Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
(i)
Não leve as suas ideias muito a
sério. Não mesmo. Todavia, procure, na medida do possível, fazer tudo que está
sob sua responsabilidade com a devida seriedade sem ficar ideiando bobagens.
(ii)
Quando o caos se instaura, fica
difícil de rastrear os responsáveis diretos e indiretos, de verificar como os
atos desse, daquele e, obviamente, também os nossos, se entrelaçaram para gerar
a cama de gato onde todos padecem. Uns mais, outros menos, mas todos sofrem
tendo de carregar consigo a sua fatia de agonia. Na verdade, pra ser bem
sincero, não é difícil fazer esse rastreamento não. O problema é que sempre é
muito mais cômodo para nossa consciência afogada em auto piedade procurar um
culpado para os males que nos assolam do que entender o que realmente está
acontecendo e admitir a nossa dose de culpa.
(iii)
Depois da tragédia capixaba
quantos serão os caras de pau que irão levantar a voz para falar qualquer coisa
sobre o tal desarmamento e a respeito da dita cuja desmilitarização da polícia,
quantos?
(iv)
Escarnecer do padecimento alheio
é feio pra caramba. Como é. Agora, cinicamente fazer isso com aquele que sofre
por causa da consequência direta de seus atos é cretinice no mais elevado grau,
indigno até mesmo para mafiosos da pior espécie.
(v)
Não se leve tão a sério assim.
Não vale a pena. Mas leve a sério a realidade e a forma como nos situamos nela
para vê-la, amá-la e entende-la.
(vi)
Os idiotas levam muitíssimo a
sério as suas ideias de fuinha. Muitíssimo. Os imbecis, por sua deixa, preferem
cultivar um senso escroto de humor para valorizar as mesmíssimas tranqueiras.
Enfim, o que diferencia um do outro é apenas uma questão de estilo. Só isso e
olhe lá.
(vii)
Quando o sofrimento é grande, e a
alma também, ele é suportando silenciosamente. Se a alma é miúda qualquer unha
encravada torna-se um pé de briga com Deus e o mundo.
(viii)
Desprezar o poder e suas
tentações é a única fonte autêntica de liberdade. Todo o resto é servidão.
(ix)
Quando a balburdia é a linguagem
vigente o silêncio é o único companheiro que pode nos aconselhar
verdadeiramente.
(*) Professor, cronista
e bebedor de café.
Nenhum comentário:
Postar um comentário