Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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PARA AQUELES QUE AMAM A VERDADE

Escrevinhação n. 767, redigida em 23 de junho de 2009, dia de São José Cafasso, 12ª Semana do Tempo Comum.

Por Dartagnan da Silva Zanela

"Deus reside em todos os homens, mas nem todos os homens estão Nele”.(Sri Ramakrishna)
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Muitos são os casos onde se presencia a doutrinação ateística nas Instituições de Ensino, seja ela de maneira sutil através de idiotas úteis (como diria Lênin) ou mesmo através de idiotas confessos e tomados pela soberba. Por meio desse mísero libelo, gostaríamos de partilhar algumas considerações a respeito do segundo tipo que, por sua deixa, muito se faz presente em nosso sistema educacional das mais variadas maneiras.

Não são poucos os casos onde alunos e pais apresentam-se um tanto apreensivos frente à insistência de alguns de seus “mestres” em tentar “provar” que Aquele que É não existe (de maneira direta ou indireta). E às vezes esses ditos “mestres” chegam a se queixar da intolerância dos alunos e de seus respectivos pais frente a não aceitação de seu credo materialista e/ou niilista. Bem, já nesse ponto que a porca, de cara, torce o rabo. Se estes senhores se auto-proclamam livres pensadores simplesmente por declararem suas crenças aos quatro ventos deveriam saber e, principalmente, compreender, que todos os outros têm o direito de não aceitar as suas palavras. De mais a mais, quando se afirma que o Estado é laico, isso é válido não apenas para Confissões religiosas, mas também para credos políticos e mundanos.

É claro que eles, mestres do saber humano, dirão que até aceitam que os alunos não comunguem de suas “convicções” desde que os seus opositores o refutem. Puts! Que sacanagem. Exigir isso de um garoto tem um nome bem apropriado: chama-se covardia. Mas vamos lá, vejamos o que podemos, em poucas palavras, dizer então a respeito do problema “a existência de Deus”.

Primeiro, a revolta contra Deus é típico de mentalidades imaturas que não se dedicaram da maneira devida ao estudo dos problemas filosóficos, porém, mesmo assim, julgam-se cônscios da razão de tudo que existe e, por isso mesmo, imaginam que estão autorizados a profetizar um novo mundo, uma nova moralidade e, porque não, um novo ser humano. Por uma revolta interior, o indivíduo tomado pelo orgulho, pela inveja do Criador, imaginando poder tornar-se um novo Criador para melhorar a obra do Primeiro, como nos ensina Hans Urs von Balthasar.

Não é à toa que é comum nos primeiros anos de um Curso superior um estudante cair nas águas turvas e lúgubres da descrença, tal qual ocorreu com esse que voz escreve em sua porca juventude. Todavia, permanecer em tal lamaçal é um sinal de grave estado de disparate existencial.

E o que é mais interessante nesse fenômeno, a descrença, que praticamente a massa absoluta dos ateus (sejam eles militantes ou não) e agnósticos, estão convictos da inexistência da “Estrutura do Real”, porém, não são capazes de apresentar o conceito de Deus, visto que, o que leva a maioria das pessoas a cair nesse fosso não é um problema de ordem metafísica, mas sim e tão só, de ordem moral. Essas pessoas, via de regra, vêem na massa de praticantes da religião herdada de seus pais e de sua comunidade um determinado ar de hipocrisia e, por não ver realizado plenamente as Virtudes ensinadas pelo Credo nos fiéis praticantes, esses rejeita o Criador, como nos aponta o filósofo Mário Ferreira dos Santos. Todos são pecadores, todos possuem faltas, apenas eles se vêem acima do bem e do mal. E depois os fiéis é que são hipócritas.

Doravante, por essa razão que Platão em sua obra AS LEIS nos ensina que os mais elevados estudos não são recomendados a todos, mas apenas a um pequeno número de pessoas, pois, conforme seu testemunho (que é infinitamente mais elevado do que o deste caipira que vos escreve), uma ignorância absoluta é menos malévola e não mais temível que um conjunto de conhecimentos mal dirigidos. Trocando em miúdos: filosofia nas mãos de tolos presunçosos gera mais confusão na alma humana do que abertura para uma vereda que leve à Sabedoria. E, como nos admoesta o filósofo francês de François-René Chateaubriand, um estudo assim dirigido converte-se em uma pseudociência que, nada mais é que um labirinto onde o indivíduo avança sempre mais e mais para fundo, quando pensa que está saindo para visualizar a luz. Por isso, indago: o que se pretende ensinar com o insuflamento de uma descrença que, em geral, nem mesmo os descrentes (ateus e agnósticos) não compreendem?

E repito: não compreendem mesmo. Não? Pois bem, para fechar a tessitura dessas nossas linhas, propomos o seguinte: se você conhece uma pessoa que seja atéia ou agnóstica (ou mesmo se essa pessoa seja você), proponha o seguinte problema: primeiramente levante o status questione da discussão em torno da existência de Deus. Faça um levantamento dos principais filósofos e teólogos que apresentaram e discutiram a questão. Fazendo isso, você verá que apenas na modernidade a negação Daquele que É foi aceita como algo “respeitável”.

Feito isso, procure, em um processo de depuração dialética confrontar todas as conclusões dos sábios que dedicaram suas vidas meditando sobre Ele e, deste modo, tente para provar a impossibilidade da existência de Deus. Repito: tente, seriamente, após refletir sobre a discussão do tema, provar a impossibilidade da existência de Deus.

Provavelmente tal questão nunca foi devidamente meditada por esses sujeitos e se em algum momento foi, provavelmente foi de uma maneira deslocada. No mínimo, por terem lido Nietzsche e Marx (os mais populares nesse meio), ou Richard Dawkins e Daniel Dennett (os mais chiques) imaginam que já resolveram toda a questão. E o pior de tudo isso é que eles se auto-declaram pessoas “esclarecidas” e “críticas” por agirem assim. Que meleca.

E olha, fala para ele não vir de malandragem, pois esse é um problema que, provavelmente, ele (ou você) nunca dedicou o devido tempo de seu precioso intelecto e, principalmente, a necessária seriedade.

De mais a mais, se você quer descrer da existência da Estrutura da Realidade, que é Deus, não tem problema, Deus continuará sendo Deus mesmo que você seja incapaz de aceitar a realidade de Sua presença, pois, como nos explica Frithjof Schuon, Deus é a estrutura da realidade. Mesmo que nós desdenhemos determinadas facetas do Real, Ele lá estará tal qual nos apresenta a alegoria da Caverna de Platão no livro VII de sua obra A REPÚBLICA e na Metafísica de Aristóteles em seu capítulo VI.

Por fim, não pense que eu estou impondo algo (eles adoram se fazer de vítimas do mundo e da sociedade), visto que, se Deus, em Sua infinita misericórdia tolera os ateus militantes, não serei eu que irei impedi-los e muito menos a forçá-los a parar com sua pregação mundana. A única coisa que poderá refrear esse impulso insano é a consciência que lhes foi dada por Aquele que tanto negam.

Mas, me permitam um conselho: use-a, a tal da consciência, com seriedade e não como um brinquedinho para se auto-iludirem em sua vaidade e presunção.

Pax et bonum
Blog: http://zanela.blogspot.com

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