Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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O latim e o baile funk


Por Leonardo Bruno

Confesso nada entender a respeito de lingüística. Pergunto-me se há alguma utilidade efetiva para essa "ciência" esquisita (talvez a finalidade maior seja a de empregar lingüistas). Quando eu ouço o lingüista falar, lembro imediatamente da bizarra figura do antropólogo, cujo ganha-pão, segundo o jornalista Janer Cristaldo, é o índio. Ambos são profissionais que falam jargões quase incompreensíveis e, por vezes, absurdos. Se o lingüista, muitas vezes, pode ser o relativista da língua, o antropólogo é o relativista da cultura. O primeiro parece negar qualquer padrão aceitável do idioma. Já o segundo afirma que nenhuma cultura é superior a outra: todas se equivalem.

Desse modo, para o antropólogo, os nossos juízos, valores e idéias são apenas reflexos de uma cultura em particular. É necessário indagar como alguns lingüistas estudam e identificam o idioma, se não aceitam padrões claros que definam a sua existência. Ou mesmo o antropólogo, que deve se achar acima de todas as culturas, para afirmar que a sua antropologia sirva para analisar todas elas. Não falo sobre todos os lingüistas e todos os antropólogos, mas tão somente sobre os lingüistas e antropólogos mais comuns. Há exceções notáveis. Contudo, a regra é de assustar.

O famigerado "preconceito lingüístico" de Marcos Bagno é a moda acadêmica da atualidade incultural brasileira. Para ensinar o português, não é preciso mais ensinar a gramática. Qualquer fala ou qualquer escrita, por mais insuficiente, confusa ou ininteligível que possa ser, deve ser aceita como forma válida de comunicação. (Mesmo que ninguém mais entenda a norma culta ou consiga ler, entender e falar em vernáculo correto.) A gramática, a literatura e a história da língua são apenas meios opressivos de classe, de ideologia e de condição social, prontos a discriminar os pobres burrinhos. Corrigi-los é um crime de lesa-pátria e despotismo abomináveis! O objetivo maior é fomentar a rebelião da classe iletrada contra o homem instruído e suas engrenagens de exploração (a literatura e a gramática), tal como o proletariado deve combater o burguês e a sociedade capitalista! Em suma, Camões e Machado de Assis deveriam ser fuzilados em nome da revolução! Ou no mínimo, queimados na fogueira. É a luta de classes no universo da língua, dos oprimidos analfabetos contra os opressores alfabetizados. Analfabetos de todo o mundo, uni-vos! [continue lendo]

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