Por Dartagnan da Silva Zanela (*)
(1)
Quanto mais superficiais são os pensamentos dum sujeito, mais
criticamente pensante ele se imagina ser. Quanto mais crítico ele
matuta ser, mais visível se torna sua oca soberba.
Gente assim, dum modo geral, tem opinião sobre tudo sem,
necessariamente, saber realmente alguma coisa sobre algo e, por isso
mesmo, julgam-se muito sabidas, tão espertas, tão fofas.
Pois é, somente aqui, nessa terra de desterrados que a ignorância
voluntária e presunçosa é reconhecida como fonte de autoridade
intelectual e moral. Basta nada saber e se negar a conhecer que
qualquer um está autorizado a opinar com pose doutoral.
(2)
O poder, por sua natureza, atrai preferencialmente os piores e
corrompe os melhores e esses, por sua deixa, não nos iludamos, são
pouquíssimos e frequentemente sucumbem.
Doravante, essa regra não é válida apenas para aqueles que
mergulham de corpo e alma nas fétidas vísceras das disputas pelo
poder, mas também, essa regra é certa para todo aquele que aprecia
o jogo político, contempla-o e faz dele o centro de suas
preocupações.
Nesses casos, também, as lutas políticas por si não são o solo
mais apropriado para a edificação da mansão de nosso coração,
pois, tais inquietações acabam por corromper o que há de melhor em
nossa alma e a fomentar o que há de pior em nosso ser.
(3)
É natural que as questões sobre o poder ocupem uma relativa
importância em nossa vida e que circunstancialmente furtem a nossa
atenção.
O que se torna isso, no mínimo, estranho é quando tais
questiúnculas ocupam o centro de nossa vida.
Quando isso ocorre, tornamo-nos volúveis, instáveis e, por isso
mesmo, nos tornamos tão corruptíveis quanto corruptores.
Nessa situação, vemo-nos reduzidos a condição de marionetes das
circunstâncias.
Acabamos tal qual um navegador que fixa a sua atenção unicamente na
agitação das ondas, ignorando a presença da estrela Polar e
desprezando a localização do porto seguro.
(4)
A obrigação número um de qualquer pessoa minimamente decente é
reconhecer que não presta; que não vale um vintém; que tem o seu
coração ferido pelas suas más inclinações.
Pois bem, essa, meu caro Watson, é a primeira obrigação que é
rasgada pela turminha que têm duas mãos canhotas, haja vista que
eles acreditam candidamente que suas alminhas rubras são impolutas,
puras e incorruptíveis e, por isso, imaginam que vão limpar toda a
imundice da face da terra com seu ímpeto revolucionário.
Por essas e outras que elas são pessoas vis, dissimuladas e
incapazes de reconhecer o fosso pútrido em que se encontram; elas
negam-se a reconhecer que o coração delas é tão maculado quanto o
de qualquer pessoa e, por negarem-se a tal tomada de consciência
(como eles gostam de dizer), as obras de suas intenções
supostamente imaculadas falam por elas e deixam bem claro que tipo de
pessoas são.
(5)
Uma coisa é ser um professor; outra, bem diferente, é tentar ser um e, infelizmente, nem sempre conseguimos sê-lo.
Professor, digno do título foram, são e sempre serão: São José de Anchieta, Santo Agostinho, Sócrates, Platão, Mortimer Adler, Mário Ferreira dos Santos, Olavo de Carvalho e tutti quanti.
Diante desses senhores, confesso, não passamos duma pálida imitação do que, de fato, deveria ser um professor no pleno sentido do termo.
Claro que haverá aqueles que dirão que a referência é muitíssimo elevada e, de fato, o é. Porém, justamente por tomarmos como referência criaturas de baixo quilate que a educação na sociedade brasileira, que já não era lá essas coisas, decaiu vertiginosamente.
Basta olhar para as referências, para os modelos de professor (ou educador, como muitas almas sebosas preferem) que são quistos como exemplares pra entender porque o sistema educacional brazuca encontra-se nessa lastimável situação.
Resumindo: num país onde Paulo Freire é tido como exemplo de excelência em matéria de educação não se pode esperar frutos diferentes dos que estão sendo colhidos aos borbotões em nossos pagos.
Professor, digno do título foram, são e sempre serão: São José de Anchieta, Santo Agostinho, Sócrates, Platão, Mortimer Adler, Mário Ferreira dos Santos, Olavo de Carvalho e tutti quanti.
Diante desses senhores, confesso, não passamos duma pálida imitação do que, de fato, deveria ser um professor no pleno sentido do termo.
Claro que haverá aqueles que dirão que a referência é muitíssimo elevada e, de fato, o é. Porém, justamente por tomarmos como referência criaturas de baixo quilate que a educação na sociedade brasileira, que já não era lá essas coisas, decaiu vertiginosamente.
Basta olhar para as referências, para os modelos de professor (ou educador, como muitas almas sebosas preferem) que são quistos como exemplares pra entender porque o sistema educacional brazuca encontra-se nessa lastimável situação.
Resumindo: num país onde Paulo Freire é tido como exemplo de excelência em matéria de educação não se pode esperar frutos diferentes dos que estão sendo colhidos aos borbotões em nossos pagos.
(6)
Informação é tudo? Não sei. Tenho lá minhas dúvidas.
Algumas vezes fico cá com meus alfarrábios a matutar: noutras
primaveras, que a muito se foram, muitas pessoas, com uma parca
quantidade de informações que chegava até as suas mãos,
realizavam grandes feitos e grandes obras. Se não eram grandes,
todas elas, dum modo geral, eram dignas.
Hoje em dia, na era do conhecimento, onde boleiras de informações
estão à disposição de qualquer um temos como grandes realizações
apenas uma infinidade de mediocridades que se ufanam por seus feitos
pífios e por suas obras ocas.
É simples assim. Basta abrir os olhos para constatar essa ululante
obviedade.
(7)
Todo aquele que não reconhece a sua dose de canalhice original e sua
porção ontológica de babaquice pessoal é porque, de fato, é um
canalha por inteiro, um babaca incontestável. Só isso e olhe lá.
(*) Professor, cronista e bebedor de café.
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