Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
(i)
Uma das palavras mais celebradas na sociedade contemporânea
é a tal da tolerância e, como toda palavra que é utilizada como uma
carta-coringa, ela acaba no final das contas significando coisa nenhuma pra
poder dissimular que diz algo.
Senão, vejamos: primeiramente não podemos esquecer que há
coisas toleráveis e outras tantas intoleráveis. Se perdemos essa distinção
elementar, inevitavelmente, a vida torna-se gradativamente intolerável por tolerarmos
toda e qualquer coisa.
Outra coisa: não se deve confundir tolerância com apatia
moral da mesma forma que ela, a tal da tolerância, não é de modo algum sinônimo
de complacência com o que é evidentemente errado e ruim.
E tem mais uma: não existe nada mais intolerante, e mesmo
totalitário, do que um grupo ideologicamente deformado exigir no grito e na
marra que todo mundo seja “tolerante” com isso ou aquilo ao mesmo tempo que
considera como algo intolerável que alguém tenha a audácia de divergir deles.
Enfim, esse tipo de confusão é uma entre muitas que o
politicamente correto, o multiculturalismo e o marxismo cultural
sorrateiramente semeiam nas almas tão bem intencionadas quanto desavisadas que
acabam sendo instrumentalizadas na realização de um projeto totalitário de
poder que elas ignoram por completo.
(ii)
O grande legado da era do direito dos manos é a ampliação
irrestrita e descarada da ousadia dos criminosos e o total desrespeito pelo
trabalho dos policiais.
(iii)
Outro grande legado da era do direito dos manos é a
injuriante cultura da impunidade da canalhada que, cedo ou tarde, acabará
culminando numa multidão de cidadãos comuns agindo como justiceiros num ato
extremo para defender os seus. E é claro que quando isso ocorrer poderemos
contar com a presença certa e indefectível das carpideiras dos manos, cheias de
bom-mocismo, pra defender a integridade dos manos e, de quebra, pra taxar os
cidadãos comuns de monstros desalmados, e doutras lindezas do gênero, por eles
terem ousado defender o fruto do suor de seu trabalho e por tentar proteger
aqueles que eles amam.
(iv)
Quando mais se apazígua um canalha, mais acanalhado ele fica
e, de quebra, acaba acanalhando junto com ele aqueles que tolamente dedicam
suas vidas na vã esperança de dignifica-los.
(*) Professor, cronista
e bebedor de café.
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