Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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ANO NOVO, VIDA VELHA

Escrevinhação n. 1082, redigida no dia 01 de janeiro de 2014, Solenidade de Santa Maria, Mãe do Príncipe da Paz.

Por Dartagnan da Silva Zanela


O ano é novo, mas a vida é a mesma. Todos nós nutrimos nesta época uma enxurrada de expectativas e firmamos, cada um a seu modo, um bom tanto de intenções, porém, a vida continua sendo a mesma. Continuamos sendo os mesmos sujeitos de sempre.

De tão especial que é o momento da virada que a vivemos dum modo banal. Sim, banal. Dizer todo início de ano que iremos fazer deste um ano diferente sem realmente nos empenharmos em fazer a diferença em nossa vida é duma banalidade sem tamanho.

Momentos especiais fazem parte da experiência humana. Por isso, vale lembrar aqui, nestas linhas, as palavras de São Josémaria Escrivá que nos diz que: “a conversão é coisa de um instante. A santificação é obra de toda a vida”. Trocando por miúdos: voto de intenções sem a aceitação do enfrentamento das batalhas diárias que implicam essa tomada de decisão não passa de colóquio flácido de ocasião. Tais votos, por si só, pouco significarão se não aceitarmos a soturna batalha cotidiana de pelejar contra as nossas fraquezas, vícios e manias.

No fundo, bem lá no fundinho, essa é a raiz de todos os nossos males. Temos intenções calcadas de maneira movediça em nossas inclinações turvadas pela má vontade em misto com um apego atávico a nossa maneira de ser que, verbalmente, dizemos querer mudar, porém, sem o desconforto que isso implica.

É a praga do hedonismo! Praga que age dos mais variados modos em nossa sociedade cravando, em nosso coração, enervadas raízes levando-nos a desejar mudanças radicais sem que, de fato, mudemos.

Sim, sei que isso é duma contradição descomunal, mas é isso mesmo. Na prática, o que se deseja nesses ritos mundanos de passagem, como o reveillon, é apenas uma epidérmica sensação gostosinha de bem-estar e nada mais. As promessas e intenções de mudança fazem apenas parte da encenação do momento. A luta diária, indispensável, logo é deixada de lado. Muitas das vezes, nem mesmo é lembrada na ressaca do dia seguinte.

Por isso, sejamos fortes e perseverantes. Que nossas intenções sejam verdadeiras, presentes em cada dia desse ano que está iniciando para que nos realizemos como pessoa e que a dissimulação, o auto-engano e a mentira existencial deixem de ser a substância dos nossos passos por esse vale de lágrimas.

Pax et bonum
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