Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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PARA APRUMAR O RUMO


Escrevinhação n. 973, redigida em 22 de outubro de 2012, dia de São Donato, do Bem-aventurado Contardo Ferrini e do Beato João Paulo II.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Gente entusiasmada, boazinha, confesso, deixa-me entediado. Na verdade, desconfio argutamente de todos aqueles rostinhos que tanto se esforçam em mostrar o quando que eles são legais. Gente muito bacana me dá medo. Pra falar a verdade, sete tipos.

Por favor, não me entendam como um sujeito azedo, de mal com a vida. Imagino que não o seja. O que professo nestas linhas é que o sinal mais claro da crueldade demasiadamente humana são rostinhos que procuram a todo o momento dissimular aquele sorrisinho de paisagem.

Hoje, mais do que nunca, esquecemo-nos que o mal não se apresenta de maneira abrupta, confessando diretamente as suas turvas intenções. Este, por definição, caminha de mãos dadas com a boniteza forçada. O bicho é safado, sedutor, atrai-nos sempre através de nossas fraquezas que não são poucas, diga-se de passagem.

Aliás, nisto a sabedoria popular é pontual quando declara que quem vê cara não vê coração e como, atualmente, desaprendemos essa técnica, se assim podemos chamar, de enxergar para além das aparências. Para ser franco, tanto desaprendemos como desdenhamos esse refinado discernimento.

Muito disto deve-se aos alicerces relativistas da cultura contemporânea. Se tudo é relativo o único ponto absoluto que passa a ser reconhecido é a nossa relativa e parca percepção da realidade. A presença total da realidade dá lugar à superficialidade do olhar que facilmente encanta-se com as lindezas aparentes. Deste modo, abandonamos o senso do real, viramos as costas para a presença da Verdade e apegamo-nos a qualquer sensação ilusória e prófuga, como nos lembra o Beato Papa João Paulo II.

Não existe nada mais superficial e ilusório do que pessoas esforçadas em parecerem boazinhas e progressistas. Para elas, a verdade não é a realidade. No entender delas, a verdade é o seu olhar minguado sobre a realidade.

No fundo, toda essa casquinha de verniz relativista (politicamente-correto) é indispensável a essas pessoas para ocultar a sua face ressentida, para camuflar o seu rancor original. Casquinha que facilmente trás á luz a leviandade que habita o fundo destas carcomidas almas que vêem a presença do mal em todos, menos nelas, que percebem a corrupção em todos, menos em seus corações e que, com seus dedos, apontam as contradições das instituições sem atinar para o próprio reflexo presente na superfície do objeto de sua repulsa. Essas almas sebosas são extremamente hábeis em criticar tudo, menos a si mesmas e, quando o fazem, assim procedem para melhor justificar a sua pseudo-superioridade.

Sim, há um pouco da presença desta súcuba em cada um de nós. Aceitar essa realidade é o primeiro passo para deixarmos de ser uma ninharia (des)humana travestida de bom-moço para sermos simplesmente alguém que aceita o desafio de viver a realidade em suas agruras no sentido pleno da palavra.

Pax et bonum
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