Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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ME ENGANA QUE EU GOSTO


Escrevinhação n. 949, redigido em 03 de junho de 2012, dia de Santa Clotilde e de São Carlos Lwanga e companheiros.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Sempre desconfio daqueles que se autoproclamam portadores monopolistas das virtudes humanas. Em regra, quando mais esses tipos enaltecem as suas ditas qualidades morais, mais eles se tornam cegos frente aos seus vícios mais patentes. E, no Brasil, em um ano eleitoral, isso chega a um nível de absurdidade sem precedentes, diga-se de passagem.

De alto a baixo aparece, nos círculos de conversa miúda, que abundam nestas plagas, toda ordem de trololós moralistas tão chatos quanto fingidos. Todo mundo diz estar de saco cheio da corrupção reinante, da perversão do serviço ao bem comum, dos escândalos que não mais escandalizam ninguém, de tudo, menos de si mesmos.

Sem ofensas, mas, certo estava Capistrano de Abreu que há muito afirmou que o problema de nossa pátria é a falta de vergonha na cara. Bem, esse era o problema, visto que, a pouca vergonha que nos restava foi perdida. Agora não mais temos o problema da falta, mas sim, da inexistência de tal vergonha.

Ora, uma sociedade que realmente possa dignar-se de ser democrática tem que ter suas colunas firmadas na alma de um povo, não de uma massa amorfa e chula como a brasileira. Vivemos, inegavelmente, em uma oclocracia, onde as massas veem-se manipuladas ciclicamente pelas oligarquias existentes que tudo fazem em nome da tirânica estupidificação geral e irrestrita da nação.

Quando afirmamos isso, não estamos nos referindo aos trabalhadores sofridos. De jeito nenhum! Estes, de modo geral, cumprem com os seus deveres e literalmente carregam a nação em suas costas, bem diferente daquela faixa da população que se vê investida de cargos e diplomas, que muito mais ostentam esses papeis tingidos do que cumprem com os deveres que lhe são inerentes. É nesta faixa da sociedade que reside à grande porção de desavergonhamento e é justamente entre estes que ouvimos os mais elevados gritos de indignação fingida.

Não estamos dizendo que não podemos ficar indignado. Claro que podemos! Quem sou eu para dizer o contrário? Apenas digo que isso é ridículo, principalmente quando o indignado é tão indigno quando o objeto indignante.

Não está claro? Então recorramos a um exemplo. É comum vermos pessoas diplomadas rindo garbosamente da ignorância e inépcia de nossos parlamentares quando são interpelados por comediantes que lhes fazem perguntas de conhecimento geral. Bem, o cômico nisso tudo não são os parlamentares, mas sim, vermos aqueles que riem da ignorância destes não enxergarem a própria estultice.

Pois é, os primeiros têm os seus cargos e mentem frequentemente com vistas a obter vantagens. Já os segundos têm seus diplomas e fingem constantemente para não cair no ridículo de sua parva existência.

Pax et bonum
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