Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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BEM LONGE DA CIDADE DAS ESMERALDAS

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

Uma das frases mais sonsas ditas pelas pessoas pretensiosamente sabidas é de que a filosofia de forma particular, e a educação de um modo geral, têm por meta “ensinar as pessoas a pensarem”. Vejam só: ensinar a pensar.

Tal afirmação, com toda sua pompa, simplesmente diz nada com coisa nenhuma. E, assim o é, porque todo mundo, qualquer um, sabe pensar sem que ninguém os ensine a fazer isso, da mesma forma que respiramos, enxergamos e comemos.

O que todos nós, dum jeito ou doutro, aprendemos com o tempo, é a pensar sobre novos temas e a abordá-los duma outra perspectiva e/ou através de novas referências, mas não a pensar. Não mesmo.

Aliás, quando alguém afirma que aprender isso seria “aprender a pensar” é porque essa alminha está querendo que os indivíduos pensem exclusivamente a partir de sua concepção ideológica do mundo e que passem a tê-lo na conta de um guru venerável duma patacoada ideológica.

Trocando por miúdos: para esse tipo de gente, aqueles que não pensam a partir de suas referências não pensam e por isso, seriam alienados, como eles mesmos dizem.

A afirmação de tal absurdidade seria similar, por exemplo, a pretendermos ensinar uma pessoa a comer. Todos sabem mandar ver junto à mesa. Aliás, um bebê, no colo de sua mãe, vorazmente procura o ceio materno para encher sua pancinha de leite sem que ninguém necessariamente o ensine a fazer isso.

Com o tempo, ensinam-lhe a apreciar outros manjares mais apetitosos que o leite da mamãe e modos mais refinados para se portar à mesa nas ocasiões mais diversas e, isso tudo, obviamente, não é ensinar a comer, mas sim, a diversificar e refinar o paladar e instruir o sujeito sobre os tais bons modos e, penso eu, que ninguém em sã consciência confundiria o aprendizado disso com o ato de ensinar alguém a comer.

Porém, todavia e, entretanto, no primeiro caso, por uma profunda presunção e prepotência, não são poucos os que arrogam para si a missão de ensinar as pessoas a “pensar” sem ter parado - por um momento que seja - pra pensar no que isso realmente significa, não é mesmo?


(*) Professor, cronista e bebedor de café.

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