Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

Pesquisar este blog

MAIS UMA VOZ QUE SE CALA

Escrevinhação n. 1108, redigida no dia 15 de abril de 2014, dia de Santa Anastácia e Santa Basilissa.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Grandes nações são forjadas por grandes homens. Aliás, não se tem como fundar a magnificência em colunas de mesquinhez. Infelizmente, quando volvemos nossas vistas para o presente, a grandeza de espírito vê-se não apenas minguada em nossas terras, mas também, e principalmente, vexada quando ousa manifestar-se. Em nossos tristes trópicos essa é a regra.

Pior! Quando reconhecemos uma alma valorosa e pensamos que essa irá imprimir destemidamente seu nome nos umbrais da história, erramos. Ficamos vagando pelo ermo, desenganados. Não estou a referir-me aqui a uma decepção. Não mesmo. A grandeza não falta ao senhor ao qual me refiro sem nominar. Ele a tem de sobra. Refiro-me sim ao silêncio auto-impingido por um grande intelectual que preferiu abraçar o anonimato junto a sua família ao invés de travar pelejas com seu tinteiro e pena na arena pública.

Não o censuro por tal escolha. Afinal, quem sou eu para tanto? Reconheço o quão pequeno é meu quinhão. Aliás, tanto respeito seu silêncio, que não cito o nome deste que tenho na grata conta dum bom amigo. Apenas lamento. Lamento o silêncio deixado pelo emudecimento voluntário de sua voz.

Certa feita, George Washington disse, a respeito de George Manson, mentor de Thomas Jefferson, que ele foi o melhor da sua geração. Desse amigo, posso dizer o mesmo. Ele, provavelmente, é o melhor de nossa geração, mas que, ao contrário de Manson, preferiu o anonimato.

Bem, é isso que a sociedade brasileira faz com aqueles que demonstram elevada capacidade. Somos uma sociedade que se recusa a elevar os olhos acima de nossos umbigos e, por isso, imaginamos que a grandeza de espírito não existe para nos inspirar e nos elevar com ela, mas sim, que ela teria sido concebida com o intento maldoso de nos dominar e humilhar. 

Ora, somente os medíocres sentem-se aviltados com a magnificência e, infelizmente, a mediocridade em nossa pátria atingiu tamanha valoração que as mais abjetas manifestações culturais são elevadas a categoria de sentença categórica de pensadora, onde as mais grotescas manifestações de bestialidade ganham o status de digna expressão de cidadania e os comentadores jornalísticos que ousam destoar da unanimidade rodriguesiana são silenciados de maneira covarde. Neste cenário, como posso convencer meu amigo a sair de seu ostracismo voluntário?

Enfim, como havia dito, lamento o silêncio acadêmico, literário e político desse bom homem sem nome que, sem sobra de dúvidas, é o melhor de nossa geração. Uma voz calada que se resolver levantar-se contra a estupidez reinante fará estremecer todas as almas sebosas. Porém, esse brado, ao que tudo indica, não irá ecoar em prado algum, infelizmente.

Pax et bonum
Site: http://zanela.blogspot.com
e-mail: dartagnanzanela@gmail.com 

Nenhum comentário:

Postar um comentário