Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
(i)
Qual é porção de atenção que nossas
palavras merecem? De cinco a dez por cento do tempo que foi dispendido por nós
para elaborar isso ou aquilo que pretendemos que seja ouvido por nossos
semelhantes.
Por isso que, sinceramente,
considero uma baita sacanagem quando um sujeito pede nossa total atenção para
algo que ele nunca havia pensado até o momento em que resolveu abrir a sua boca.
Tal atitude seria similar a do
sujeito que soltou uma flatulência e quer que os outros cheirem na marra aquele
troço que foi gerado sem um mínimo de esforço e que, como todos sabem, não tem
valor algum.
Enfim, assim o são todas as
opiniões emitidas sem um mínimo de consideração pelo conhecimento que necessariamente
deveria fundamentá-las. Ponto.
(ii)
Com muita facilidade a covardia
moral confunde-se com a virtude cardinal da prudência. Não se engane! A
prudência, enquanto mãe de todas as virtudes, é a conquista da sabedoria; já a
covardia moral, fantasiada da referida virtude, nos avilta e nos estupidifica
sem a menor cerimônia em nome de nossa cobardia fundamental. Enfim, por essas e
outras que, definitivamente, autoengano maior que esse não há.
(iii)
Bom mocismo não passa de malícia em
misto com uma covardia moral sensibilíssima. Isso tudo bem juntinho, misturado
e mal disfarçado de virtude é o tal do bom mocismo. E põe mal disfarçado nisso.
(*) Professor, cronista e
bebedor de café.
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