Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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UMA CICUTA CONTRA ATENA


Escrevinhação n. 971, redigida em 12 de outubro de 2012, dia de Nossa Senhora Aparecida e de São Serafim de Montegranaro.

Por Dartagnan da Silva Zanela

O medo é uma praga que degrada a inteligência humana. Aliás, é um veneno! Porque a verdade não é uma dama que geralmente se apresenta de maneira gentil. Na maioria das vezes ela é agressiva e desnuda-nos de nossas vestes cotidianas, de nossos andrajos rotos de mentiras e dissimulações que utilizamos diuturnamente para posar aos outros, e a nós mesmos, com uma dignidade que nunca tivemos e que, de fato, nunca desejamos.

A verdade caminha sempre imponente, desnuda, por entre a multidão que dissimula superioridade com palavras ocas. Caminha por entre as almas que exigem respeito de tudo e de todos para melhor esconder a sua mesquinha existência. A nudez da verdade enfurece os hipócritas que se negam a enxergar a dureza dos fatos.

Ela não faz cerimônia. É direta e sagaz com suas pedradas que machucam nosso ego inflado. Derruba-nos de nossa orgulhosa montaria e atira-nos junto ao pó do duro chão da realidade, fazendo-nos sentir só e abandonados.

Por isso temos, muitas vezes, medo de ouvir e falar a verdade e, por essa mesma razão, que ele, o medo, é emburrecedor. Se tememos o conhecimento da Verdade, dia após dia, tornamos mais e mais nossa vida uma grande farsa que nos impossibilita de agir dignamente por amarmos muito mais a imagem que os outros fazem de nossa pessoa que aquela que devemos ser.

Em ambos os casos, por medo, destruímos nossa personalidade e aviltamos nossa dignidade simplesmente porque fechamos os olhos negando-nos a ver o óbvio ululante. Retraímo-nos, negando-nos a agir. Ver e saber o que é certo e não fazê-lo por medo, enfraquece nossa inteligência, porque esse sentimento materializa-se em hábito. O hábito molda nossa maneira de ser, perceber, compreender e avaliar a realidade e, deste modo, facilmente, nos bestializamos.

Da mesma forma que uma atividade física exige de nós certos sacrifícios para atingir a finalidade a qual esta se destina, toda atividade intelectual exige também certos holocaustos. Resumindo: o cultivo da inteligência exige, inevitavelmente, que o amor à verdade seja maior que nosso apreso pelas companhias ordinárias, pela nossa imagem pública, pelos cargos, títulos e distinções sociais.

Por isso, meu caro, se seu coração está voltado muito mais a estas do que a procura abnegada e solitária pela verdade, fuja louco! Porque quem ama a superficialidade das aparências jamais poderá contemplar as essências.

Sinto muito.

Pax et bonum
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