Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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NÃO É FÁCIL, MAS É DIVERTIDO

Escrevinhação n. 779, redigida em 08 de setembro de 2009, dia de São Tomás de Vilanova e São Sérgio I, Natividade de Nossa Senhora.

Por Dartagnan da Silva Zanela

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Um dos exercícios mais austeros que existe para a formação do caráter de um homem é o de mergulhar em meio à turba e, em seguida, entregar-se de corpo e alma a um retiro solitário para meditar sobre o que foi experimentado neste torpe mergulho nos mares sufocantes da multidão.


Diuturnamente temos esse contato direto ou virtual com as multidões. Logo pela manhã, quando ligamos o televisor, ou quando pregamos nossos ouvidos na rádio de nossa preferência, ou quando deitamos nossas vistas no jornal de nosso gosto, ou simplesmente quando nos vemos imersos em meio à turba, permitimos por meio desses subterfúgios, que nossa alma seja invadida por toda ordem de tormentos, com questões e indagações que, necessariamente, não são nossas e que não dependem de nossa deliberação.


E o pior de tudo é que permitimos essa invasão de bom grato. Acreditamos que estamos nos tornando melhor por nos permitir esse papagaiar sobre assuntos que, até aquele momento, literalmente não nos interessa e que, falando francamente, continuam a não nos interessava, mas que, por leviandade de nossa natureza, passa a ocupar o centro de nossa mesquinha vidinha.


Sem nos darmos conta, acabamos por autorizar a massificação de nossa alma e cremos que tal impostura de nossa parte é um grande feito, visto que, estamos falando sobre as mesmas coisas com a mesma propriedade com que todos falam. Ou seja: praticamente nenhuma. Entretanto, como a autoridade requerida pelo homem-massa orteguiano é a mediocridade, tudo se resolve na mera dissolução da dignidade que habitava nosso horizonte para que o fingimento possa majestosamente reinar em nosso deprimente semblante.


Mas não nos preocupemos se constatamos que tais sintomas nos afetam. Se diagnosticarmos que fomos contagiamos pela virose do auto-engano e, conseqüentemente, contraímos com a enfermidade da imbecilização coletiva voluntária, não há precisão de entrarmos em desespero, pois o antídoto é mais fácil de ser ministrado do que a doença de ser adquirida.


Primeiro passo é perguntar-se por que devemos estar informados sobre assuntos que não nos dizem respeito a nossa pessoa? Se diz, sejamos francos, isso é realmente bom? É necessário que o saibamos? É verdadeiro? Se o é, o é em que medida? Ou se preferir, sejamos mais francos conosco: por que isso ou aquilo que nos é informado de assalto deve merecer a nossa atenção?


Como vocês podem perceber meus caros, tais questões se encontram presentes em historietas que fazem parte da sabedoria popular e nós, não sei por que cargas d’água, não lhe damos a devida atenção. Nos importamos tanto com as futilidades políticas que, em regra, sabemos sempre como terminam, que nos esquecemos de conhecer melhor essa pessoa tão íntima de nós: nós mesmos. Damos tanta atenção às notícias sobre as palhaçadas desses mendigos de palanque, os nossos políticos, que acabamos por desdenhar por completo o exercício do auto-conhecimento que é fundamental para se entender até mesmo esses biltres que nos (des)governam.


Nós estamos tão formatados há sempre imaginarmos que tudo o que pensamos deve ser sempre voltado para mudar ou afirmar o mundo que nos esquecemos de nos dedicar devidamente a nos conhecer como pessoa para que possamos ser mais nós mesmos, para sermos mais aquele “Eu” que devemos ser. De mais a mais, seja franco com você mesmo: qual a relevância de tudo aquilo que você fala a respeito dos “problemas do mundo”? Patético, não é mesmo?


Por isso, afastar-se da turba e entregar-se à um retiro solitário, de apenas um dia que seja, em um bosque, a beira de um rio, caminhando a beira da estrada, em casa, o local pouco importa. O que interessa realmente, e nos permitirmos um momento de solidão, freqüente, tendo apenas como companhia Aquele que É.


O amigo pode até achar tudo isso uma grande patacoada, todavia, quantas vezes na vida você fez isso? Talvez, penso eu, essa seja uma boa oportunidade para dar aquela atenção para sua pessoa que você realmente merece e que a turba secular é incapaz de lhe proporcionar. Quer dizer, isso se você merece ter a sua própria atenção, não é mesmo?


O que você me diz?


Pax et bonum
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