Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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PIOR QUE UM BERNE NO LOMBO

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
Não tenho a pretensão de proferir uma verdade cientificamente comprovada, nem de utilizar-me de títulos furados de valor duvidoso para calçar minhas palavras mal escrevinhadas.

Aliás, somente imbecis se apresentam como portadores de tais coisas para parecerem sabidos e importantes e, talvez, por isso mesmo, esse tipo de gente, que tanto abunda nessas terras cabralinas, nunca sabem do que exatamente estão parlando apesar de toda a pose de “sinhô dotô” que cultivam com tanto esmero.

De minha parte, me darei por satisfeito se conseguir, dentro de minhas jumenticas limitações, descrever os fatos, as cenas, os fenômenos e as inquietações geradas por elas em minha alma suína tal qual elas todas se apresentam ao meu ser e, principalmente, da forma mais sincera que me seja possível.

Enfim, resumindo o entrevero: fazer pose e repetir frases de efeito é moleza, até um adolescente metido faz isso. Ostentar um currículo burocraticamente cheio de papéis que atestam feitos duvidosos também não é difícil. É apenas enfadonho, chato pra dedeu, porém, não é o bicho. Todavia, falar com o coração na mão e com os olhos vazados pelas setas da sinceridade é, penso eu, algo realmente digno de ser almejado e urgente que seja conquistado por cada um de nós.

(ii)
Lima Barreto, certeiro com sua pena, como sempre, dizia que no Brasil não existe esse negócio de vocação; o que há nessas terras de Pindorama, segundo ele, é apenas imitação.

Trocando por miúdos: dum modo geral, desejamos apenas parecer uma cópia fajuta de algo que consideramos bacana, que pega bem na fita e que, de quebra, dê uns bons trocados.

Infelizmente, dum modo geral, não almejamos, jamais, com todas as forças de nosso ser, nos tornar esse algo que em regra apenas imitamos.

(iii)
A palavra empoderamento além de não lhe proteger duma situação de ameaça real, ainda pode, devido à soberba subjacente ao dito vocábulo, colocar a sua alma numa condição de irrevogável perigo, haja vista a forma prepotente que ela e as ideologias que a justificam colocam a carne e o mundo contra e acima do espírito. Pense nisso, sem pressa e sem aquela epidérmica irritação. Caso contrário, se isso não for possível, apenas ignore essa infame escrevinhação.

(iv)
Uma das grandes causas do desfibramento moral da sociedade atual, que se encontra à deriva em meio a ondas niilistas e maresias hedonistas, é a facilidade com que se confunde a formação duma personalidade forte e estável com uma autoimagem fragilizada, complacente com nossa soberba e vaidade.


(*) Professor, cronista e bebedor de café.

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