Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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QUASE NADA PARA DECLARAR

Escrevinhação n. 1063, redigida entre os dias 03 de novembro de 2013, dia de São Martinho de Porres, e 08 de novembro de 2013, dia de São Deodato, papa, e da Beata Isabel da Trindade.

Por Dartagnan da Silva Zanela


1. Colar rótulos. Isso é tudo que a gente inteligente inclina à sinistra, ou totalmente mergulhada nela, sabe fazer. Eu imaginava que tal cancro já estava relativamente superado ou, ao menos, em declínio. Ledo engano. O discernimento carece a essa gente, apesar de julgarem-se portadores avantajados desse bem. E o pior é que o bestiário não variou muito nos últimos tempos. Os mesmos cacoetes ditos e repetidos a alguns decênios passados continuam sendo os mesmos a imperar atualmente. Porém, com um detalhe: evoluíram! Hoje conseguem ser mais superficiais e obtusos do que os canhoteiros de antanho, crendo-se, obviamente, mais ilustrados e abertos que qualquer um, principalmente daqueles que eles fixam seus despudorados rótulos. Daria mesmo para elaborar um dicionário com essas aberrações. O problema é que não haveria uma clara definição para os termos vazios utilizados por essa gente. Daria um belo volume com muitas palavras e nenhum conteúdo.

2. Fenômeno muito comum, que denota o grande mal estar que perpassa as esferas etéreas dos diplomados, é a forma leviana com que se julga um autor e seu trabalho. Tal jugo não é realizado através do devido conhecimento de sua obra, mas sim, por meio dos rótulos que lhe são fixados. Permitam-me um exemplo: lembro-me que durante anos tive aquela visão velha e tacanha da obra de Plínio Salgado. Digo, de sua pessoa. E assim foi até que resolvi ler algumas de suas obras. Para minha surpresa, o que me foi revelado foi uma figura humana de grande valor, um homem que manuseava muito bem as letras, com muitas considerações e observações interessantes e outro tanto de idéias equivocadas. Dum jeito ou doutro, alguém muito diferente do estereótipo que eu tinha antes de lê-lo. Por isso, penso que sua obra deveria, sim, ser lida. Penso também que sua pessoa não merece a demonização que sofre nas estultas mãos da patrulha ideológica rubra. De mais a mais, ler e estudar não mata ninguém, apesar deste ser o credo reinante em nosso país que se ufana de qualquer balburdia vazia.

3. Conhecer não mata. Entretanto, orelhar um assunto de maneira superficial é mais que temeroso. É mais perigoso que a ignorância por nos dar a sensação epidérmica de sermos profundos conhecedores do assunto. Em vista disso, a arbitrariedade grita mais alto que os brados de liberdade e, consequentemente, transforma a vida em sociedade numa arena de vilões de parca dignidade. Por isso, digo e repito: conhecer não mata, ignorar nos torna objetos impotentes e, inevitavelmente, quanto a segunda se fantasia da primeira, transmutamo-nos numa besta voraz que alimenta-se da carne, do sangue e da alma de tudo que lembre a face humana, inclusive do sujeito transmutado no ogro sedento que também devora, lentamente, o que resta de humano em seu ser.

4. O historiador Pierre Nora ensina-nos que: “A história é reconstrução sempre problemática e incompleta do que não existe mais. A memória um fenômeno sempre atual, um elo vivido no eterno presente; a história, uma representação do passado”. Bem, o que torna mais problemático esse quadro entre nós é que a representação do passado é sempre feita por uma dúzia de cacoetes mentais, de estereótipos materialistas, cientificistas, propagados com toda aquela pompa de superioridade intelectual a moldar a memória presente. E, tal operação, é feita justamente por aqueles que acreditam estar investidos duma beca sacerdotal, como se fossem os guardiões da memória e únicos intérpretes da história. Pra piorar o quadro, estes sujeitos estão muito mais próximos dum bando de vigaristas baratos do que dum sacerdote que sacrifica suas convicções políticas, ideológicas e pessoais em favor da procura sincera e abnegada pela Verdade. Sim, já sei que essa gente dirá que não existe verdade, ainda mais uma verdade histórica, que tudo é um constructo ao mesmo tempo em que farão aquela cara feia, com um olhar sanguíneo, para que você não desacredite das lorotas que ele lhe contará como se fosse a mais cristalina verdade.

Pax et bonum
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