulham de sua ignorância, onde se considera uma vida bem vivida quando esta é entregue a corrupção. Uma vida assim vivida, não é vida humana e muito menos animal. É infra-humana. Compreender isso, em nosso ver, é capital para que de maneira sadia possamo-nos realizar como pessoa.

Pax et bonum
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