ENTRE A HISTÓRIA E A
POESIA - 01
Poesia e história partem da mesma fonte e, por isso,
história e poesia almejam o mesmo fim ao atravessar a grande ponte da vida que
pode ser forjada pelos olhos dum leitor generoso ou por meio da vista dum
modernoso ignorante.
Aristóteles já a muito havia constatado essa obviedade em
sua obra A arte Poética, porém, no ciclo moderno, com essa folia patética de
cientificidade que perturba a todos aqui e acolá, os professores de história e
bem como os supostos amantes da mestra da vida, deixaram essa Verdade ululante
para lá, preferindo fingir um saber científico tão tosco que, no fundo, não tem
valia alguma, nem mesmo como superstição.
Enfim, por negar a primazia da literatura e da poesia, a
história deixou-se escravizar pelas mais vãs ideologias e, principalmente, pelo
marxismo que torna a atmosfera historiográfica putrefaz, particularmente nessa
terra de Pindorama onde as almas tem aversão aos livros e, desavergonhadamente,
não gostam de estudar.
ENTRE A HISTÓRIA E A
POESIA - 02
Onde não há uma procura sincera e abnegada pela verdade,
aparentemente inalcançável, não há amor pela história. Não há. O que temos,
nesses casos, é apenas e unicamente um servilismo deplorável a uma ideologia
absurda, totalitária e, obviamente, reprovável.
Onde não há um esforço hercúleo para expressar e cantar a
verdade de maneira amorosa, não há poesia e, naturalmente, torna-se inviável a
possibilidade de sinceridade na forma de prosa, pois, onde esse esforço não
encontra forças que o cultivem, as possibilidades humanas tornam-se limitadas e
incapazes de ir além da mais rasteira futilidade.
ENTRE A HISTÓRIA E A
POESIA – 03
A criação poética, bem como a ensinação histórica, trabalham
com um punhado de lembranças e com algumas sacas de esquecimento que são
devidamente equilibrados com o licor da imaginação.
Tal processo alquímico, na literatura, chamam de ficção e,
em história, dão o elegante nome de reconstrução histórica ou, se for de seu
gosto, histórica reconstituição.
De um jeito ou de outro, seja em matéria de poesia, literatura,
história e mesmo quando o assunto é política, uma vida humana desprovida de uma
imaginação moral fértil vê-se reduzida a uma triste condição de vil debilidade,
uma vida condenada a repetir cacoetes ocos e a pensar e agir a partir de
estereótipos tolos que, ao invés de nos guiar como uma estrela, apenas nos
sufoca e nos condena a uma terrível tragédia ou a uma patetocracia de dar pena.
(*) Professor, cronista
e bebedor de café.
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