Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
Em regra, todos os pais e todas as mães que
se esquivam do dever moral de educar os próprios filhos são justamente os primeiros a apedrejar os professores pelo
estrago que eles mesmos, com sua desídia e falta de caráter, causaram aos seus rebentos.
Dum modo geral, tais alminhas, que são
pessoas crescidas, bem crescidinhas, insistem em viverem feito adolescentes
fúteis curtindo a vida com suas “ocupações”. Ocupações como ficar estrebuchado
num sofá, com seu celular, em frente à televisão ou; nalguns casos, fervendo
numa baladinha qualquer de maneira inconsequente e, tudo isso, ao mesmo tempo
em que desdenham vilmente suas obrigações morais para com seus guris. Para com seus
amados guris.
Esse tipo de gente literalmente deixa os
seus filhos ao deus-dará, pouco importando a classe social a que pertençam.
Ignoram o que eles estão fazendo no Colégio, não se importam com o que os
abençoadinhos realizam nas ruas, nas horas vagas e, inclusive, desprezam o que eles fazem debaixo
do próprio teto.
Na real, genitores desse naipe não sabem
nem quais são os programas de televisão que a piazada assiste e/ou sites que
acessam. Resumindo: são ilustres desconhecidos que vivem na mesma casa, mas que,
perante a sociedade, apresentam-se fingidamente como sendo zelosos pais e
amorosas mães que preocupam-se muito com o bem dos seus filhos (como todos
sabem, nesses casos a hipocrisia não tem limites).
Doravante, quando o mancebo apresenta um
péssimo rendimento escolar é a hora que a porca torce o rabo. Aí a figura
lembra-se que o pequeno que vive em sua casa é seu filho e, sem o menor pingo
de vergonha nas ventas, procura disfarçar a sua irresponsabilidade congênita tentando
ocultar de todos, e principalmente de si, o atentado que cometeu contra o seu
próprio rebento.
Esse tipo de figura, que todos nós conhecemos
muito bem, nessas horas de aperto, faz aquele teatrinho furibundo de genitor(a)
responsável e diz, bufando, que vai à luta pelos direitos de seu filhinho e, inclusive,
jura de pés juntos que irá até as últimas instâncias e consequências para
defendê-lo. Defender aquele cuja existência até então não a preocupava.
No frigir dos ovos, o que essa vil alma está
tentando fazer é tão só e simplesmente varrer para debaixo do tapete os frutos
pútridos de sua (ir)responsabilidade. É mais fácil, e bem mais cômodo, colocar
a culpa de tudo na escola e, principalmente, nas costas dos professores do que,
pela primeira vez na vida, agir de maneira verdadeiramente madura e
responsável.
O cinismo desse tipo de gente só não é
maior que a sua gélida capacidade de dissimulação. Capacidade essa que, junto
com outras pendengas que se acumulam em nossa sociedade, colabora significativamente
para a educação brasileira encontrar-se no estado em que está. Ou seja: de ser
a palhaçada é.
Uma diabólica e amarelada palhaçada,
diga-se de passagem, onde a bajulação tornou-se sinônimo de educação e o
intento de corrigir e educar passou a ser visto como um atendo contra a
infância.
(*)
Professor, cronista e bebedor de café.
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