Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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MISTÉRIOS QUE REVELAM A VERDADE – parte XVIII

Escrevinhação n. 804, redigido em 12 de janeiro de 2010, dia de Santo Antônio Maria Pucci.

Por Dartagnan da Silva Zanela

“Somos bons na medida em que somos”.
(Sto. Agostinho)

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Terceiro mistério Glorioso do Santo Rosário: Descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos e sobre a Santíssima Virgem Maria no Cenáculo (At II; 1-13). Lá estava a Virgem e os Apóstolos no cenáculo quanto e eis que o Espírito Santo desceu sobre suas cabeças. Mas, por que no cenáculo? Não poderia ser em um outro lugar? Bem, podemos ponderar sobre a função de um cenáculo que nada mais é do que uma sala para realização de jantares e ceias. É onde nos alimentamos. Muito apropriado para a decida daquele que age na alma e a vivifica.

Nunca é demais lembrarmos que quando as Letras Sagradas estão nos falando de alimentação, de comida, estas estão nos falando de conhecimento, da ação e dos efeitos do conhecimento em nossa vida. Ora, um bom alimento para o corpo torna-o mais sadio e apto para determinadas atividades. A ausência deste pode até mesmo nos impossibilitar de algumas atividades, podendo até mesmo nos deixar seqüelas insanáveis. Bem, se assim ocorre com o corpo, quem o diga com a alma.

Todos nós sabemos o que nutri nossa alma. O que alimenta de maneira apropriada e inapropriada. Porém adotamos algum critério para nos deleitarmos sobre os manjares espirituais? É, e nesse ponto vemos com grande clareza o quando que nós e nossa sociedade estamos degradados. Se voltarmos nossas vistas para a vida cotidiana, para a nossa vida diária, perceberemos com vergonha (se tivermos, é claro) que temos uma infinidade de não me toque para os alimentos da carne, uma infinidade de restrições e práticas ditas saudáveis para preservar ao máximo o seu corpo. Come-se isso, porque tem aquilo, não se come esse porque tem aquela propriedade e por aí vai. Tudo bem, mas e quanto aos critérios para selecionarmos os manjares que irão nutrir a nossa alma, onde estão? Onde está a lista pessoal de fontes de conhecimento (livros, revistas, músicas, filmes, etc.) que integram a nossa, digamos assim, dieta espiritual? Provavelmente você, como boa parte das pessoas que integram a sociedade hodierna, neste quesito, comem qualquer coisa e, em regra, apenas fast-food espiritual, quando muito.

Bem, como temos a infantil postura de sempre procurarmos uma justificativa para as nossas faltas, mudemos a nossa observação. Quando o assunto é comida e nos perguntam por que comemos isso ou aquilo somos capazes de dar mil e uma explicações sobre as propriedades benéficas do dito quitute. Todavia, se nos perguntarem por que não meditamos sobre os ensinos da Sagrada Escritura, porque não estudamos a vida e a obra dos Santos ou porque não rezamos diuturnamente o Terço o que dizemos? Se nos perguntarem porque entregamos nossas vistas a entretenimentos fúteis e vazios, a única justificativa que encontraremos, será uma sórdida explicação, um mero “porque eu gosto e gosto não se discute”.

Literalmente dedica-se nos dias atuais uma atenção imensuravelmente maior à carne do que para os assuntos da alma. Edificou-se praticamente uma pseudo-religião do comer em nossa sociedade que ocupa um lugar central na vida dos indivíduos, para preservar o que a atualidade considera o bem mais importante: o corpo. A carne.

Doravante, se voltarmos nossos olhos para o mistério glorioso em pauta, podemos nos perguntar: com que os Santos Apóstolos e a Santíssima Virgem alimentavam a sua alma quando estavam aqui neste mundo? Qual a atenção que eles atribuíam para a nutrição do corpo? Por isso, meu caro, o Espírito Santo desceu sobre eles. Por isso que o Espírito Santo agiu e age na vida dos Santos e Santas e, pela razão inversa, que o espírito do mundo age sobre a vida e sobre a alma do homem moderno.

Quando às línguas de fogo desceram sobre suas cabeças eles começaram a falar em línguas. Muito bem, por que sobre suas cabeças? Simbolicamente, o coração sempre representa o que somos (não o que sentimos) e a cabeça o que nós pensamos. O que pensamos é um reflexo do que nós somos, não o contrário. Muitas das vezes esquecemos quem nós somos, ou mesmo somos ludibriados por forças externas e, por isso, pensamos tantas tolices. Porém, basta que alguém ou algo lembre o que há no âmago de nosso ser, que nos lembre quem somos que mais do que depressa começamos a questionar os nossos pensamentos.

No caso dos Santos Apóstolos e da Virgem, seus pensamentos (cabeça) estavam em sintonia perfeita com quem eles são (coração). Quanto a nós, creio que devemos procurar reencontrar essa tensão espiritual para que nos movamos à purificação dos nossos pensamentos (fruto de nossa vontade) e reencontrarmos com o nosso ser (com a vontade de Deus). Obviamente que tal empreitada não é fácil, porém, é sumamente necessária.

E eles começaram a falar em línguas (At II; 4). Em línguas que eles mesmos desconheciam, mas que todos a sua volta compreendiam mesmo que fossem das mais diferentes nações (At II; 9-11). Ouviam as maravilhas de Deus como se estivessem sendo ditas em suas próprias línguas. Bem, nações, neste contexto, são as mais variadas confissões religiosas que existiam naquele tempo. As nações fundavam-se em torno de uma tradição, de uma revelação particular. Porém, naquele momento, o Espírito Santo fala a todos os homens de todas as nações através da Santíssima Virgem e dos Apóstolos, pois o Cristo é a pedra angular do arco triunfal da criação (Mt XXI; 42, Mc XII; 10 e Lc XX; 17). A Boa Nova é a mensagem universal para o homem universal, não para uma nação particular (Mt XXVIII; 19,20), tal qual nos ensina o filósofo brasileiro Mário Ferreira dos Santos em seu livro CRISTIANISMO – A RELIGIÃO DO HOMEM.

Por fim, muitos se espantaram. Uns se perguntavam qual o significado do que eles testemunhavam. Outros apenas zombavam (At II; 13). Ora, a Santa Madre Igreja e todos os Santos e Santas são a continuação viva desta cena. A todo o momento o Espírito Santo nos dá sinais de sua ação em nós, de sua atuação no mundo. Quanto a nós, qual a nossa reação em relação a isso, à perene ação do Espírito Santo em nossa vida? Perguntamos sobre o significado disso tudo? Zombamos como se tudo isso não passassem de uma bobagem? Ou nem somos capazes de perceber o que realmente está ocorrendo em nossa volta? Bem, inevitavelmente, muito dessa reação depende do tipo de alimento que você anda servindo para a sua alma.

Pax et bonum
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