Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
Uma das frases mais sonsas ditas
pelas pessoas pretensiosamente sabidas é de que a filosofia de forma
particular, e a educação de um modo geral, têm por meta “ensinar as pessoas a pensarem”.
Vejam só: ensinar a pensar.
Tal afirmação, com toda sua
pompa, simplesmente diz nada com coisa nenhuma. E, assim o é, porque todo
mundo, qualquer um, sabe pensar sem que ninguém os ensine a fazer isso, da
mesma forma que respiramos, enxergamos e comemos.
O que todos nós, dum jeito ou
doutro, aprendemos com o tempo, é a pensar sobre novos temas e a abordá-los
duma outra perspectiva e/ou através de novas referências, mas não a pensar. Não
mesmo.
Aliás, quando alguém afirma que
aprender isso seria “aprender a pensar” é porque essa alminha está querendo que
os indivíduos pensem exclusivamente a partir de sua concepção ideológica do
mundo e que passem a tê-lo na conta de um guru venerável duma patacoada ideológica.
Trocando por miúdos: para esse tipo de gente, aqueles que não pensam
a partir de suas referências não pensam e por isso, seriam alienados, como eles mesmos dizem.
A afirmação de tal absurdidade
seria similar, por exemplo, a pretendermos ensinar uma pessoa a comer. Todos
sabem mandar ver junto à mesa. Aliás, um bebê, no colo de sua mãe, vorazmente procura
o ceio materno para encher sua pancinha de leite sem que ninguém necessariamente o ensine a fazer isso.
Com o tempo, ensinam-lhe a
apreciar outros manjares mais apetitosos que o leite da mamãe e modos mais
refinados para se portar à mesa nas ocasiões mais diversas e, isso tudo,
obviamente, não é ensinar a comer, mas sim, a diversificar e refinar o paladar
e instruir o sujeito sobre os tais bons modos e, penso eu, que ninguém em sã
consciência confundiria o aprendizado disso com o ato de ensinar alguém a
comer.
Porém, todavia e, entretanto, no
primeiro caso, por uma profunda presunção e prepotência, não são poucos os que
arrogam para si a missão de ensinar as pessoas a “pensar” sem ter parado - por
um momento que seja - pra pensar no que isso realmente significa, não é mesmo?
(*) Professor, cronista
e bebedor de café.
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