Por
Dartagnan da Silva Zanela (*)
Somos
uma sociedade formada por indivíduos de geleia com um caráter de papelão.
Para
melhor ilustrar o óbvio ululantemente apontado, permitam-me contar um causo. Um
causo bem curtinho.
Certa
feita fora-me relatado por um amigo que ele, quando menino, havia estudado num
colégio militar e, em sua turma, um dos colegas fora flagrado colando. A prova
foi confiscada, o seu colega chamado junto à direção e em seguida, todos eles
foram convocados para se colocar no pátio da Instituição de Ensino e convidados
a formar duas filas, uma de frente para outra, formando um corredor.
Nesse
meio tempo, apareceu o seu colega, com as suas tralhas em mãos de frente para a
via formada pelas duas filas e então o professor disse, em alto e bom tom:
“meia-volta volver”! E todos viraram de costas e antes que o colador começa-se
a caminhar o comandante disse: “Vá! Você não é digno de estudar nessa escola”.
Dito isso, o garoto seguiu rumo ao portão com todos os seus colegas de costas
para ele.
Antes
que alguém fique revoltadinho com o que fora narrado, permitam-me levantar perguntar
umas coisinhas: será que o garoto em questão não tinha consciência das regras
vigentes na instituição? Outra coisa: ser leniente com o escarnio frente às
regras seria uma atitude pedagogicamente apropriada frente a todos os alunos
que são zelosos no cumprimento de seus deveres estudantis? E pergunto outra
coisinha: num Colégio deve-se ensinar a retidão ou a malandragem? Devemos
ensinar a juventude a ser justa, consigo e com os demais, ou querer sempre se
dar bem a qualquer custo?
Pois
é, por termos abdicados da disciplina, por puro chilique politicamente-correto
de bom-mocismo, colocamos a honorabilidade longe, bem longe, das salas de aula
em nosso país.
Na
cadeira antes ocupada pela retidão colocou-se esse trem fuçado que é essa
malandragem cívica, que vem sendo ensinada em nossas escolas em misto com uma
bajulação pedagogesca que anda de mãos dadas com a consequente estimulação do
desregramento geral de nossos mancebos.
E
que a verdade seja dita: a forma que vem sendo desenvolvido o nosso sistema de
educação é a prova maior de desamor por nossas crianças, porque prova de
desamor maior não há que lisonjear um menino que necessita urgentemente de
correção.
Outra
coisa: ser meloso não nos faz amorosos.
Acostumamo-nos
a imaginar que as sandices politicamente-corretas que mimam ao invés de educar (através
de gestos, palavras e exemplos), seriam o melhor caminho porque, em nossa
sociedade, atualmente, as pessoas preocupam-se muito mais em parecer boazinhas
que esforçarem-se em fazer o bem.
Tanto
é assim que quando muitos ouvem um relato similar a esse, ficam espantadas,
horrorizadas com a falta de “sensibilidade”. E assim ficam porque se esquecem
de indagar quantos jovens passaram por uma situação similar. Quantos tiveram
que deixar uma instituição de ensino porque colaram? Quantos passaram por isso
no Colégio em questão? Segundo o relato do meu confrade, no tempo em que ele
estudou nessa Escola Militar, apenas um, e assim o foi, porque lá as regras e
os objetivos eram claros. A educação era e é levada muito a sério. Não é à toa
que escolas desse gênero obtêm resultados tão benfazejos.
Agora,
o que toda essa lengalenga marxistoide que infecta e educação brasileira tem
plantado e colhido? O que esse blábláblá protecionista da desídia estudantil e
do desregramento “criativo” do alunato tem contribuído na formação de pessoas
minimamente dignas, prestativas e boas? Não é por acaso que onde essas ideias
deformadas imperam a educação torna-se uma aberração.
Outra
coisa: tanto no colégio em questão como nos colégios onde o
politicamente-correto é a regra, o que arrasta a juventude são os exemplos que
simbolizam o que deve ser feito por todos. Exemplos bons, no caso do primeiro,
e os trens fuçados que temos, nos segundos.
Enfim,
como a sabedoria Bíblica nos ensina, pelos frutos conhecereis. E os frutos
podres não são poucos. Abunda em nossas terras o analfabetismo funcional, porém,
ninguém quer saber de assumir a responsabilidade por essa colheita maldita,
ninguém quer abjurar das ideias pútridas que fundamentam o sistema de ensino
atual e que inspiraram a legislação que rege as atividades educacionais em
nosso triste país.
Ninguém
mesmo. Nem autoridades, nem responsáveis, nem professores. Todos fazem tal qual
Pilatos: lavam suas mãos.
Aliás,
é mais do que compreensível. É muito feio, feio mesmo, ter que reconhecer que
as ideias de Paulo Freire, o patrono da educação Brasileira - e demais
similares - são as principais responsáveis pela perversão do ato de educar.
Sim,
é desagradável mesmo ter de reconhecer nossos próprios erros, porém, é um
escândalo desmesurado ignorar esse triste fato e deixar esse tsunami de equívocos
seguir em frente por pura e simples vaidade e presunção.
(*)
professor e cronista
e-mail:
dartagnanzanela@gmail.com
fanpage:
http://facebook.com/dartagnanzanela
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