Escrevinhação n. 935, redigido em 26 de fevereiro de 2012, dia de Santa Paula M. Fornés de São José de Calazans, de São Porfírio de Gaza e de Santo Alexandre do Egito.
Por Dartagnan da Silva Zanela
Convertamo-nos e creiamos no Evangelho. Com um amém dito à essas palavras muitos Cristãos iniciam o tempo Quaresmal. Significativas palavras que apenas ganham plenitude na alma quando elas nos transfiguram.
Conversão, meu caro, não é transformação. Muito menos evolução, progresso ou revolução. É renovação. Renovar nosso viver para podermos ser laureados com a vida eterna. Para que isso ocorra é fundamental que atendamos as palavras de Nosso Senhor que nos diz (João XVII; 03) que devemos conhecer ao Pai, verdadeiro e único Deus, e a Jesus Cristo seu enviado.
Muito bem, mas como podemos conhecer ao Pai e bem como aceitar o Caminho que nos é apresentado pela Verdade que vivifica, se desdenhamos o que há em nosso coração? Pois é, mas este algo que desdenhamos move-nos a agir. E essas ações tornam-se nossos hábitos e, consequentemente, amoldam nosso caráter (Matheus VI; 21).
Por isso, creio que seja razoável perguntar como seria possível desejar conhecer a face de Deus sendo que esse querer não é o centro de nossa vida? Como seria possível afirmar que se ama a Deus se não desejamos conhecê-Lo? E, como conhecê-Lo se nem mesmo somos capazes de dizer perante o Seu olhar onisciente quem somos?
De mais a mais, como podemos realmente renovar a nossa vida se ignoramos o que deve ser extirpado e renovado em nossa pessoa? Perguntas simples que exigem uma resposta simples a ser proferida por almas confusas e complicadas como eu e você. Entretanto, se nos esquivamos deste soturno exercício de autoconhecimento, a palavra converter-se revela-se vazia como a nossa vida. Como o nosso coração.
Conhecer-se e lutar contra as sombras que habitam nosso íntimo é uma contínua peleja que deve ser travada no centro pulsante de nossa existência (Matheus X; 38-39). Isso é que afirmamos na quarta-feira de cinzas. Reconhecermos a nossa nulidade, encararmos nossa insignificância e renovarmos nossos votos de luta contra ela para nos libertar dela e assim, e somente assim, podermos realmente beber da fonte de Água Viva.
E assim, aceitando a realidade desta dura batalha interior, desta tensão, lutamos a boa pugna que dá vida as palavras “creio no Evangelho”. A boa nova celestial é loucura para o mundo e crê-la é reconhecer claramente essas mundanas sombras em nosso ser que gritam em nosso íntimo para negarmos o Verbo divino fracionando-o em partes de acordo com o nosso gosto. Negando, sorrateiramente, que seja feita a Vontade do Pai.
Por fim, meu caro, não há conversão vocal. Conversão é de coração. Negar essa realidade patente é idolatrar a imagem que fazemos de Deus em nosso âmago sem nunca ter desejado amar Aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida.
Pax et bonum
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