(i)
Se o sujeito se preocupa muito, muitíssimo, em ter “fortes”
argumentos para defender suas crenças e convicções é porque elas são
demasiadamente superficiais. Tudo que carece, que necessita da confirmação, da
concordância advinda de terceiros para poder ter ares de verdade não passa duma
ilusão que apenas conquista a adesão de almas sem consistência.
(ii)
Empoderamento [ou empoleiramento] é apenas uma palavra
vazia, uma expressão não significativa que acaba sendo utilizada para
justificar toda ordem de sandices impensadas, mas que, na aridez do mundo real,
não preteje ninguém das investidas sombrias que espreitam a vida das almas
desavisadas. Resumindo: palavras bonitas nada podem contra a maldade que está
armada até os dentes e, no frigir dos ovos, apenas revelam a fragilidade
presente nas ideias politicamente corretas e rudemente engajadas.
(iii)
Empoderamento é só uma palavra mal utilizada para justificar
atitudes enervantes e, em muitos casos, pra lá de mal intencionadas.
(iv)
Expor-se engajadamente ao ridículo não é poder. É pagar
mico. Só isso e olhe lá.
(v)
Perceber a realidade tal qual ela se apresenta aos nossos
sentidos e procurar compreendê-la a partir de suas razões seria tão só e
simplesmente o tal do realismo. Agora, quanto sentimos e reagimos a tudo a
partir de imagens que nos são sugeridas por palavras extremamente carregadas de
emoções epidérmicas estamos diante do dito cujo do histerismo que, no Brasil
contemporâneo, é celebrado como consciência crítica. E põe crítica nisso.
(vi)
O hedonismo reinante em nossa sociedade, que impregna em todas
as esferas da vida contemporânea, sorrateiramente leva os indivíduos a
reduzirem a sua percepção e compreensão de toda a realidade a pequenez de sua
ânsia por prazeres que, inevitavelmente, acaba subvertendo toda a hierarquia
dos valores e desfibrando toda a sociedade.
(vii)
Uma boa pitada de modéstia no agir e no portar-se é como
canja de galinha: não faz mal a ninguém.
(viii)
A discrição não apaga nossa individualidade diante da
multidão. Pelo contrário. Ela nos destaca da turba e realça nossa personalidade
frente a eternidade.
(ix)
Poucas coisas são tão toscas quanto termos de testemunhar
pessoas sem a menor experiência da vida sendo instigadas por criaturas
maliciosas a julgarem as realidades que permeiam a vida da experiência e,
consequentemente, serem levadas a crer [criticamente] que os “seus” juízos
seriam mais sapientes do que tudo o que até então fora vivido por aqueles que
tem alguma vivência dessas realidades.
(*) Professor, cronista
e bebedor de café.
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