Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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ENTRE POMBAS E PARDAIS

Por Dartagnan da Silva Zanela

(1)
Não podemos deixar que palavras, adornadas com toda aquela pompa de bom-mocismo, nos intimidem. Palavras, por mais bonitinhas que possam parecer, sempre são menores que a verdade. Contrariar isso ou é sinal de demência, ou da mais pura sacanagem. Se o sujeito for um militonto, as duas coisas estão juntas e bem misturadas.

(2)
Em muitos países as leis são instituídas a partir de normas costumeiras. No Brasil não. Aqui as leis, muitas vezes, são instrumentalizadas com o objetivo de perverter os costumes para que grupelhos manhosos e mal-intencionados possam impor pra toda sociedade a sua sanha totalitária travestida de justiça supostamente social.

(3)
Todo caipora que diz rejeitar toda e qualquer forma de autoridade (moral, intelectual, policial, professoral, etc.), no fundo, o que ele está querendo dizer é que a sua pessoinha respeita apenas a sua própria autoridade (existente ou não) e nada mais. E o trem não para por aí não! Na realidade, esse tipo de sujeitinho não passa dum reles, perene e incurável moleque mimadinho que não quer saber de aceitar o fato de que ele não será tratado pelo mundo como o filhinho da mamãe (tolinho). Doravante, muitos desses tipos acabam, por infortúnio do destino, tornando-se “otoridades” e, mutatis mutandis, passam a exigir de todos aquilo que ele nunca foi capaz de ofertar a ninguém: o tal do respeito. Aliás, respeito e autoridade são coisas que esse tipo de biltre não sabe o que é (apesar de serem exímios dissimuladores quando lhes convêm) haja vista que seus olhinhos não conseguem elevar-se acima das muralhas de seus interesses umbilicais.

(4)
Quando a tradição, os ditos bons costumes, são desdenhados e os juízos morais ficam unicamente a mercê dos caprichos dos indivíduos, ou de grupelhos ideologicamente desorientados, inevitavelmente as relações humanas tornam-se infernais onde a insanidade torna-se o critério realidade. E, infelizmente, é justamente isso que toda essa patacoada politicamente-correta vem insistentemente fazendo através de nosso sistema anti-educacional.

(5)
Dois tipos perigosos: o idiota convencido de que é um gênio e o canalha que se julga moralmente correto.

(6)
A grande literatura universal, como direi, é o receptáculo que abarca todas as possibilidades de realização humana. Possibilidades tanto augustas quanto funestas. Lendo as obras desse livresco panteão inevitavelmente ampliamos o nosso horizonte de compreensão do mundo, da vida e, é claro, de nós mesmos. Em suas páginas aprendemos tudo o que um ser humano é capaz de fazer; vislumbramos diante de nossos olhos, através das palavras magistralmente escritas, tudo o que podemos ser e aquilo que, por incapacidade pessoal nossa, nunca poderemos realizar. Enfim, por essas e outras que a grande literatura universal é a única vacina conhecida contra a idiotia universalmente disseminada pelos quatro cantos do mundo e que, no Brasil, mais do que em qualquer outro lugar, é epidêmica.

(7)
Quem não reverencia a grande literatura universal não é digno de respeito. Aliás, um sujeito que aprende a ler e, soberbamente, faz beicinho para Dostoievski, Fernando Pessoa, Shakespeare, Dante, Homero, Virgílio e tutti quanti, achando que isso seria uma demonstração de excelsa distinção, na verdade não passa de um caipora que não vale a dignidade duma flatulência, pois, quando decide abrir a sua boca, essa exala abundantemente o que há em seu íntimo: uma fartura de peidos verbais e de ideias fecais. E isso é tudo o que há. Apenas isso e nada mais.

(8)
A medida de nossa grandeza, e de nossa miséria, é dada por nossa imaginação.

(9)
O beócio mais perigoso que existe é aquele que devota toda a sua atenção a um único livro. A muito Santo Tomás de Aquino nos adverte sobre esse tipo demasiadamente humano. E assim o é porque o caboclo transforma as luminosas páginas dum alfarrábio qualquer numa viseira para cegá-lo do perigo das pirambeiras que cercam a sua vida mesquinha. Não sabe ele, na verdade, não quer nem saber, que, como nos ensina Jorge Luis Borges, para se entender um único livro é preciso ter lido muitos outros; da mesma forma que para entendermos apropriadamente uma única frase dum livro precisamos ler toda a obra, de fio a pavio, onde ela se encontra. Uma verdade simples como o nascer e o pôr do sol, uma verdade que qualquer pessoa razoável compreende; menos esses tipos presunçosos que preferem perecer afogados em sua soberba ao invés de, simplesmente, abrir e limpar os olhos de sua encalacrada estultice.

(10)
Uma das maiores tragédias do Brasil é, infelizmente, a falta de amor pelo conhecimento e a grande carência de coragem para conhecer.

(11)
Onde o amor encontra-se à míngua, a covardia desavergonhadamente impera.

(12)
Uma sociedade governada por pessoas deseducadas, de personalidade disforme, grotesca e mesquinha, não pode esperar, muito menos exigir, que os mancebos sejam melhores que a geração que os antecedeu.

(13)
Todo aquele que nasce numa sociedade tacanha, mesquinha e canalha, tem o dever de se tornar uma pessoa digna, prestativa e boa. Não porque deva honrar a atual geração que diz cuidar do futuro de todos, mas sim, para não aumentar o fardo de baixezas que será legado para as futuras gerações; para não sermos igual àqueles que tanto desprezamos.

(14)
Nada é mais ridículo e degradante que querer justificar a sua incapacidade e fracasso no esforço exitoso dos outros.


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